Quando se está sozinho nas terras do sempre,

Deite sob a Via Láctea,

E fique lá... está ficando muito tarde agora,

Não estou apaixonada agora, esta noite

My World - Avril Lavigne

*-*-*-*-*

- É recíproco.

Achamos o Tom e fomos para casa, em silêncio. Ultimamente temos andado com tão pouco assunto que chega a ser chato estarmos os três juntos.

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BILL OFF

Tom e Bill foram comigo até o portão do prédio onde moro.

- Quer que a gente suba com você? – Tom perguntou.

- Por favor. Já tenho medinho de elevador, de noite e sozinha então...

Ao cegar, no quinto andar, destranquei a porta com a chave, mas...

- Oh-oh... Acho que D. Silvíe passou o trinco do lado de dentro.

- E agora? – indagou Bill.

- Não sei, né. Não dá pra entrar pela janela. E a essa hora, estão todos dormindo... Ai que merda...

- Vamos lá pra casa. Você dorme lá... – Bill sugeriu.

- Sem avisar, Bill? E tem mais, como a D. Silvíe vai saber onde eu tô?

- Manda um SMS de manhã – Tom resolveu.

- E eu vou assim de mãos abanando, sem pijama nem escova de dente?

- Dá-se um jeito, saco; você quer parar com essa mania de sempre querer complicar as coisas? – Bill ficou bravo.

- É, meu, vamos, ou você prefere passar a noite no corredor?

- Tenho outra alternativa?

- Não! – os dois responderam juntos.

- Então ‘bora, né, fazer o quê.

Estava meio “assim” de ir passar a noite (ou o sobrou dela) na casa deles, mas como não tive opção, fui. Passei a mensagem para D. Silvíe no caminho, ela leria assim que acordasse.

Quando chegamos, depois de arranjarem um colchão para que eu dormisse, começaram a brigar:

- A gente põe isso onde? Na sala? – Tom perguntou – A gente desmanchou o quarto de hóspedes pra virar estúdio!

- Não, Tom.

- Então põe onde, no estúdio?

- Claro que não, imbecil! A gente vai ter que colocar ou no seu quarto, ou no meu.

- No seu, é? – medo da cara que o Tom fez.

- E por que não no seu?

- E por que não no SEU?

Bill revirou os olhos e, sem dizer nada, levou o colchão para o se quarto. Depois forrou-o com um lençol e Tom entrou no quarto trazendo um travesseiro, dizendo:

- Hey, Bill, aí você empresta uma das suas camisetas pra ela, vai ficar certinho.

- Nananina, VOCÊ pega uma dessas suas camisetas que cabem três de você dentro e empresta pra Mari.

- Por que eu?

- Porque sim!

- Vai ficar parecendo uma camisola!

- É essa a ideia!

- Mas...

- ANDA, TOM!! – nunca tinha visto alguém gritar sussurrando. Bill acabou de fazer isso.

Tom fez o que o irmão mandou e trouxe uma camiseta que cabia quatro de mim dentro. Realmente, cairia como uma camisola. Fui no banheiro e me troquei. Voltei ao quarto do Bill bocejando. Já estava morrendo de sono.

- Vamos dormir? – perguntei.

- Vamos... – Bill respondeu.

- Ah, Bill, Tom, obrigada por isso.

- Disponha.

- Não tem de quê. Boa noite – Tom disse e foi para seu quarto.

- Boa noite, Bill.

- Boa noite.

Deitei-me e Bill apagou a luz.

POV BILL

A fim de evitar pagar um mico, vesti uma camiseta velha e uma calça de algodão para dormir.

Acordei no meio da noite morrendo de calor. Levantei, tomei um copo d’água e voltei pra cama. Não consegui dormir mais.

Pensei em contar carneirinho, mas comecei a suar ao imaginar o esforço de mentalizá-los pulando uma cerquinha. Joguei o lençol no chão e fiquei deitado de barriga pra cima. Que calor... Ignoro quanto tempo fiquei nisso, mas uma hora eu não estava aguentando mais e tirei a camiseta. Fui à cozinha de novo e tomei outro copo d’água. Aí sim eu consegui voltar a dormir.

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Acordei de manhã e fiz toda a minha “cerimônia matinal” antes de abrir os olhos. E quando abri, encontrei a Mari dobrando os lençóis.

- Bom dia, Bill. Até que enfim você acordou.

- Er... bom dia. Por quê?

- Tem uma meuá hora que eu acordei, e tava até agora sem saber o que fazer...

- Você podia ter ido até a cozinha... Deixa esses lençóis aí, vamos tomar café.

- Tá bom.

Mamãe já estava na cozinha. Tom, como bom besta que é, não tinha dito a ela que a Mari tinha dormido aqui, então eu é que tive que explicar.

- Mãe – comecei -, a Mari veio aqui porque não conseguiu entrar em casa ontem, tudo bem?

- Sem problemas. Bom dia, né. Maria, onde esses dois te colocaram pra dormir?

- No quarto do Bill... num colchão. – ela respondeu.

- Mas esses dois não prestam pra nada, mesmo! Se colocaram o colchão no quarto do Bill, era pra você ter dormido na cama do Tom!

- E eu ia dormir onde?! – Tom protestou.

- No colchão, ora bolas. Onde já se viu, as duas belezas no conforto da caminha e colocam a amiga pra dormir no chão!

- A ideia foi do Tom – me defendi.

- Não interessa de quem foi a ideia.

- Não tem problema, D. Simone. – Mari interveio.

- Tem certeza?

- Aham.

- Então vamos sentar e comer.

No momento em que me sentei à mesa, me dei conta de que estava sem camisa. Murmurei “com licença” e voltei para o quarto esbaforido, peguei a camiseta que tinha posto à noite e voltei calmamente para a cozinha.

Minha mãe me lançou um olhar cúmplice, ao qual eu respondi com um sorriso amarelo, e me sentei para comer.

BILL OFF

Já estávamos terminando o café; eu pelo menos já estava satisfeita, quando o telefone tocou e Bill saiu da mesa para atendê-lo. Dois minutos depois, voltou esbaforido, gritando e pulando.

- TOOOM, Tom, Tom, mãe, mãe, mãe, Tom, mãe!!!

- Quê isso, Bill? Mãe, o que você colocou no café dele?

- Para de graça, Tom. Sabe o que era aquela ligação? Era de uma gravadora! OUTRA GRAVADORA!! E dessa vez a gente não vai precisar ir pra Berlin, eles têm um estúdio de gravação aqui mesmo, em Magdeburg!!

- AAAHH, por que não disse logo?! – Tom pulou da cadeira e juntou-se ao frenesi do irmão. – Nos chamaram? Você marcou alguma coisa? Pra quando?

- Nos querem lá hoje.

- Puta merda, Bill, acha que dá tempo?

- Tom Kaulitz, que vocabulário é esse? – D. Simone interrompeu a conversa.

- Foi mal, mãe... Saiu. Mas e aí?

- ‘Bora ligar pros caras, torcendo pra eles não terem o que fazer hoje.

- Demorou.

Os dois saíram frenéticos para a sala e D. Simone ficou rindo gostoso.

- Acho que os meus filhos pulariam de um prédio se fosse preciso pela banda. E estão conseguindo realizar esse sonho... – ela disse.

- É um sonho lindo. Eu admiro muito a garra que eles têm pra correr atrás dele. E não duvido que façam o que for necessário para realizá-lo. – falei.

- Não sei se fiz certo incentivando-os a isso...

- Quem sou eu pra questionar. Acho que eu faria o mesmo. Vê-los chegando lá vai valer muito a pena.

- Acha mesmo que eles chegam muito longe?

- Tenho certeza. Acredito em Bill, Tom, Georg e Gustav, se duvidar, mais do que em mim mesma.

- Eu também, Maria... Eu também. Sabe, acho você uma pessoa surpreendente.

- Por quê?

Fiquei sem resposta. Bill e Tom voltaram à cozinha, abraçados e cantando como dois lunáticos.

- Mãe, o estúdio dos caras é do outro lado da cidade, você vai levar a gente, né? – Tom pediu.

- Claro.

- E você, Mari, vai junto? – Bill convidou.

- Por que não iria? Só preciso passar em casa e colocar outra roupa – respondi.

- Não se preocupe, querida. Te deixo em casa e você se arruma enquanto eu pego os dois meninos. Depois, passo lá de novo, te pego e vamos – D. Simone resolveu.

- Por mim tá ótimo.

Fomos os três para os quartos nos trocar. Entrei no banheiro primeiro aproveitando que Bill se afogava de dúvida na frente do armário aberto e coloquei o vestido com que estava ontem. Depois foi o Tom, e aproveitei para devolver-lhe a peça que me servira de camisola. E por último, Bill, que ficou quase meia hora no banheiro.

Quando D. Simone me deixou na porta do prédio, já sabia que roupa eu iria vestir. Subi e entrei direto no quarto. Coloquei uma saia jeans preta nem muito curta nem muito comprida, uma blusa verde clara e um escarpam de salto não muito alto (que ganhei de aniversário da D. Silvíe), prendi o cabelo num rabo de cavalo e arrumei a franja. Passei o delineador nos olhos e no momento em que peguei um brilho para passar nos lábios, o interfone tocou e o Sr. Muller, o porteiro, me informou que um garoto de franja me esperava no saguão. Passei o brilho e desci correndo.

O “garoto de franja” obviamente era o Bill. E assim que as portas do elevador se abriram, ele me pegou pela mão e me levou correndo pro carro.

- Pronto, mãe, vam’bora – ele disse entrando no carro logo depois de mim.

- Oi, Maria! – Georg me cumprimentou, ele estava do meu lado.

- Oi, Georg. Oi, Gustav.

- Sabia que a cada vez que eu te vejo te acho mais bonita?

Sorri sentindo minhas bochechas ficarem vermelhas.

- Corta essa, Georg, é só a segunda vez que você a vê – Tom disse do banco da frente.

- E se manca, logo de manhã passando cantada? – Bill reclamou.

- Ih, Bill, tá com ciuminho? – Georg provocou.

- Ciúme?! – dissemos, Bill e eu, ao mesmo tempo. Olhei para ele e falei:

- Não, Bill, por favor, você lembra o que aconteceu na última vez que chegaram na gente com esse papo.

- Tem razão, Mari. Georg, vai cagar! Pronto, fim de papo.

- O que aconteceu da última vez?

- Não te interessa – Bill respondeu a Georg mostrando-lhe a língua.

- Curiosinho, você, hein? – falei.

- Eu só queria saber alguma coisa sobre você, porque bom, se eu pretendo casar contigo um dia, tenho que começar por algum lugar.

Ao ouvir isso, me senti arder do couro cabeludo à ponta do pé. Desejei ter uma caixa pra por na cabeça, mas não tive tempo de reagir.

- CALA A BOCA, GEORG! – Bill, Tom e Gustav disseram ao mesmo tempo.

- Você a está deixando com vergonha! – Gustav completou. Era bem verdade.

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- Não seja por isso, então, eu... – Georg ia dizer alguma coisa, mas D. Simone o interrompeu.

- Chegamos, piazada! Vamos saltando do carro.

Saímos do carro e entramos no prédio, em fila indiana. Primeiro o Bill, depois Tom, Gustav eu e por último Georg, que me sussurrou ao ouvido:

- Casa comigo?

- Georg – sussurrei de volta -, pare de graça!

- Quem tá brincando?

- Eu espero que você esteja.

- É sério, menina!

- Ah, qual é... Nós somos menores de idade, e eu nem sou daqui...

- No ano que vem eu já serei maior.

- E será um pedófilo. Para com isso, vai. Casar com você eu garanto que não vou. Mas podemos ser amigos, se você quiser.

- Já que é a minha única opção...

- E antes que você pergunte; não, eu não gosto do Bill. Não nesse sentido que você tá pensando.

- Não falei nada...

- Mas pensou.

Já estávamos no estúdio depois de subir dois andares de escadas. Os garotos se apresentaram para o produtor que os estava esperando e se colocaram a postos para tocar.