Two Lives

Tudo (a) normal


Laura

A minha vida tinha tudo pra ser normal !

Um pai e uma mãe casados, irmãos com emprego e respectivas esposas criando sua própria família, encontros familiares normais: Os homens falando de futebol, mulheres conversando sobre a família e filhos, enfim, tudo absolutamente normal se não fosse um único detalhe EU !

Se não fosse por mim tudo estaria certo e mais normal do que o citado acima.

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Bom vamos começar pela forma que nasci: Eu sou a filha mais nova depois de dois homens, tenho 16 anos, não fui planejada mas até aí tudo bem, meus irmãos também não foram, minha mãe menstruou durante 6 meses de gravidez descobriu que estava aos 5 e eu nasci nós 8 meses (finjam que tem o emoji do palhaço aqui) e nasci branca feito um papel, não chorei e ainda por cima nasci anêmica quase um câncer no sangue, o que me assola até hoje, fiquei 4 meses no hospital para regularizar meu estado e tudo isso porque minha mãe só conseguiu fazer o pré-natal já na metade da gravidez e antes disso ela trabalhava, subia, descia,.bebia, fazia de tudo já que nem imaginava que estava grávida, a explicação médica para isso é que o útero era muito pequeno e eu simplesmente fiquei meses sem me mexer, ou menos sem que minha mãe percebe-se algo se mexendo dentro dela.

Lembra da anemia? Bom ela hoje está um pouco melhor de quando eu nasci, porque eu recebi uma transfusão de sangue muito cedo e consegui amenizar a minha situação, porém a anemia ainda continua, apesar de eu tomar remédios e me alimentar bem, mas tem uma série de problemas que vem acontecendo quando cheguei na idade da puberdade a alguns anos e menstruei foi exatamente aí que minhas idas a emergência todo mês começaram a ser bastante frequentes.

Enfim, acredito eu ter explicado o motivo do problema da minha vida ser EU.

Vamos ao agora eu estou sentada, em uma maca, esperando a enfermeira me dá soro porque eu tive um pequeno corte no dedo e perdi algumas gotas de sangue e isso já me deixou tonta e eu desmaiei, o soro é porque segundo a enfermeira eu estou um pouco desidratada e tive uma queda de pressão.

— Vai ficar tudo bem, vou terminar o curativo e depois eu vou colocar o acesso para o soro só mais 10 minutos.

— Obrigada, a senhora já está super acostumada a me ver aqui quase toda semana – ela ri, e eu não a culpo por isso este mês é minha terceira visita a enfermeira na escola.

Escuto a voz da minha mãe e depois ela entra sala me olhando com uma expressão relaxada:

— O que foi dessa vez Laura? – Ela pergunta tranquila

— Só cortei o dedo – falei mostrando o dedo com o curativo

— Acho que vou começar a pagar um seguro de vida para você – fala em tom de brincadeira

— Devia mesmo – rimos juntas.

Depois de um tempo saímos da escola direto pra casa, minha prima e melhor amiga está me esperando, precisamos conversar sobre algumas coisas.

Patrícia vem na minha direção quando eu passo pela porta:

— Deixa eu adivinhar você cortou alguma parte do corpo e desmaiou? – quando eu digo que todo mundo está acostumado comigo desmaiando e me acidentando por aí.

— Quase isso, dessa vez eu não desmaiei – rimos e depois subimos.

A morena está comigo desde sempre, ela é mais velha 5 anos, já está na faculdade, terminou um recente noivado e ela é a testemunha de que minha vida é anormal.