O Nosso Segredo

CAPITULO 9 – ALGO QUE MUDA TUDO...


Sei que eu deveria pôr um ponto final na minha relação paralela com Naruto porque não havia um futuro para nós que não fosse o de amantes. No entanto, eu não conseguiria fazê-lo com ele tão perto de mim.

Naruto sentou-se a mesa e eu o acompanhei no café da manhã.

- Você tem treino hoje? – eu perguntei para ele para romper o silêncio entre nós.

- Sim – ele respondeu e em seguida deu uma mordida na torrada, com a boca cheia de migalhas continuou falando – Mas só a tarde, e... Amanhã eu vou buscar a Hinata no aeroporto.

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Fui invadida por uma onda de ciúmes.

- Ah! Então ela virá amanhã. Agora eu entendo porque quis comprar a moto.

Naruto me olhou curioso, logicamente ele não entendera o que eu falara.

- O que a moto tem a ver com a Hinata?

- Você simplesmente não podia ficar andando com ela de um lado para outro de transporte público ou de taxi. Por isso quis uma moto. Assim você pode andar por aí a vontade com ela debruçada sobre suas costas segurando bem firme em sua cintura... - eu me calei ao notar que eu estava sendo impulsionada a falar pelos ciúmes – Desculpe, eu não deveria dizer essas coisas. Afinal, ela é sua noiva.

Eu simplesmente não queria acreditar que o Naruto e a Hinata tinham uma relação de casal verdadeira. Eu não conseguia aceitar o fato de que Naruto dormia com outra mulher; eu me fazia de tão ingênua que acreditava que apenas eu fazia sexo com o Sasuke, enquanto o Naruto e a Hinata andam de mãos dadas pelas ruas. E honestamente eu não desejava que as coisas acontecessem de outra maneira entre eles.

- Eu e a Hinata... – ele quis tentar me explicar.

- Eu prefiro não saber – eu o cortei e segui tomando meu suco de laranja.

Ao terminar o meu café da manhã, eu comecei a recolher os talheres e as louças que estavam sobre a mesa, Naruto seguia olhando para seu pote de cereal. Ele havia ficado calado de repente e seu olhar havia assumido um tom triste.

- O que foi? Perdeu a fome? – eu perguntei num tom jocoso enquanto eu andava até a cozinha.

Naruto ficou em pé e pegando seu pote de cereal levou-o até a cozinha. Ele colocou o pote sobre a mesa e ficou me olhando, quando me virei o vi parado com o olhar ainda mais triste me encarando.

- O que está acontecendo? – eu perguntei preocupado – Se for sobre você e a Hinata tudo bem... Eu entendo.

- Sakura, por que você ficou noiva do Sasuke?

- Era isso que você queria me perguntar desde que chegou, não é mesmo?

- Você ainda gosta dele?

Fiquei em silêncio, abaixei a cabeça por alguns segundos e depois voltei a erguê-la.

- Como você me pergunta se eu ainda gosto do Sasuke depois do que aconteceu entre nós quando você chegou?

Eu me referia ao fato de termos feito sexo.

- Então por que ficou noiva dele? – ele voltou a me questionar num tom de voz mais alto e mais grave.

Nós dois fazíamos um dialogo de perguntas, pois não tínhamos coragem de dar as respostas que o outro esperava ouvir.

- Por que ficou noivo da Hinata?

- Você ficou noiva do Sasuke primeiro – ele me acusou.

Deixei-me tomar por sentimentos de ira.

- E você quis se vingar ficando noivo da Hinata? – eu gritei furiosa – Saiba que eu só fiquei noiva do Sasuke porque ele se alistou no exército e vai lutar no Afeganistão!

- Ele também vai! – Naruto surpreso deixou escapar seu comentário.

Senti uma corrente elétrica atravessar o meu corpo.

- O que quer dizer com “ele também vai”?

Naruto franziu a testa, e girando os calcanhares foi para a sala. Eu o segui.

- Naruto! Eu quero uma explicação!

Ele parou próximo à janela e me encarou com tristeza.

- Sakura, eu também me alistei para o exército – ele confessou por fim – Eu voltei para o país para esperar a convocação.

O chão faltou aos meus pés e a mente repentinamente ficou vazia. Eu não fui capaz de reagir a noticia, era como se eu simplesmente houvesse me esquecido de como me movimentar e falar.

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No calendário pendurado atrás da porta da cozinha a data marcada era 11 de novembro de 2001; fazia exatamente dois meses que havia acontecido o ataque as torres gêmeas do World Trade Center em Nova Iorque. Por todo o país movimentos de amor a pátria tomava conta da população, e um desses movimentos era o alistamento de jovens para servirem o exército americano.

Quando voltei a mim, vi Naruto me segurando pelos braços e me olhando com ternura.

- Sakura, você está bem?

Eu o empurrei para que ele se afastasse de mim.

- Não me toque! – eu gritei

- Sakura, eu sei que você não vai entender que...

Eu o interrompi.

- Eu entendo. Aliás, eu entendo tudo agora. Você voltou para o país para se alistar e não porque queria viver comigo – eu ri sem jeito – Que boba que eu sou. Como você poderia querer morar comigo quando ficou noivo da Hinata? Mas porque quer tanto contar a verdade? Ah, sim. Para você não via fazer diferença se as pessoas souberem do nosso segredo porque, afinal, você pretende morrer em meio à guerra...

- Não! – ele gritou me fazendo calar – Eu te amo, e não quero mais esconder isso.

- Se realmente me amasse, então não iria para a guerra!

- Eu quero lutar para proteger o nosso país

Aquela era a frase dita por todo o jovem americano que se alistava no exército.

- Proteger o nosso país?! Você vai morrer se for para lá!

Eu estava furiosa com ele.

- Eu vou voltar, Sakura.

Não consegui acreditar no que ele dizia, e deixando na sala, eu subi para o quarto. Ao descer notei que Naruto não estava mais em casa.

No final da tarde, eu me encontrei com Sasuke no centro de treinamento do Konoha Hockey Club, mas Naruto não estava lá quando eu cheguei. Fiquei com meu noivo um tempo conversando e olhando-o treinar mais um pouco.

Ao sairmos do Konoha Hockey Club vi que já era noite e chovia bastante. Não havia relâmpagos e nem trovões, por eu me sentia tranqüila.

- Quer uma carona? – eu perguntei para Sasuke que estava de moto.

- Não – ele me respondeu – Se cuida.

Ele me deu um selinho e colocando o capacete saiu na chuva em direção a sua moto. Eu entrei no carro e me preparei para voltar para casa. Liguei o rádio do carro na estação de noticias e escutei:

\"Informamos que houve uma queda barreira na estrada da costa que leva ao centro. A estrada está interditada. De acordo com as informações que recebemos alguns carros que passavam pelo lugar na hora do deslizamento foram soterrados. Não há noticias de sobreviventes\"

Aquela era uma estrada muito perigosa e em tempos de muitas chuvas, os deslizamentos e acidentes aconteciam com muita freqüência; e eu sabia bem disso porque foi nessa mesma estrada que meus pais haviam morrido.

O trânsito estava um caos por conta do ocorrido.

- Pobres pessoas, será que eles precisam de ajuda? –fiquei solidarizada com as pessoas.

Desde que me formara médica eu tinha uma inclinação pela prática da medicina em situações de risco. Eu desci ir até o lugar ajudar as pessoas, no entanto no caminho até a costa só encontrei mais transito.

Retirei o celular da bolsa e verifiquei se o sinal da antena estava indisponível.

- Sem sinal. Que droga!

Voltei a colocar o celular na bolsa.

Cheguei a minha casa bem mais tarde do que o que eu esperava chegar. Lembrei que Naruto deveria estar preocupado comigo, uma vez que ele sabia que hoje eu passaria pela estrada que ladeava a costa onde ocorreu o deslizamento na volta do hospital.

- Espero que aquele idiota não tenha resolvido assistir ao noticiário justo hoje.

Naruto não era do tipo que se prendia a noticiários de televisão, e por isso eu duvidei que ele estivesse sabendo o caos que estava à cidade. Acionei o controle da porta da garagem e ao entrar com o carro, tive a certeza de que ele não estava em casa, pois a moto dele não estava lá.

Saí do carro e entrei pela cozinha, passando pela sala, larguei a minha bolsa sobre o sofá e subi as escadas correndo; fui até o quarto dele. Abri a porta e constatei que não havia ninguém ali. Desci novamente e fui até a minha bolsa, peguei meu celular e procurei o número de telefone dele.

Para o meu desespero, ele não atendeu.

- Deve ser por causa do sinal fraco – culpei a chuva.

Não liguei para nenhum amigo ou conhecido porque tive medo que eles me dissessem que Naruto não estava com eles. Seria melhor se eu acreditasse que ele estava em algum lugar a salvo do temporal e do caos que estava a cidade.

Caminhei até a enorme janela da sala e apertei o celular com a mão direita. Fiquei olhando a forte chuva que caia.

- Naruto, onde você se meteu?

Eu pensava em tudo, ao mesmo tempo, que eu desejava não pensar em nada.

Sentei-me no sofá e deitei o meu tronco sobre as travesseiras.

Eu vi os faróis da moto através da janela, e num sobressalto me pus em pé. Antes que eu pudesse ir até a garagem, eu o vi entrando na cozinha e vindo para a sala.

- Naruto, onde você estava? – eu perguntei nervosa.

Eu vi que os olhos dele estavam arregalados e a boca dele estava semi aberta como se ele quisesse falar alguma coisa e não conseguisse. Eu continuei falando.

- Onde você estava? Eu estava preoc...

Não consegui mais falar. Os braços fortes e protetores dele me envolveram em um abraço apertado e úmido, a roupa dele encharcada molhou meu vestido.

- Hey, você está me molhando! – eu reclamei num tom de voz choroso, repentinamente eu havia sentido vontade de chorar.

Meus olhos estavam tão úmidos quanto as roupas que ele vestia.

Naruto colocou a sua mão na lateral do meu pescoço e diminuindo a intensidade do abraçado, afastou-se um pouco do meu corpo e me olhou com ternura.

- Eu pensei que você estava lá... Eu tinha que ir até lá...

- Onde é lá?

Eu imaginei qual era o lugar, mas eu só quis confirmar.

- Eu fui até onde aconteceu o deslizamento. Havia tantos carros, terra... E pessoas mortas.

Senti a mão dele que estava em meu pescoço tremer por conta do nervosismo.

- Agora sabe como eu vou me sentir quando você estiver no meio da guerra... – balancei a cabeça e diante do olhar de medo dele decidi não me estender mais no assunto do alistamento - Eu acabei pegando transito, e por causa da chuva não havia sinal no celular...

Tombei a cabeça para frente e colei meu nariz ao dele. Nossos olhos se fixaram um no outro, e sem que percebêssemos, começamos a nos beijar.

Nossas mãos paralelas ao corpo se entrelaçaram, e nessa hora Naruto rompeu o beijo. Olhei rapidamente para a mão que ele a pouco segurara e notei que aquela era a mão que estava o anel de noivado que Sasuke me dera.

- Eu vou me trocar – disse ele se afastando – Que bom que você está bem.

Ele subiu para o quarto e eu fiquei um tempo mais na sala antes de subir também.

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- Naruto...

Balancei a cabeça num sinal de reprovação.

- Acho que vou tomar um banho e me trocar – eu disse baixinho para mim mesma.

Subi as escadas e ao passar pelo quarto dele vi que a porta estava parcialmente aberta, escutei o barulho do chuveiro ligado.

Não entrei, fui para o meu quarto. Tomei um banho e coloquei um conjunto de calça e blusa rosa de pano. Olhei para a porta do quarto, e não consegui reprimir o desejo de ir até o quarto de Naruto; ainda chovia muito forte.

A porta estava aberta, mas ele não estava lá. Sentei-me na cama e o fiquei esperando, depois de poucos minutos ele apareceu vestindo umas largas bermudas laranja e uma regata preta. Vi que ele ficou surpreso por me encontrar ali, mesmo assim passou por mim e foi até a janela. A fim de quebrar o estranho gelo que se formara desde que ele rompera o nosso beijo, Naruto virou-se para mim e abriu um sorriso divertido.

- Hey Sakura, está com medo dos trovões?

Eu cruzei os braços e emburrei.

- Não está trovejando.

O sorriso desapareceu de seu rosto.

- Você quer dormir na minha cama? – ele me perguntou meio sem jeito.

Era difícil dizer que eu não desejava estar sob a proteção dos seus braços.

Eu me levantei e olhei-o nos olhos.

- É assim que vamos ficar até que você vá para a guerra?

Naruto deu as costas para mim e fingiu olhar a chuva através do vidro da janela.

- Sakura, eu queria que entendesse que a minha decisão de ir para a guerra não é porque eu não te amo...

Aquelas palavras me mostraram a dor que ele sentia por nossa situação. Uma lágrima escorreu por minha bochecha

Atravessando o quarto, Naruto veio para perto de mim. Tocando minha face com a ponta dos dedos ele acolheu a lágrima que recém caíra.

- Eu não queria que sofresse desse jeito – ele disse num tom de voz baixo.

Eu afastei a mão dele do meu rosto. Como doía amar tanto alguém, como doía precisar tanto de alguém como eu precisava do Naruto.

- Então por que não faz nada para aliviar o meu sofrimento? Você sabe que a única pessoa que eu tenho no mundo.

- Eu pensei que você iria se casar com o Sasuke... – ele tentou se defender - Eu não sabia que o Sasuke também havia se alistado.

- Nem por um momento você pensou em nós... Por que não me contou que queria se alistar?

- Sakura, você nunca me deixaria fazer isso.

- É melhor terminarmos de uma vez – eu disse num ímpeto.

Ele me olhou pasmado. Continuei falando.

- Nunca vai dar certo entre nós desse jeito. Foi só você entrar de novo na minha vida que o meu mundo desmorona.

Senti seu braço livre envolver minha cintura e me puxar para mais junto de seu corpo. Minhas mãos se apoiaram no peito dele.

- Eu vou contar a todos a verdade, Sakura. Nós não precisamos terminar. E quando eu sair do exército daqui a dois anos, nós vamos ficar juntos.

Meu coração disparou de susto ao ouvi-lo dizer aquilo. Empurrei-o para trás e me soltei de seu abraço.

- Não... – eu balancei minha cabeça e o tom da minha voz ficou mais alto – Incesto é crime – fiz questão de lembrá-lo – Mesmo que nós sejamos apenas meios-irmãos...

- Nós não somos irmãos! – ele gritou com raiva e em seguida amenizou o tom de voz - Foi isso o que você disse...

Novamente meu coração saltou em meu peito. Abaixei minha cabeça e fiquei olhando para o chão.

- Você jurou que não diria nada – eu repliquei nervosa.

Ele abaixou a cabeça e depois voltou a levantá-la.

- Eu te amo, e não vou ficar vendo você sofrer desse jeito.

- Eu... Eu menti... – ergui a cabeça e procurei encará-lo com seriedade.

- O que é mentira?

- A verdade é que eu estava apaixonada por você e queria que você também dissesse que me amava... Só que você não diria isso a menos que soubesse que nós não tínhamos nenhum parentesco.

- Eu acreditei que... – ele parecia decepcionado.

- Que nós não éramos irmãos... Era mais fácil me amar sabendo que não havia o mesmo sangue correndo por nossas veias, não é mesmo? Mas a vida não é desse jeito. Nós somos irmãos, meio-irmãos... Por isso você não pode contar nada a ninguém...

- Isso não verdade! – ele rebateu de repente.

- O que foi Naruto? É mais fácil acreditar que nós não somos irmãos do que nós somos?

- Sakura, eu não gosto de pessoas que mentem para si mesmas. Você me disse que nós não éramos irmãos e que esse deveria ser o nosso segredo.

- “O nosso segredo” servia para nos manter unidos, mas agora que você vai embora nada disso faz mais sentido.

Eu saí do quarto sem dizer mais nenhuma palavra. Eu havia criado “o nosso segredo” para que ele jamais contasse a verdade para as pessoas, era uma maneira de controlar a impulsividade de Naruto ante a situação, no entanto, desde que eu soubera que ele havia se alistado para a guerra não fazia mais sentido se a verdade era que nós éramos irmãos ou não, pois o sentimento de que eu estava perdendo algo valioso demais para mim era igual não importando qual fosse a verdade.