A chuva habita seus olhos, como se você vivesse uma tristeza eterna. Não gosta de falar de sua mãe, que te privou de tanto. Mas às vezes te vejo dormir encolhido, pernas dobradas contra o peito numa saudade do útero.

Você odeia seu nome herdado de uma história que desconheço. É o exórdio de suas tragédias, o limite da sua coragem. Escuto seu silêncio. Na ausência das palavras, você expressa a dor.

Por trás dos trovões dos seus olhos, vejo o desejo de sol. Você estende as asas, tentando fugir daqui, tentando alcançar o Mundo.

Acontece que o sol queima.