Meu Anjo Vampiro

Capítulo 25 - Lua Nova


Por Isabella Swan

O eco da sexta badalada soou por toda a grande praça e adentrou nos meus ouvidos. Senti o ar entrar rasgando nos meus pulmões. Eu estava ficando sem tempo. Em pânico, olhei ao meu redor, tentando focalizar a grande torre do relógio, bem ao centro da praça. Estava inacreditavelmente longe ainda. Como em resposta a essa constatação, senti minhas pernas amolecerem debaixo de mim. Mas eu não iria desistir.

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Sem tirar os olhos da torre, eu voltei a correr, a cair, me levantar, esbarrar nas pessoas e ignorar seus protestos em italiano. Eu não tinha tempo para tentar ser educada. Havia coisas mais importantes que me preocupavam, como salvar uma vida.

A sétima badalada soou. Eu caí como se a repetição daquele som tivesse algum poder físico sobre mim e quisesse mesmo me impedir. Rezei para que a dor nos meus joelhos não viesse acompanhada de sangue. Aquilo definitivamente seria um problema estando numa cidade infestada de vampiros e correndo para encontrar um.

Encontrar Edward e salvar sua vida. As nossas vidas, corrigi. Meu coração pulsou forte, expulsando o ar em meus pulmões e os buracos em meu peito arderam. E depois dessa espécie de sinal, eu vi. Vi e senti como seria uma vida sem Edward. Não exatamente sem ele ao meu lado, mas como se... Se ele morresse porque eu não consegui chegar a tempo.

Senti o gosto de nosso ultimo beijo regado a lagrimas. Vi a fumaça densa e arroxeada do fogo que queimava o seu corpo. Fui ao seu enterro e depositei uma rosa branca em sua lápide. Peguei a arma que meu pai escondia no guarda roupa e apontei-a na minha cabeça. Ouvi a voz de Edward implorando para que eu não fizesse aquilo. Acordei num hospital. Chorei com Alice a morte do seu irmão. Quebrei o espelho do banheiro e peguei um dos cacos afiados para cortar a veia do meu pescoço e sangrar até morrer. Ouvi a voz de Edward de novo, vi seu reflexo no espelho. Sorri, ao perceber que mesmo depois da morte ele estava ali comigo. Voltei para casa e senti sua ausência mais gritante do que nunca. Comecei a me tratar com psiquiatras e a tomar remédios controlados fortíssimos. Gritei por Edward. Fui buscá-lo, me atirando do penhasco de novo. Renasci, quando abri os olhos e o vi na minha frente, com vincos negros no rosto e nas mãos, mas vivo. Vivo! Fugi com ele até uma casa de campo dos Cullen e unimos nossas almas fazendo amor. Encontramo-nos com Deus e soubemos que naquele dia, a meia noite, o tempo voltaria e nos esqueceríamos de tudo aquilo. Teríamos uma segunda chance.

Eu não sei dizer como e porque, mas eu vi, enquanto a oitava badalada adentrava nos meus ouvidos. E eu acreditei naquilo. Foi tudo verdade, mesmo sendo inacreditável. E agora estávamos tendo uma segunda chance para ficarmos juntos sem infringir nenhuma das regras de Deus. E estava tudo nas minhas mãos.

Traguei o ar com força. As imagem da minha outra vida ainda preenchiam a minha mente e eu me concentrei nelas. Iria fazer delas o meu combustível para que eu pudesse ter forças para chegar a tempo até Edward. Eu não o deixaria morrer. Não deixaria que aquelas imagens se tornassem reais. Elas ficariam apenas ali, guardadas na minha mente como uma prova do quão forte é o nosso amor e eu não as esqueceria. Eu sabia que ainda passaria por muitas coisas ao lado de Edward e que seria bom sempre lembrar de que tudo era possível porque nos amávamos. Como a Lua que nunca ignora os seus ciclos anteriores e sempre recomeça, eu faria o mesmo: não esqueceria o meu futuro-passado, mas sabia que ele era importante para que eu tivesse forças para continuar.

E só dependia de mim para que a minha Lua Nova começasse, levando consigo todo um passado de escuridão.

A nona badalada soou.

Coloquei mais velocidade nas minhas pernas, mas mesmo assim não era o suficiente. Parecia que eu estava presa naqueles sonhos, onde você tem que correr, tem que fugir, mas não consegue. Não importa o quanto você se esforce, ainda parece que você está correndo em câmera lenta, por mais que seja preciso se salvar.

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Mas naquele momento, eu não estava correndo para salvar a minha vida no sentido literal. Eu corria para salvar algo muito mais importante e que estava diretamente atrelado com isso. Eu corria para salvar Edward e impedir um futuro desastroso para nós.

Dez badaladas.

Agora a torre do relógio já estava bem maior aos meus olhos. Eu quase sorri com isso, mas estava cansada de mais e respirar era mais importante. Havia ainda um grande obstáculo no meu caminho: uma enorme fonte pairava bem no centro da praça. Olhei rapidamente ao meu redor. O caminho contornando a fonte era muito maior e o meu tempo estava acabando.

Comecei a correr diretamente para fonte. As pessoas olhavam para mim como se eu fosse louca. Mas não importava. Saltei a mureta da fonte que impedia a água de cair e comecei a correr dentro dela. A água gélida e até meus joelhos dificultava ainda mais o movimento das minhas pernas.

Eu já podia ver bem de perto a torre. E bem abaixo dela, envolto pelas sombras estava Edward. Quase senti meu coração parando ao ver ele ali, tão perto. Tão real. Vivo.

Onze badaladas.

Meu coração pulsou tão forte quanto o detestável som grave que ecoava em meus ouvidos. Meu tempo estava acabando. Desesperada, comecei a gritar, rezando para que ele acreditasse que a minha voz era real.

– Edward! Edward!

Vi um sorriso crescer em seu rosto impossivelmente mais pálido do que de costume. Ele já podia me ouvir, eu tinha certeza disso. Mas ouvir-me ainda não era o suficiente para ele acreditar que era real.

– Edward! Não... – Cai enquanto gritava-lhe sem fôlego – Não faça isso!

Finalmente cheguei até o outro lado da fonte. Saltei-a e continuei correndo. As pessoas agora saiam do meu caminho para não se molharem, embora eu as visse apenas com a minha visão periférica, porque ele era tudo o que realmente me importava ali. Edward deu um passo em direção ao Sol do meio dia. As mãos desabotoando sem pressa a camisa e os olhos fechados.

Eu já quase podia sentir o peso do fracasso dobrado cair sobre meus ombros. E a dor já vivida por perder-lhe uma vez voltou, rasgando meu peito. Eu estava fracassando...

Mas eu não podia. Porque Edward estava ali ainda. Vivo. E deveria continuar assim, para que eu pudesse ao menos respirar sem sentir dor. Para que aquela outra vida, não se tornasse a minha realidade.

Edward levantou uma perna para dar um passo em direção ao Sol.

– Não! Edward não!

Ainda mergulhada nas memórias daquela outra vida, eu me atirei em sua direção. O eco da décima segunda badalada soou em meus ouvidos. Eu sorri aliviada. Havia conseguido afinal. O choque entre nossos corpos foi tão grande, que eu só não caí, porque Edward me segurou forte em seus braços.

– Paraíso. – ele disse e eu quase desmaiei por estar ouvindo a sua voz depois de tanto tempo.

Edward sorria linda e tranquilamente, como um anjo que retorna ao seu lar. Aquilo tornava mais difícil acreditar que ele era mesmo real. Passei minhas mãos por seu abdômen, peito, até chegar ao seu rosto. E sim, ele estava ali.

– Foi tão rápido... Fácil até.

Eu sabia que ele achava que só tinha me encontrado por ter morrido também. Já havíamos passado por isso uma vez, só que a situação era inversa. A lembrança fez a felicidade do reencontro se multiplicar, fechando assim todos os buracos em meu peito. Eu não estava totalmente curada, mas como se nunca tivesse sido ferida. E aquilo era mais do que eu podia pedir.

– Edward... Abra os olhos. Eu estou aqui e ainda estamos vivos.

Ele fez o que pedi. E quando nossos olhares se encontraram, eu pude ver nossas almas refletirem-se. E eu soube que ele também se lembrava.

FIM*

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* “Meu Anjo Vampiro" terminou. Mas a história de Bella e Edward ainda continua a partir do livro “Lua Nova” – cap. 20. Volterra, pág. 208. §A compreensão foi...

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.