― Vamos Bella, por favor? ― Minha prima Alice sorriu tímida, mostrando a falta de um dente de leite seu. ― O dia está tão bonito, perfeito para brincar no parquinho. ― Sua voz fininha de criança se agitou um pouco ao dizer as últimas palavras.

― Não quero sair ― respondi ao mesmo tempo em que meu corpo desabou na cama macia, um desânimo tomou conta de mim.

― Por que não? Só cinco minutinhos. ― Ela se sentou ao meu lado e me encarou com seus olhos castanhos, esperançosa.

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― Desculpa prima, não vou.

Alice me examinou por um momento e levantou-se com uma feição triste. A mesma expressão de pena de sempre.

A maioria das pessoas olhava desse jeito para mim desde que perdi meus pais. E, para completar, essa noite foi difícil. Não consegui dormir direito. Talvez, seja por isso que a Lice esteja insistindo tanto para irmos no parquinho.

― Oi, meninas, preciso de um favor de vocês. ― Minha tia entrou no quarto segundos depois. ― Vocês poderiam passar na mercearia e comprar algumas batatas? Hoje quero fazer um escondidinho de carne.

Assim que ouvi as suas palavras, meus olhos se arregalaram e a boca chegou a salivar.

― Sim! Sim! Vamos, sim ― Alice disse empolgada e a sua mãe enrugou a testa. ― Será que a senhora deixa a gente passar no parquinho primeiro? ― Ela pulou algumas vezes em frente da mulher, evidenciando sua alegria.

― Tudo bem, mas não demorem muito. ― Antes de se retirar do cômodo, minha tia esboçou um sorriso afetuoso para nós duas.

Minha prima balançou a cabeça concordando e se virou na minha direção.

― A mamãe que pediu. ― Ela levantou os ombros.

― Aham… Só para ir ao mercado. ― Eu levantei da cama um pouco mais animada. ― Só cinco minutinhos então, já que está tão desesperada.

― Beleza! ― A Lice comemorou com um gesto de vitória.

O sol brilhava com toda a sua força, apesar de ser de manhã, já era possível notar o calor. Provavelmente o dia seria muito quente. Quando chegamos ao parquinho, algumas crianças se divertiam nos brinquedos.

― Vamos no escorrega, Bella?

Respondi com um aceno negativo.

― Vou esperar no balanço. ― Caminhei sem muita vontade até o lugar.

Enquanto observava os cabelos pretos dela seguindo para o brinquedo, sentei na pequena tábua de madeira e me balancei um pouco. Logo depois, uma sombra tampou a minha visão e um garoto que aparentava a mesma idade do que a minha se aproximou.

― Oi, tem alguém aqui? ― Ele perguntou ao apontar para o espaço vazio do meu outro lado.

― Não, pode se sentar. ― Observei-o com curiosidade. ― Nunca vi você por aqui. ― Olhei para o menino desejando saber quem ele era.

― Minha família acabou de se mudar para cá. ― Como se adivinhasse meus pensamentos, o garoto declarou.

Em retorno a sua afirmação, eu sorri com ternura, compreendendo sua situação, pois ele deveria estar se sentindo do mesmo jeito do que eu: perdido.

― Eu me chamo Edward. ― Ele estendeu sua mão na minha direção.

― Eu sou a Isabella. ― Devolvi o gesto, encostando meus pequenos dedos em volta dos dele.

Assim que o contato ocorreu, uma sensação esquisita percorreu o meu corpo. Eu não sabia identificar direito o que era, pois nunca vivenciei isso antes. Mas havia algo que me dizia que seríamos ótimos amigos.