Percy Jackson e o Exército das Empousa
A profecia se cumpre
PDV NATALIA
Acabou. Enfim, eu vou ter paz. Agora me sinto vingada pela minha mãe, minha irmã, pela Rachel e pela Gabi. Espera, a Gabi. Os outros ainda não sabem.
Senti um vento levantar meus cabelos e a garra de uma empousa passou bem perto do meu rosto. Segundos depois ela virou pó, graças ao arco e flecha de Ranielly.
Me levantei e voltei para a batalha que graças a Zeus já estava no fim. Mas, eu não sei se quero que ela termine agora. Porque assim que terminar, eu precisarei contar a todos.
PDV EDUARDO
Eu enxerguei bem? Karina morreu? E foi a Naty que matou? Uau. Fico feliz por ela, talvez agora ela esteja se sentindo melhor em relação a mãe e a irmã. Só tem uma coisa que não deixa de me preocupar. Eu não vejo a Gabi em lugar algum, mas também tem outra coisa. Felipe nos deixou durante a batalha. Não, calma, ele não morreu. Ele fugiu. Disse que recebeu um chamado importante do pai e que estava se mudando de última hora para o Canadá.
Fiquei desapontado com a atitude dele, mas ele disse que Hermes estava com sérios problemas. Estava lutando lá e foi essa a razão da repentina mudança. Mas, é o Felipe, né? Ele matou pelo menos umas 20 empousa no caminho até a saída.
Me esquivei de um ataque e cravei a espada nas costas de uma empousai. Cruzei lâminas com uma que tentou me morder. Caí de joelhos, mas consegui feri-la na perna. Ela caiu no chão à minha frente e eu cravei a espada em seu peito.
Senti uma presença atrás de mim e girei o corpo, ficando apoiado em um joelho, enquanto cortava uma empousa que tinha uma espada em punho, pronta para me matar. Ela explodiu em poeira e um vento quente soprou nos meus cabelos. Me levantei e olhei em volta. Ninguém mais lutava e não havia mais sinal do inimigo. Eu havia matado a última delas.
PDV NATÁLIA
Olhei para todo o local. Campistas abaixavam suas espadas espantados. Dezenas de corpos jaziam no chão e alguns estavam gravemente feridos. Os rostos dos mortos não me eram familiares. De nenhum, menos uma.
- Rachel.
Joguei a espada no chão e fui correndo para onde ela estava. Tinha um ferimento causado por espada no centro do peito que sangrava muito. Sua respiração era rápida e pesada e ela quase não conseguia manter os olhos abertos. Eu tremia.
- Rachel, fica calma, vai ficar tudo bem.
- Naty, você é minha melhor amiga. Se acontecer alguma coisa comigo, quero que saiba que eu te amo.
Ela quase não respirava e tremia ainda mais do que eu:
- Nada vai acontecer com você, tá? Alguém me ajuda aqui? - gritei
Dez filhos de Apollo vieram correndo nos socorrer.
- Pode deixar com a gente. Tem uma carruagem solar lá fora, nós vamos leva-la para o hospital.
- Tá. Muito obrigada. Fica calma, Rachel. Vai dar tudo certo.
Ela assentiu e eu a levantei, apoiando seu peso em meus ombros. Passei ela para os filhos de Apollo e rezei para que eles conseguissem salva-la. Uma lágrima escorreu pelo meu rosto enquanto senti um braço passar pelos meus ombros. Olhei para trás e não vi ninguém. Apenas senti uma brisa leve e morna e vi a faca de Kaio Solary no chão. Gabi. Estava na hora de eu contar.
Peguei a faca do chão e fui entregar pra ele. Kaio estava abraçando Annabeth, em seguida deu um demorado abraço e um beijo em Rany e me abraçou também. Com um sorriso no rosto ele me soltou:
- O que foi, Naty? Parece estar triste. Olha isso, estamos todos aqui.
- É... E-eu, eu acho que isso é seu.
Entreguei a faca pra ele esperando que ele entendesse. O restante dos campistas comemorava com sorrisos e abraços, mas o sorriso sumiu do rosto de Kaio:
- Eu entreguei a faca pra Gabi. Falando nisso, cadê ela?
Eu abaixei a cabeça esperando que ele entendesse meu silêncio. Eu não queria falar o que tinha acontecido.
- Naty, cadê a Gabi?
O restante dos campistas começava a entender o que tinha acontecido. Annabeth abraçou Percy e começou a chorar. Karina Solary também deixou algumas lágrimas escorrerem junto com Rany.
Kaio parecia ligeiramente abalado:
- O... o que aconteceu? - ele perguntou
- A segunda profecia. A que dizia: uma escolha deve ser feita morrer ou matar. Ela se referia a nós duas. Gabi estava prestes a cair do penhasco, e eu tentei salva-la. Se eu a salvasse, eu morreria. Ela escolheu me deixar viver. Ela soltou a minha mão.
Quando percebi já chorava ao lembrar da cena, assim como alguns outros. Kaio pareceu abalado, mas não demonstrou, apenas me deu um abraço:
- Tudo bem. O que importa é que você está aqui.
Nós nos separamos.
- Gente, falando em profecia - disse Rany - Nós três ainda estamos aqui. Então... o que os versos queriam dizer?
Eu olhei para o chão onde antes eu tinha deixado minha espada. Ela não estava mais lá.
- Gente, cadê minha espada?
PDV ANNABETH
Vi uma sombra se mover muito rapidamente atrás de Percy. Os olhos sombrios e rubros de Perséfone me fitaram por um segundo. Ela estava com a espada de Natália em mãos e se movia rapidamente em direção à Percy, que estava de costas para a deusa. Eu não tinha tempo para pensar. Apenas me joguei na frente dele:
- Não.
PDV PERCY
Quando me virei só tive tempo para entender o que tinha acontecido. Perséfone tinha cravado a espada no centro do peito de Annabeth. Ela soltou a espada e Annabeth caiu nos meus braços, tremendo e sangrando. Segurei seus ombros e a coloquei no chão:
- Annie... tá tudo bem, você vai ficar bem, sabidinha... ai meu Deus.
- Percy... você ia morrer, eu não podia...
- Fica quieta, Annie. Poupe seu fôlego. ALguém me ajuda aqui.
Karina, Natália e Ranielly vieram tentar ajudar.
Perséfone gargalhava:
- Ficou feliz Percy? Sabe, eu ia matar você, mas vou deixar você viver com a dor da perda e a dor da culpa.
Senti a raiva tomar meu corpo e não sei como, mas consegui sentir a mudança da cor dos meus olhos de azul para preto. Peguei a espada de Natália e ataquei. Ela se defendeu com outra espada. Travei lâminas, furioso. A cada choque das espadas, saíam cada vez mais faíscas. Girei tentando acertar o pescoço, ela esquivou e cortou minha barriga, rindo. Eu não liguei para o sangramento, acertei seu rosto, seu braço e sua perna.
Ela parou de rir e com um tapa me jogou a metros de distância, fazendo a espada sair da minha mão.
Me levantei, sentindo mais raiva do que nunca senti na vida. Foi quando aconteceu. A água explodiu de todos os cantos e paredes. As ondas eram fortes e incontroláveis. Ordenei que todas fossem na direção dela, mas era Perséfone. Não seria tão fácil assim. Ela invocou o poder que tinha. Ela era a deusa da Primavera. Plantas e flores negras surgiram de todo lugar, em um piscar de olhos, formando uma barreira contra a água.
Eu podia ouvir a gargalhada cruel dela do outro lado. Mas, eu não podia desistir, continuei tentando, mas era inútil. As plantas tinham mais força do que eu pensava. De repente o fogo acendeu em todos os cantos, acima da água. Em uma explosão cuidadosamente calculada a sala se enxeu de laranja e azul. A visão do fogo flutuando sobre a água seria linda, se eu não estivesse interessado em outra coisa.
Kaio Solary queimou a parede de Perséfone. Ela se viu assustada e sem saída e eu não tive piedade. As ondas avançaram em direção a ela. Não sei por quanto tempo mantive a água sufocando-a, mas foi mais do que o suficiente para ela morrer. Porém, estamos falando de uma deusa. Mas, Perséfone é uma deusa renegada. Ela pode morrer. De acordo com as novas leis de Zeus.
Soltei a água, que rapidamente evaporou, revelando uma Perséfone sem forças e encharcada no chão. Ela lutava para respirar. Peguei uma espada no chão e fui na direção dela:
- Não, Percy. Por favor, não. Não me deixe morrer aqui, por favor.
- Você pensou nela? Pensou na Annabeth? Pensou em todos os inocentes que iriam morrer? - eu gritei
Ela ficou quieta e fechou os olhos. Eu cravei a espada bem fundo no centro do seu coração.
- Vai pro inferno, desgraçada.
Ela abriu os olhos que possuiam uma lágrima e logo em seguida, deixou a vida. Gotas de sangue e água se misturavam no chão. Esse era o fim dela.
- Percy.
Era a voz de Annabeth. Larguei a escada e fui correndo até ela, espalhando água para todos os lados. Me ajoelhei ao seu lado e peguei sua mão:
- Percy, ela está muito fraca - disse Karina Solary - A única carruagem que tínhamos foi para o hospital com a Rachel e não há nada que possamos fazer para ela parar de perder sangue. É tarde demais.
Olhei para Annabeth que estava cada vez mais pálida e tremia cada vez mais. As lágrimas foram inevitáveis. Eu não queria que ela me deixasse:
- Percy... eu sei que não vou sobreviver. Por favor, saiba que eu te amo, e que tudo pelo que passamos até agora, valeu a pena.
- Annie, você é a pessoa que eu mais amo. Sempre amei. Por todas as dificuldades que passamos, eu sinto muito, mas eu te amo mais do que a mim mesmo.
Os dois choravam, e talvez eles também, mas o mundo parecia girar em torno de nós dois.
- Adeus, Percy... Eu amo você.
Me inclinei sobre ela e a beijei. O último beijo de nós dois. A última vez que eu sentiria ela com vida, perto de mim. Mas, esse momento não durou muito. Os lábios dela perderam pressão e seu corpo relaxou em meus braços.
Mas, eu não consegui soltá-la. Não consegui aceitar que era a última vez que estávamos juntos. As lágrimas não paravam de escorrer e nada no Mundo parecia fazer sentido.
Era minha culpa que ela tivesse partido. Perséfone iria me matar, não era pra ter sido ela. Não era.
Eu enfim, a soltei para olhar seu rosto uma última vez. Os olhos muito azuis com um toque cinzento, fitavam um ponto que eu não podia ver. E se alma se perdia em um mundo onde eu não podia entrar.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!
Fale com o autor