Pegamos um ônibus e fomos pro hospital, quando chegamos achei minha mãe e a abracei, Enzo abraçava minha vó.

- O que aconteceu?

- Seu avô teve um infarto, mas já esta tudo bem, vai ficar aqui por alguns dias, mas já está melhor.

Eu e Enzo ficamos aliviados, meu deus, meu avô teve um infarto! Não posso perder meu avô, é meu vovozinho. Fiquei tão assustada, eu quero vê-lo.

- Mãe posso vê-lo?

- Vô? - chamei, ele abriu os olhos e sorriu ao nos ver.

- Oi filho, oi minha princesa.

- Você ta bem pai? - falou Enzo segurando minha mão, e a mão dele. Ele não era se me tocar, mas eu deixei.

- Estou sim, vou ter que ficar aqui por uns dias, mas logo, logo estarei em casa.

- Vai sim vovô, teu jornal te espera. - sorri

- Sempre minha linda - falou, rindo.

- Fiquei tão assustado pai.- falou Enzo se aproximando dele e o abraçando. Nessa hora percebi que Enzo não era aqueles garotos tapados sem sentimentos, ele ali, me provou que era muito mais que isso, ta, meu tio é legal, admito.

- Estou bem meu filho, não fique preocupado, to bem, serio.

- Não sei o que seria de mim sem você pai.

Eu vi lagrimas escorrendo pelo rosto dele? É eu vi, e choquei. Cara eu tava vendo Enzo Massari chorar, coisa inédita.

- Acho que sim.

Ela falou com uma enfermeira que tava lá e ela me levou e bom, Enzo foi também vê-lo.

Abri a porta e ele dormia. Me aproximei com Enzo ao meu lado, ele tava assustado e não falava nada.

Ficamos no hospital ao lado do meu avô a hora de visita todo, ele dormiu e eu e Enzo ficamos em silencio, não sabíamos o que falar, ele por ter chorado na minha frente e eu bom, não sabia como falar com ele agora, nem queria, ia falar besteira mesmo, e não estávamos com espírito pra isso.

- Com licença, mas o horário de visita acabou, terão que ir. - falou a enfermeira entrando no quarto.

Antes de sair demos um beijo em meu avô e pai dele ne. E saímos.

Encontramos nossos pais la fora e fomos pra casa, todo mundo pra casa da minha vó.

****

Chegamos na casa da minha vó e eu fui pro meu quarto. Me deitei na cama e fiquei pensando no que aconteceu hoje, em Enzo segurando minha mão, confessando que tava assustado na minha frente, chorando na minha frente, o que achei estranho. Qual é, ele é o garoto mais sem sentimentos que eu já vi e não se importou de demonstrar que é ao contrario pra mim, a pessoa que mais o despreza.

Ouvi uma batida na porta e falei pra entrar, quando vejo quem é me deparo com Enzo na minha frente:

- Oi - falou, entrando e fechando a porta

- Oi, ta tudo bem? - me sentei na cama para ve-lo melhor.

- Mais ou menos.

- Senta ai - falei, dando espaço para que sentasse de frente pra mim na cama. - Ficou com medo ne? - perguntei, quando ele se sentou.

- Muito.

- Também fiquei.

- Não sei o que eu faria sem ele Gabi, é meu pai cara.. É .. Sei lá.. - falou, abaixando a cabeça.

- Eu entendo, também ficaria assim se algo acontecesse com meu pai. É seu pai e meu avô ne?

- Poisé, o que é estranho.. Mas sabe, eu fiquei mais tranqüilo com você lá comigo. - falou, me olhando.

- Por que? Não fiz nada.

- Você não se afastou quando segurei sua mão.

- Não.

- Porque?

- Por que eu também precisava de alguém segurando minha mão.

- Mesmo que tivesse sido eu?

- É, você tava lá ué.

- Mas você não gosta de mim.

- Não é que eu não goste de você, só não gosto de quem você tenta ser.

- Como assim?

- Não era o Enzo que eu conheço naquele hospital hoje. Você chorou na minha frente, qual é, nunca pensei que fosse te ver chorando...

- Foi um cisco, só isso.

- A vá, confessa que chorou

- E se chorei, o que tem demais?

- Nada, só me surpreendi. Vi que tem algum cara sensível ai dentro de você

- Vai te catar Gabriela. - falou e depois riu

- Ah, vai admiti que é sensível. - falei, rindo também

- Não, não sou, é meu pai o que você queria?

- Tudo bem, mas você é sensível.

- Cala a boca.

- Vem calar seu grosso.

Antes que ele pudesse fazer alguma coisa, tentei me levantar da cama, mas foi totalmente em vão, ele me agarrou pela cintura me deitando na cama, e começou a fazer cócegas, e como vocês bem sabem, eu quase morro quando

fazem cócegas em mim, e digamos, achatei minha bunda no chão de novo.

- HAHAHA, foi mal - falou, rindo me ajudando a levantar do chão. Eu o puxei e ele caiu em cima de mim, me esmagando.

- Sai de cima de mim, você é pesado! Tô ficando sem aaaar

Ele definitivamente não saiu de cima de mim, parei de me debater por que vi que não ia adiantar nada, olhei para ele o fuzilando, ele sorriu com deboche.

Aos poucos foi se aproximando de mim, e antes que eu pudesse fazer algo, me beijou.