Se tudo havia começado de algum lugar, certamente foi naquela tarde de Janeiro, quando os raios solares efervescentes cozinhavam seus miolos mesmo embaixo do coqueiro da praça em frente a casa de Renato.

A camiseta branca, já transparente pelo suor, sequer escondia mais seu torso magro. Seus poros esmeraram-se em manter a temperatura corporal intacta quando a figura de um garoto negro sentou próximo a si com uma garrafa de água.

— Quer um gole? A do bebedouro tá bem quente — ofereceu, com um sorriso nos lábios.

Com aquele simples gesto, deu o primeiro passo para fazer morada em seu coração.