2 anos depois...

POV Gabriela

Cá estou eu, esperando numa fila de alunos para receber meu diploma. E eu lá quero esperar para receber um papel?! Tudo bem que é importante e vai dizer pra Deus e o mundo que, óó eu me formei, mas preciso mesmo usar esta roupa ridícula e este chapéu com esse treco branco balançando na minha cara pra receber um papel!?

Amém minha vez. Subi na parada, peguei meu diploma, ouvi minha mãe e o Bê batendo palmas e gritando meu nome, pude ouvir até o Otavio gritando como um louco. 1 ano e 6 meses e já é histérico como os familiares, coitado.

Desci do outro lado e me sentei junto aos meus colegas, passar numa faculdade publica da Califórnia não é nada fácil mas, bom, eu sou demais quando quero. Ainda mais pra área que eu quero. Direito. Pelo que me falam, serei uma ótima advogada.

Eric pegou o diploma dele e se sentou ao meu lado, passou pra faculdade de Arquitetura.

Palmas para mim, tenho um namorado arquiteto!

A entrega dos diplomas encerrou, subimos no palco novamente e chegando a hora que eu tanto esperava, peguei aquela porra de chapéu que não serve pra nada além de fazer-nos ficar com caras de bocós, o tirei da cabeça e o joguei, como tantos outros. Aos berros, é claro.

Fui até minha mãe e Bê, peguei Otavio no colo e Eric veio ficar ao meu lado.

- Mão, vai ter festa agora, nos vemos a noite.

- Não chega tarde.

- Tenho 18 já, pode parar.

- Gabriela..

- Vo ta com o Eric. - olhei pra ele, ele sorriu e piscou.

- Tá, vão logo - ela pegou o Otavio. Dei um beijo em todos e sai correndo com Eric, subi num carro onde meus amigos nos esperavam e partimos pra festa.

POV Juliana

Vê-la partir assim, depois de formada, crescida e responsável foi de partir meu coração. Deixar minha garotinha ir seria difícil mas, é a vida dela, e ela tem mais é que ir em busca de seus objetivos e sonhos.

- Eles crescem rápido não é? - perguntou Bê.

- Demais.

- Fala ai pai. - disse Noah aparecendo com Alice.

- Oi filhão. - se abraçaram.

- Cadê a Gabi?

- Perguntou Alice.

- Foi pra festa.

- Ah, vamos Noah, vamos encontrá-los lá. - eles então se despediram e foram pra tal festa também.

- Como é ser mãe de uma formanda?

- Uma bosta. - Bê riu de mim.

- Sinto o mesmo. - rimos juntos e fomos pra casa.

Aqueles anos, aqueles meses, a cada dia e hora que passa, sentir que tudo que você passou, que tudo que você viveu, teve um propósito, teve uma importância, uma simples e breve explicação.

Ver que você passou por altos e baixos, por tristes e felicidades, por sentimentos presos ou livres que lhe fizeram enxergar que a vida é mais do que isso, faz de você um guerreiro. Faz de você um lutador, um sobrevivente, um mero mas não menos importante, ser humano.

Sua vida, seus acasos e casos, as ruínas proporcionadas por falhas, por momentos que fizeram você errar, te faz ver com outros olhos, que nada foi em vão. Nada.

E agora, vendo minha vida passar num flashback, notei que todos os sentimentos, sensações, perdas, brigas, emoções, surpresas, sustos, alegrias, tristezas, tudo que você sente e pensa, e mentaliza para si, foram só uma partícula, de tudo que passei, e pude então comprovar, que é mais uma de muitas que estão por vir.

Por que não é a toa que nessa vida em que fui a rebelde, a filha, a esposa, a mãe, a ex-mulher... Ter tudo isso de novo, é mais do que um presente, é uma nova oportunidade, de viver.

Por isso, aqui e agora, vendo minha filha crescer e ser aquele tipo de pessoa que eu sempre quis que ela fosse, responsável, alegre, e de bom caráter, é que lhes digo...

“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.”

Charles Chaplin

The End