Nada pode ser esquecido para sempre.

_Sakura! Querida! Acorde! _gritava uma mulher, enquanto sacudia uma adolescente desacordada.

Aos poucos, a menina abria os olhos lentamente. A mulher ao notar que a mesma havia despertado, sentou-se na cama mais calma.

_O que houve? _perguntou Sakura, olhando para a mãe.

_Eu é que deveria lhe fazer essa pergunta. Você estava aos berros. _disse a mulher olhando a filha. _Eu estou cansada, Sakura. Já é a terceira vez que isso acontece só nessa semana. Precisamos fazer alguma coisa.

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Sakura fitou o teto por um segundo, era atormentador. Quase toda a noite acordava com a mãe atordoada por gritos que ela não se lembrava de ter dado. Não se recordava dos seus sonhos e muito menos sabia o motivo para seus escândalos noturnos.

_Desculpa. _foi tudo que pode dizer para a mãe. Deveria ser um verdadeiro inferno ter que conviver com uma adolescente que mal conseguia ter uma noite normal.

Mayume Haruno não soube o que dizer naquele momento. De fato, eram difíceis todas aquelas experiências. Chegava a sentir medo quando no meio da noite escutava os gritos desesperados da filha. Porém, como poderia culpá-la? Como poderia odiá-la? Amava Sakura mais do que a qualquer outra coisa. Era uma menina simplesmente fantástica.

_Esqueça, querida. _disse Mayume, abraçando a filha e beijando-lhe a testa. _Acho melhor se levantar, está quase na hora de ir para a aula.

_Certo. _respondeu Sakura, com um sorriso leve nos lábios.

Levantou-se desviando os pensamentos ruins que tentavam dominar sua mente, era um novo dia, não podia desperdiçá-lo com preocupações. Tomara um breve banho, sentia-se mais leve após uma boa dose de água fria sobre a pele, revigorante. Sem pressa, vestira o uniforme escolar, ao qual era uma camisa branca com o emblema da instituição, uma saia preta que lhe cobria até os joelhos e um blazer também preto.

_Bom dia pai. _disse Sakura, assim que se sentou à mesa para tomar café da manhã.

_Bom dia querida. _respondeu o homem, dobrando o jornal e beijando a testa da garota. _Noite difícil?

_Outra daquelas. _respondeu Sakura, comendo uma torrada.

_Já chega! Isso foi longe demais Youmi. Não posso suportar mais essa situação. Está ficando cada vez pior. _disse Mayume, depositando a xícara de café fumegante sobre a mesa. _Irei marcar uma consulta com um psicólogo para Sakura.

_Querida! São apenas pesadelos. Não acha que está fazendo tempestade em um copo d’ água? _perguntou Youmi, bebendo o líquido extremamente quente.

_Kami-Sama! Não percebe a seriedade do problema? Esta foi a terceira noite que Sakura acorda de madrugada aos berros. _a mulher olhou atentamente para o marido, que parecia alheio a toda aquela situação. _Sem discussões! Irei marcar uma consulta ainda esta semana.

Sakura não sabia o que fazer. Sua mãe achava que estava louca, seu pai estava tão desligado que não dava a mínima para todo aquele estardalhaço. Olhou para debaixo da mesa e percebeu que Choco, um cachorro da raça terrier, encontrava-se saboreando um prato de mingau.

_Quem deu mingau pro Choco? _perguntou Sakura, com um olhar abismado.

_Fui eu. Mama ta me ensinando a cozinhar. _respondeu uma garotinha saindo de traz do balcão da cozinha, completamente suja de farinha. _Papai tem alergia a aveia e você tava se arrumando. Sobrou o Choco.

_Eu mereço! _resmungou Sakura, pegando a mochila eu estava sobre o sofá. _Mãe, nada de médico! Pai, não esqueça de consertar a minha janela! Kioko, para de fazer experiências com o meu cachorro!

Sakura saíra correndo de casa, acabara se atrasando por causa de toda aquela confusão. Ela não conseguia acreditar que houvesse uma família mais estranha que a dela.

Mayume Haruno era a típica mãe coruja. Não desgrudava da cria de jeito nenhum. Muito maternal e vivia a vida dos filhos. O que era completamente o oposto de Youmi Haruno, um homem livre e cuca fresca que com nada se preocupava. Amava os filhos, claro que do jeitão quieto dele. Os dois formavam um casal perfeito, o que um não tinha o outro completava com perfeição. De certa forma, Sakura desejava um relacionamento como aquele.

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Tiveram cinco filhos: Toshio, o mais velho, o rebelde, aquele que fugiu do leito familiar. Casou-se jovem, tivera uma filha e ficou viúvo. É o conselheiro de Sakura nas horas mais difíceis. Logo após, vem as gêmeas Ehime e Fuji, por possuírem uma beleza incomparável, decidiram investir. Moram na França e fazem alguns serviços como modelos. Sakura é a quarta, seu maior dom é ao mesmo tempo seu maior defeito. Conseguia inventar histórias numa velocidade impressionante, era capaz de contar uma mentira e fazer com que qualquer um acreditasse nela. Sua mãe não conseguia acreditar mais em sua palavra. A caçula, Kioko Haruno, era o cérebro da família. Muito inteligente e esperta, já conseguia falar cinco idiomas com apenas seis anos de idade. Adorável, era a protegida de Sakura.

Sakura adorava sua família, seria capaz de qualquer coisa para defendê-los. Desde pequena não sabia o que era estar sozinha, porém, isso não significa que não se sinta assim. Ela sentia como se ninguém a compreendesse de verdade. Tentava desabafar com Toshio, com Ino e Tenten, suas melhores amigas, e até com Choco tentara, mas nada preenchia aquele buraco que jazia em seu peito.

Temia ficar sozinha. Sua maior fobia era a solidão total. E tinha a sensação de que jamais estivera tão só como estava nos últimos dezesseis anos.

_Hei Sakura! O que houve? _perguntou uma garota loira, sentada ao lado de Sakura.

Assim que chegou ao colégio, Sakura foi se sentar em seu lugar de sempre na classe, próxima a janela. Gostava de ficar olhando a paisagem lá fora, podia ficar ali por horas afinco apenas imaginando, pensando, criando, histórias para cada pessoa que caminhava pela quadra do colégio.

_Não houve nada Ino. Só minha mãe querendo me levar para um psicólogo. _respondeu Sakura, passando a mão pelos fios róseos, desfazendo alguns cachos.

_Ela acha que você ta doida é? _perguntou Ino, olhando a amiga.

_Hai. _Suspirou cansada, aquilo estava cansativo demais. _Acho que ela ta certa.

_Como assim? _perguntou Ino, brincando com os fios róseos de cabelo da amiga.

_Hei Ino! Já teve uma sensação estranha. Aqui dentro. _perguntou Sakura, apontando para o vale entre os seios, onde fica o coração. _É uma angustia, algo que eu não sei explicar muito bem. É como se eu estivesse me esquecendo de alguma coisa, como se estivesse faltando algo. É como se eu tivesse perdido uma coisa importante.

_Talvez tenha perdido. _tentou Ino, com um sorriso brincalhão no rosto.

_Não. Você não está entendendo. _disse Sakura, entrando em desespero. _Não é como perder as chaves, ou um livro. É... É como se eu tivesse perdido alguém.

Um pingo atingira o vidro da janela. Uma chuva mansa caia molhando as ruas de Konoha.

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