A estrada até aqui

Crescer é persistir


Esclareci parte dos fatos, ocultando a informação principal para Sasuke, que ele também estava morto.

Seu desespero quase partiu meu coração. Eu o entendia. Senti aquilo quando o vi sendo retirado do local do acidente, a cada dia que ficou internado em coma e após sua morte. É a dor e o medo de perder alguém e nós já tínhamos perdido pessoas demais.

Apenas tranquilizei-o, falando que daria um jeito de resolver as coisas e que precisava agir como se não soubesse de nada, que deveria aproveitar os possíveis últimos momentos com Naruto.

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Apesar de querer muito salvá-lo também, não tinha como. Para unir a essência de alguém ao receptáculo de sua alma, precisava compartilhar algo pessoal. Foi fácil conseguir algo de Sasuke. Peguei alguns fios de uma mecha de cabelo que mamãe guardava de quando éramos pequenos. Achei estranho na época, porém ela disse que seria uma lembrança nossa para quando crescêssemos e cuidava como um verdadeiro tesouro.

Quanto a Naruto... Seus pais moravam muito longe. Não tinha como eu simplesmente viajar até a cidade no meio da noite, contar tudo e não ser acusado de maluco. A não ser que eu invadisse sua casa, porém seria o cúmulo.

De repente, a ansiedade me dominava, bagunçando minha mente e alimentando minhas inseguranças.

Sinceramente, eu devo ser o maior dos cretinos.

Não acho que a morte de Sasuke foi justa e parte minha se agarra a isso, dizendo que minha mãe não merecia perdê-lo. Nenhum filho jamais deveria morrer antes da mãe. Nem Sasuke nem Naruto.

Outra parte também pensa que estou apenas corrigindo um erro histórico. Recuso-me a acreditar que ele apenas deveria morrer. Não tem como aquilo ser um mero evento canônico. Isso é uma fanfic por acaso? Que droga de autor sádico é esse?

Talvez no fim, a culpa seja só minha. Eu resolvi deixá-lo de castigo dois dias na parada. Se tivesse ido buscá-lo, o acidente, quem sabe, sequer teria acontecido. Duas vidas salvas.

A verdade mais ácida é que sou um covarde egoísta. Não é apenas culpa. Parte é medo de perder alguém especial de novo, de ficar sozinho. Eu jurei proteger meu irmão. Poderia não ser o melhor em muita coisa, mas não falharia com ele.

No entanto, falhei. Numa das tarefas mais importantes, falhei miseravelmente.

Eu trocaria de lugar com ele mil vezes antes de deixá-lo morrer.

Em algum momento, adormeci. Acordei de madrugada, num susto, quase caindo da cama. Dei de cara com o notebook aceso na foto de Naruto.

Encarei-o por alguns instantes, reparando no colar que estava em seu pescoço na foto. Procurei na mochila e peguei-o. Os médicos entregaram a minha mãe junto aos pertences de Sasuke. Eu pensava ser apenas um suvenir da viagem, contudo parecia ser um presente do destino.

Sim, eu salvaria Naruto também.

Liguei para senhora Tsunade como há muito tempo não fazia e deferi algumas perguntas, desligando o celular ao escutá-la surtar depois que indaguei sobre a possibilidade de o feitiço trazer duas pessoas de volta à vida.

Eu tinha pelo menos cinco bonecos e meio de barro em casa esculpidos. Diversos naquele quarto. Só precisaria garantir que os dois estivessem no mesmo lugar para realizar o feitiço e, nesse momento, Sasuke saber da meia verdade pareceu um bônus surreal.

Na mala do carro, havia sal o bastante para fazer um círculo ao meu redor e outro em torno do meu irmão. No entanto, não seria suficiente para um terceiro círculo. Surrupiei uma moringa da pousada e enchi de sal. Se era repelente de fantasma, em hipótese alguma Sasuke poderia ter contato direto com ele.

Expliquei tudo muito mal explicado pela manhã. Num estado normal, sei que meu irmão faria mil e um questionamentos, contudo seu desespero apenas permitiu que confiasse em mim cegamente.

Eu não podia decepcioná-lo.

Tomei meus remédios e uma dose de tranquilizante para não surtar na hora H. Precisava estar desperto e atento. Nem mesmo as inúmeras chamadas perdidas da senhora Tsunade me tirariam o foco.

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A missão tinha se tornado mais crítica, visto as mais recentes alterações.

1 – Realizar o ritual e captar os espíritos de Sasuke e Naruto nos pequenos bonecos de barro (receptáculos).

2 – Estar consciente para queimar o espírito vingador para sempre.

3 – Realizar o restante do ritual, colocando os receptáculos dentro dos peitos dos bonecos e selando-os para que pudessem começar a metamorfose a fim de despertar suas almas e memórias.

Respirei fundo e realizei o feitiço da maneira mais rápida possível, tomando cuidado ao pronunciar cada palavra. Arranquei-lhes cabelos (a essência morta), fundindo no barro ainda fresco do receptáculo junto ao item de apreço quando vivos.

O mesmo colar que estava no interior do boneco de Naruto aparecia como retrospecto no pescoço de Sasuke naquele instante. Tomei-o e enrolei nos dois bonecos, antes de banhá-los com meu sangue e seguir para o desfecho do feitiço.

O momento chegou com suas duvidosas capacidades de sucesso e altas de fracasso, que apenas cogitei quando senti as presas ofídias afundarem em minha pele.

Dor. Ardia, como se estivesse sentindo minha vida sendo sugada.

Joguei os bonecos no fogo, torcendo para que ela chegasse a tempo.

Suspirei ao sentir a escuridão abraçar-me.