Livro I: Capítulo 8 - Partindo...

-Doc, ela só vai sofrer ainda mais – Pude ouvir a voz de Kyle falando. – Vamos terminar logo com isso, por favor.

-Não quer esperar que a Peg volte? – Doc perguntou. – Ela pode ser útil para acalmar Sunny... pode até fazer tudo ficar mais fácil.

Abri meus olhos e vi Kyle ainda sentado na maca ao meu lado, Doc na frente dele. A mão de Kyle repousava sobre a minha.

-Eu... já vou? – perguntei, meu coração acelerando de maneira inimaginável. Kyle me encarou e ficou nervoso, sem saber o que fazer.

As lágrimas chegaram aos meus olhos quando eu fui dominada pela verdade. A mão de Kyle apertou a minha um pouco, como que para me acalmar. Doc me olhava compadecido, com pena de mim.

-Sunny, vai ser melhor... – Doc disse. – Eu... prometo que não vai doer nada. Vai ser tranqüilo, sem dor nem nada ruim.

Vai ter algo ruim. Eu vou para um planeta distante, vou viver sem Kyle e tendo consciência de que ele morreu. Sem falar que nunca vou poder voltar...

-Sunny, por favor não chore de novo – Kyle disse secando com o dedão as lágrimas que caíam.

-Eu queria tanto ficar, Kyle... – sussurrei agarrando o braço dele para que não retirasse do meu rosto.

Ele lançou um olhar sugestivo para o Doc, como se estivesse dizendo “Eu não te disse?” . Doc suspirou entristecido.

-Sinto muito, Sunny – Kyle disse acariciando meu rosto de leve.

-Por que eu tenho que ir embora? – perguntei.

-Sunny, eu... eu sinto falta da Jodi.

Meu coração apertou e eu assenti por falta de ter algum gesto melhor. Deitei na maca de novo.

-Tome isso – disse Doc me entregando uma pastilha quadrada. – Vai te deixar relaxada.

Assenti e pus a pastilha quadrada embaixo da língua, deixando-a dissolver. Eu agora me sentia grogue, como se tudo fosse maravilhoso. Olhei para o azul dos olhos de Kyle, sentindo que logo iria dormir.

-Vou sentir saudades – murmurei.

Fechei os olhos e mergulhei numa imensidão azul enquanto minha mente gritava:

-Eu te amo, Kyle O’Shea.

E aí, tudo parou.