Histórias Cruzadas

✧✦ 01 — Caçadores e letrados.


Naquela manhã quente o jovem promissor Kim Seungmin havia sido designado para uma missão, e seu eu interior estava em êxtase só de imaginar que ele passaria o dia na biblioteca oculta dos letrados que ficava escondida nos fundos de uma cafeteria no centro de Seoul.

Seus superiores se orgulhavam muito do jovem Kim, que a menos de um ano se formou letrado podendo atuar por conta, e desde que ele começou, eles viam seu brilho que ia muito além se comparado aos demais jovens letrados.

Concentrado e estudioso todos os casos que pegava não levavam nem um dia inteiro para serem solucionados, ele se trancava na biblioteca particular dos letrados e antes que o dia findasse ele partia para executar sua missão, sem erros, sem vacilos ou pontas soltas e mesmo sendo órfão os mais velhos o tinham como a um filho.

Mas entendam os letrados tinham a fama de serem frios e nada receptivos, então o Kim mesmo tendo toda esta atenção para si não tinha coisas como tapinhas nas costas e elogios, o máximo que conseguia era cabeças acenando para ele aqui e ali, mas parava por aí e ele sabia que se recebeu estes acenos significava que ele tinha ido bem.

Quando ele chegou na cafeteria “Essence Coffee” ele logo se direcionou ao último caixa e com seu ar enigmático de sempre saudou a balconista.

— Bom dia, vou querer o de sempre.

Ele entregou a ela uma moeda de prata e ela deu a ele uma chave e um copo pequeno de café coado bem quente.

— Obrigado.

E assim que ele tocou as chaves sua silhueta sumiu e ele foi até o lugar de estudo sem que mais ninguém no estabelecimento o visse, mas não se enganem aquilo era muito comum ali e pessoas como você e eu nunca notavam esses momentos incomuns que seriam no mínimo estranho aos nossos olhos.

Já dentro do enorme arsenal de pesquisa e estudo dos letrados o Kim relaxou, tirando seu sobretudo e indo à seção onde ele saberia que encontraria como eliminar um espírito Shojo, e ele não estava errado a pesquisa foi até que fácil, porém agora ele precisaria forjar uma espada ninja para se livrar do espírito que estava assolando um orfanato.

...

Não muito longe dali estava o caçador Seo Changbin se preparando para ir enfrentar a mesma criatura no mesmo local, e diferente do letrado Kim ele não foi chamado, só estava atento aos rumores e acabou esbarrando no trabalho que executaria com alegria ainda naquele dia.

O rapaz forte havia crescido em um orfanato também e ele sabia o quanto lugares assim podem ser sinistros, fora que com crianças ninguém mexia, não perto do Seo então ele de forma simplista olhou suas anotações e vendo que espíritos Shojo já tinham passado por seu caminho algumas vezes ele desceu no porão de sua casa para procurar sua espada forjada e decidido sairia em seguida para finalizar seu dia de trabalho e depois voltar para assistir o campeonato de futebol enquanto ele enchia a cara com soju e cerveja.

Diferente do órfão letrado ele não teve quem o auxiliasse, não teve ninguém o orientando e o ensinando a lidar com monstros e em suas lembranças ele só tinha a dor que sentia por seu irmão mais novo que foi tirado dos seus braços naquele maldito orfanato para ser adotado por uma família rica e bem instruída, eles não queriam dois filhos e o Seo por ser mais velho foi deixado de lado e as últimas memórias que tem do seu irmãozinho era o choro e as mãozinhas estiradas pedindo por favor para que ele não o deixasse ir seguido da promessa que fez: “quando eu crescer eu vou te encontrar e vou cuidar de você.”

— Vamos lá Seo, mate o monstro e volte a tempo para ver o jogo.

Ele se vestiu simplista por detestar roupas no geral, “quem diabos inventou andar vestido?” Era sempre o que ele se perguntava, e quando estava em casa era no máximo uma cueca que usava e no frio meias também por odiar a sensação de ter seus pés ficando gelados, mas no geral estava sempre desnudo.

Ele era um lobo solitário e gostava de ser assim sentia até um orgulho nisso e em seu interior isso só mudaria quando ele encontrasse seu irmão que havia sumido como poeira e por mais que ele tentasse nunca houveram pistas de seu paradeiro.

Ele já pronto e preparado com o que sabia de sua vivencia foi até sua garagem, entrou no seu carro e partiu rumo ao seu destino.

— Se cuida fantasminha idiota, “Seo fim” está chegando.

E com um sorriso torto pela piada que ele sabia ser ruim, mas que ele sempre adorou fazer, ele partiu rumo ao seu destino.

...

— Olá irmã, quanto tempo. — O Seo cumprimentava a freira responsável do orfanato “Little Prince”. — Me deixe tranquilo que resolverei seu problema sem muito alarde, porém leve as crianças para a sacristia e coloque sal nas portas e janelas, assim ficarão protegidos.

— Eles não vão precisar desta idiotice de sal, eu já marquei o lugar com proteções de todos os tipos, está liberado madre. — O Kim vinha batendo as mãos umas nas outras e ao ver o caçador ali entortou sua cara em desgosto, e o caçador fez o mesmo.

— Ah é madre é? Foi promovida? — Ele sorriu sozinho e os encarou com cara de poucos amigos. — E você jovem rapaz não se meta onde não foi chamado, apenas me deixe fazer meu trabalho pois tenho um jogo para assistir e preciso acabar com isso logo.

O Seo saiu da presença deles deixando o Kim indignado com a prepotência do jovem rapaz.

— Só podia ser um caçador.

Ao ouvir aquelas palavras o Seo se virou.

— Não pense que não sei o que você é, seu almofadinha de merda, um “letrardado” com toda certeza, agora não enche a merda do meu saco e vaza.

Ele foi dali e o Kim bufou com a arrogância daquele homem.

— Um anão metido a valente, patético.

O jovem letrado pegou a direção oposta e foi em busca do espírito.

...

Os dois chegaram praticamente juntos na última sala do corredor no último andar e ao se olharem fizeram cara de poucos amigos.

— Estou para finalizar aqui, por que não vai para casa tomar um banho de banheira, pegar seu bom vinho e se afundar em livros?

— É assim que você pensa que vivemos?

— É assim que eu vi que vivem bonitinho, agora se me der licença.

O Seo empunhou sua espada e acertou o espirito que estava vindo a todo vapor bem atrás do Kim para atacá-lo.

— Só se me der licença também.

O Kim empunhou sua espada também e cravou no espirito atrás do Seo e nesse momento os dois se encararam, mas se afastaram logo em seguida.

— Então eram dois desses? — O caçador falou sorrindo de lado — Bom que ninguém veio aqui atoa.

— Bom? Onde isso é algo bom? Você teria morrido se eu não estivesse aqui.

— “Au contraire my friend”, se você não estivesse no meu pé eu estaria livre para cuidar dos dois sem problemas maiores.

O Kim fez menção de falar algo, mas não deu tempo pois o Seo se virou e saiu dali com sua espada por cima do ombro.

— Que cara babaca.

— Eu ouvi essa hein vara pau.

E sem muito mais cada um foi para o seu destino, o Kim voltou para a “Essence Coffee” para registrar o ocorrido nos autos e o Seo correu para casa para ficar semi nu, pegar sua cerveja e ligar a TV no jogo.

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