Na Tempestade

O encontro do dia e da noite.


Ela estava tão linda, não sei dizer quanto tempo eu fiquei a observando, Hinata estava parada na janela, tão natural, como uma pintura que não deve ser mudada, eu relutava em interromper aquele momento, eu poderia tirar uma foto, mas aquilo a tiraria de sua posição.

Eu queria ouvir novamente a voz dela, queria vê-la sorrir.

- Você realmente gosta da chuva não? – ela se assustou um pouco com a minha pergunta, acho que não tinha reparado a minha chegada, ela me analisava de cima a baixo, e ao perceber me permiti fazer o mesmo mais uma vez, e eu nunca conhecera uma só pessoa a não ser Hinata que pudesse ficar bonita em uma simples roupa de hospital, ela estava descalça, mas isso somente incrementava a sua beleza natural.

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- Eu queria poder aproveitá-la mais. – ela parecia desanimada com a observação, queria vê-la sorri, mas só tinha tristeza em seus olhos.

- E posso saber o que a impede? – se gostava tanto da chuva ela deveria curtir não? Lembrei-me que eu era uma das pessoas que a impedira de ficar na chuva.

- Digamos que eu já abusei demais por hoje. – Hinata não parecia muito certa com aquela afirmação.

- Sempre temos o amanhã. – ela sorriu, mas o sorriso não alcançou os seus olhos, aquilo me incomodou. – O que te aflige Hinata?

- Não sei se sairei daqui tão cedo e seu eu tentar sair mais uma vez acho que botarão seguranças na porta.

- Porque você acha que não vai sair tão cedo? – eu perguntei.

- Primeiro eu não tenho família para onde voltar, e segundo eu estive em coma por dois anos por ter ficado tempo demais na chuva, fui encontrada desacordada e com pneumonia, acho que depois de hoje não vão confiar em mim sozinha. – a essa altura ela já tinha desistido de ver a chuva e voltava para a sua cama, meu Deus, ela era tão sozinha quanto eu, mas eu não a abandonaria, a partir de hoje eu seria a sua companhia e esperava que ela fosse o mesmo para mim, mas primeiro eu faria de tudo para ter a sua confiança.

- Hinata? – ela estava distraída novamente com a chuva, mas assim que a chamei ela me olhou. – Porque saiu da minha casa mais sedo sem me avisar.

De repente o movimento das mãos em seu colo ficou muito interessante e com esse movimento a sua franja lhe tampava quase todo o rosto, mas eu percebi que ela ficara vermelha, e ficava ainda mais bonita corada.

- Mas eu avisei, deixei um bilhete pra você.

- Você entendeu o que eu quis dizer! Porque não se despediu pelo menos, e se queria me ver porque não ficou mais?

Eu não conseguia mentir para ele, eu tentei pensar em uma desculpa, mas só de encará-lo a verdade saiu pela minha boca sem que eu pudesse controlar.

- Sua casa me lembra muito quem foi muito importante pra mim, eu me senti os traindo por estar la, não faz muito tempo que morreram e nesses dois anos em que estive aqui eu não pude ir vê-los. Tem vezes, que eu penso que seria melhor se não tivessem me achado, ou que eu nunca mais acordasse do coma.

- Nunca mais diga isso Hinata, eu sei como é perder quem mais lhe é importante, mas nem por isso quero me entregar a morte, até hoje, eu não tinha entrado naquela casa desde a morte de meus pais, suas cinzas foram jogadas no quintal, eu vim vê-los e começou a chover, eu tive que entrar para me secar, tomei um banho e ia botar uma das minhas roupas que ainda estão la, mas quando sai do banho eu te vi, e sem que eu percebesse eu estava do seu lado te amparando da chuva, eu queria beijá-la e ainda nem te conhecia, e quando eu vi você tinha sumido, a primeira pessoa em tempos que eu me preocupara e você tinha ido sem me dizer pra onde, eu procurei pela cidade toda, perguntei a muitos, mas ninguém te vira, cheguei a pensar que tinha te imaginado, e quando eu voltei para casa lá estava o seu bilhete, e eu já estava na porta do hospital procurando por você, passei reto pela recepção eu só queria te encontrar de novo. Eu estarei aqui para o que precisar, e esperarei você sair do hospital, eu te ajudarei. Estarei sempre aqui, e isso é uma promessa.

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Eu não sabia o que dizer, ele se abria pra mim como se tivesse a obrigação de me contar tudo, e a sua promessa me deixou feliz, eu não queria que ele me deixasse, com ele me sentia tão completa quanto quando estava na chuva, e naquele momento tudo que eu pude fazer foi sorrir.