Paternidade

Bônus: Gripe


— Você pode encontrar a Suki — disse a mulher com a menina nos braços.

Lin contava, então, com 4 anos e tinha as bochechas avermelhadas de febre. Agora estava tranquila, deitada com a cabeça nos ombros da mãe, mas os dois sabiam que ela voltaria a chorar logo.

Katara havia sido obrigada a sair da cidade por alguns dias para ajudar um grupo de acólitos do ar nos templos, mas havia passado as instruções, não que a chefe de policia precisasse, já havia passado por outros resfriados com a filha, mas Sokka queria ter certeza de que estavam fazendo tudo certo.

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Era engraçado, como se ele fosse o pai de primeira viagem ali, quando na verdade Lin era a 5 e última criança do time avatar.

— Eu tenho tudo sobre controle aqui, não é a primeira vez que ela fica doentinha — ela respondeu, embalando a criança — e eu e a Lin não queremos estragar o seu casamento.

— Eu nem pedi ela em casamento ainda — respondeu, passando as mãos na testa da menininha, também não era a primeira vez que ele cuidava de uma criança doente.

— Olha, a Suki tá de parabéns por se deixar enrolar por quase 20 anos — respondeu, sentindo o corpo dele cair no sofá ao seu lado.

— Eu não estou enrolando ela — tinha as duas mãos no rosto e então passou a encarar a carinha rechonchuda de Lin com o dedo de bebê descansando nos lábios rosados. — É só... — ele fez uma pausa pensando em como resumir todas as preocupações em uma só frase — Não sei se funcionaria um casamento com toda essa distancia. Zuko e Mai continuam na Nação do Fogo e o Aang mora com a Katara, mesmo que tenha que viajar quase todo dia, mas nós...

— Então se muda para Kyoshi — respondeu, trocando Lin para as pernas, ela já estava quase grande demais para um colo.

— E o que você faria sem mim aqui? — ele perguntou em tom de piada.

— Deixa eu ver... — ela fez que pensava e então acertou um soco no ombro do homem ao seu lado — Cuidaria da minha filha sem você surtando em volta.

Os dois riram por um instante. Era uma boa pergunta... O que Toph faria sem Sokka por perto? Eles haviam sido uma dupla por quase 20 anos agora, com alguns períodos de distancia é claro, mas os dois tinham uma dinâmica que Suki estragava quando estava por perto.

Por um lado, Toph gostava do fato dele estar negligenciando a namorada para estar ali. Era prova de que a amizade deles era mais importante.

Ele ainda encarava o teto branco quando respondeu de forma quase automática.

— Mas, de verdade, Cidade República precisa de mim aqui — ele respondeu — Eu sou o único fundador que pode estar aqui o tempo inteiro, sem precisar correr e resolver problemas políticos ou espirituais pelo mundo a fora.

— Hey!

— Desculpa, o único fundador que não tem um filho.

— Como se fizesse diferença ó grande "fundador sem filhos" — respondeu, voltando a arrumar a menina que escorregava. A febre já estava bem mais baixa agora.

— Você quer mesmo que eu vá embora, não é? — perguntou, a olhando diretamente.

Ela deu de ombros de uma forma indiferente e ali estava o outro motivo pelo qual ele tinha tanta hesitação em casar. Quem cuidaria de Toph e de Lin se ele não estivesse ali? Sim, ela podia cuidar das duas sozinha, mas ele gostava de fazer parte daquela família.

— Eu só acho que você tem que fazer alguma coisa antes de perder sua namorada. Tá! Você cometeu um erro, mas ela não sabe e você precisa superar isso. — então tomou a única decisão aceitável e se levantou — Bem ela não vai acordar até amanhã agora. — disse, ajeitando a menina em seus braços — Eu vou dormir e você faz o que achar melhor.

Ficou um longo tempo na sala, encarando a porta e se perguntando se talvez não fosse a hora de ir para a própria casa. Haviam discutido sobre isso naquela manhã, sobre como ele sempre abandonava tudo para cuidar de Lin.

Talvez Toph tivesse razão e ele estava a um passo de perder Suki, isso era algo perturbador para ele, haviam passado 20 anos juntos, não era um relacionamento qualquer, mas talvez não funcionasse se passassem o tempo todo juntos, talvez não funcionasse se ele saisse correndo para socorrer Lin e Toph no meio da noite, e isso era algo que ele não pensaria duas vezes antes de fazer.

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Depois de quase uma hora, ele se sentia pronto para tomar uma decisão quando se levantou do sofá. Não queria encarar Suki naquela noite e talvez Toph precisasse de olhos para levar Lin no médico no meio da noite.

— Como você faz para conferir a febre dela? — perguntou se ajoelhando na cama ao lado da criança.

Toph nem sequer abrira os olhos e isso não fazia diferença para ela de qualquer forma.

— Você precisa deitar do lado dela — respondeu e então ele fez o que ela mandou, encostando a cabeça no espaço que a cabeça de Lin deixava vaga — Mais perto Sokka, você precisa estar encostando nela — falou mais uma vez enquanto sentia ele se mover para mais perto das duas — Agora você só precisa dormir — ela respondeu, colocando a mão no rosto dele — E me deixar dormir, por favor.

Ele riu baixinho, esticando o braço para tentar envolver o corpinho de Lin, mas sua mão acabou parando na cintura de Toph que apenas escorregou a mão até os ombros dele, se ajeitando.

— Pshiu, Sokka — ela resmungou mais uma vez, encostando o queixo na cabeça de Lin. Ele podia sentir os cabelos negros roçando seu rosto no meio da escuridão — Me deixa dormir e não esmaga a criança.

Ele sorriu mais uma vez, sentindo a mãozinha de Lin em seu peito, e então aninhou as duas até que os três adormeceram, sem febre ou dor.