Verdadeira Identidade

Capítulo 14


- Olá – disse alegremente.

Por cerca de dois segundos ninguém falou nada, porém todos viraram seus rostos incrédulos para mim. Um rosnado interrompeu o silêncio e, quando achei sua origem, um lobo corria a minha direção. Era Sam. Pelo jeito ele colocaria seu plano em ação, enquanto os Cullens, sem acreditar no que viam, não moveram um dedo para me ajudarem ou impedirem o Sam.

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Mas eu não precisava de ajuda.

Assim que o lobo chegou mais perto, prestes a atacar-me, balancei bruscamente minha varinha fazendo com que uma parede invisivel aparecesse a minha frente repelindo Sam para longe. Tal como acontecera com Victória. Os feitiços não-verbais eram ótimos. Ele prontamente se levantou, porém sem fazer nada rosnou para os outros lobos, que ficaram parados durante o ‘ataque’.

- Pelo jeito, o plano não deu certo, não é, Sam? – disse irônica. – apenas você se mexeu – continuei – Jared e Paul, que deveriam segurar Emmet e Jasper, estão parados. Collin e Brady estão parados também, nem tentaram segurar Jacob. Embry e Quil não seguraram Edward e Carlisle. E... apenas dois para segurar Alice, Rosalie e Esme? Tsc tsc, você deveria conhecer melhor os vampiros, já que é isso que matam. – comentei com descaso, mas sentindo um estranho sabor de vitória com todos os olhares, chocados e surpresos, sobre mim.

- Eles tinham um plano pronto para te atacar? – Rosalie quebrou o silêncio, perguntando incrédula a mim. Finalmente, olhei diretamente na direção onde todos os Cullen estavam. Parecia fazer anos que não os via. Olhei para todos, menos Edward. Algo me dizia que se o olhasse nos olhos, toda a máscara de frieza que estava usando cairia.

- Sim – respondi calmamente.

- E como você sabia de tudo? – perguntou Edward, numa voz estranha, que não era dele. Virei-me bruscamente para o lugar onde Sam estava, certamente Edward estava traduzindo o que os lobos pensavam.

- Se quiser falar comigo transforme-se novamente. – disse friamente. Ele rosnou, mas saiu dali, voltando logo em seguida na sua forma humana.

- Agora, responda! Como sabia? – exigiu saber. Mas que cara grosso!

- Não te devo satisfações. Na verdade, se eu devesse satisfações para alguém, com certeza não seria a você, já que tentou me matar. – falei rispidamente. Ele ia retrucar, mas o interrompi. – isso não importa mais. O que importa é o exército que está vindo. – os Cullens arregalaram os olhos, e alguns lobos recuaram surpresos.

- Como você sabe disso? – perguntou Jasper, incrédulo. Não respondi. Ficamos em silêncio por pouco tempo, já que logo Alice ofegou. Todos olharam para ela, e Jasper correu para o seu lado.

- Victória está morta. – afirmou, olhando para frente com a visão desfocada. Imediatamente, exclamações foram ouvidas, e os lobos fizeram um barulho, mostrando seu protesto.

- Como? Onde? Quando? E agora? E o exército? – perguntas foram ouvidas dos Cullen e de Sam, enquanto eu ficava parada, apenas ouvindo.

- Eu não sei... Foi de repente. Acabo de ver aquele Riley desesperado, dizendo para todos que Victoria morreu...

- Então o exército não virá? – o rosto de Esme se iluminou, mas Alice balançou a cabeça negativamente.

- Vêm. Riley quer vingança. Eles virão... amanhã.

- O quê? – exclamei.

- Mas não precisa se preocupar, nós... – Carlisle começou a dizer em tom reconfortante pensando que eu havia ficado preocupada, mas ele parou de falar ao ver meu rosto iluminado.

- Por que ficou feliz? –Jasper perguntou incrédulo, ótimo, ele estava lendo, ou melhor, sentindo minhas emoções.

- Depois de amanhã é natal. – falei como se fosse óbvio. Não entendi muito bem porque todos me olharam chocados. – se eles vierem amanhã, poderemos acabar logo com isso e, então, conseguirei comemorar o natal. Todo mundo está me esperando n’A Toca e... - parei de falar quando percebi que todos me olhavam como se eu falasse francês, apesar de eu desconfiar que os Cullen saibam todos os idiomas existentes e o francês não ser nenhuma dificuldade para eles.

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- Essa garota sempre foi estranha? – bufei irritada com a pergunta de Sam, que ninguém respondeu. Acho que achavam que eu realmente era estranha.

- Você não está nenhum pouco preocupada, Bella? – perguntou Alice preocupada, como se não me conhecesse.

- Tenho motivos para me preocupar, Alice? – perguntei, olhando-a com uma sobrancelha arqueada.

- Sabe... – disse, medindo as palavras. – vai ser fácil para nós.

- Vai ser fácil, então posso participar, certo? – perguntei fingindo confusão. É claro que não precisava da permissão deles, mas era divertido ver o quanto o lado protetor deles sobre mim ainda era grande. Divertido e irritante.

- É claro que não. – disse Edward pela primeira vez, convicto. Apenas suspirei fundo, evitando olhá-lo.

- Esqueçam tudo o que eu falei, ok? Vamos para o assunto sério. Nós precisamos treinar. Alice acabou de falar que os recém-criados... – mas novamente não consegui terminar pois Edward interrompeu-me.

- Nós nada. Você irá voltar agora para o lugar de onde veio. Não quero que se envolva, o que acontecerá aqui não tem nada a ver com você. – disse preocupado e, é claro, irritando-me. Ele, eu não admitia mais que tentasse me proteger. Eu sabia que com essa mania ele fora capaz de me deixar, me fazer sofrer. Com os outros era divertido, pois sabia que ninguém teve culpa. Edward era o culpado.

- Cala a boca, Edward. Essa sua mania de proteção está começando a me irritar. E eu tenho mais a ver com isso do que vocês pensam. – seus olhos brilharam de dor, contudo eu ignorei. Quem ele pensava que era pra mandar em mim?

- Bella. Você não pode participar. – disse Esme lenta e docemente, tentando por um fim na nossa discussão – apesar de tudo, você ainda é... vulnerável.

- Esme... – disse também lentamente, tentando controlar minha irritação. Eu não ia descontar em Esme que nunca fez nada de mal para mim, ao contrário, ela fora quase minha segunda mãe. – não sou vulnerável como vocês pensam. Achei que já tivesse demonstrado isso. – seus olhos brilharam de compaixão, porém ela não falou nada.

- Jasper, pode continuar com o treino. – falei, quase como se fosse uma ordem.

- Não sei se é seguro você ficar aqui, Bella. – disse Jasper. – e como o Edward disse... Você não tem nada a ver com isso. – disse lentamente, tentando me fazer mudar de ideia.

Suspirei. Eu não podia, quer dizer, eu não queria dizer que o exército estava vindo, sim, por minha culpa. Minha culpa porque Victória queria me matar por Edward ter matado seu parceiro. Minha culpa por eu tê-la matado e, agora, Riley querer vingança. Tinha medo que eles ficassem bravos comigo ou me acusassem. Ainda não tinha esquecido de meu sonho, onde todos me olhavam acusadoramente, ou quando pensei que os Cullen estavam me ignorando. A sensação era angustiante.

- Muito bem, vamos fazer um trato. Só quero ver vocês treinando, prometo que depois vou embora – para a casa de Charlie, completei em pensamento. Obviamente, eu não iria embora, mas eles não precisavam saber que eu estava mentindo.

- Tudo bem, você pode ficar hoje, mas amanhã não estará mais aqui. – disse Carlisle, vendo que nada me faria mudar de ideia quanto ao treinamento. Os outros assentiram, Edward a contra gosto.

Eles passaram o dia treinando, e eu tentei absorver tudo o que Jasper falava. Era moleza. Os recém criados usavam a força, e não a inteligência. Hermione teria os repugnado, com certeza.

Apesar de nossa briga, Edward me lançava olhares, os quais eu fazia questão de ignorar completamente. Eu estava sentada no chão mesmo, poderia muito bem ter conjurado uma cadeira, mas, pelo visto, eles achavam que eu só era capaz de conjurar uma flor. Bem, eles iriam se surpreender.

Graças a Merlim, ninguém me fez perguntas. Dedicaram-se completamente ao treino, por vezes esquecendo que eu estava ali, o que agradeci mentalmente.

(...)

Assim que cheguei em casa, obriguei-me a tomar um banho. Estava exausta. Durante o treino não acontecera mais nada de especial, no final dei um simples tchau e aparatei antes que alguém tentasse me impedir. Eu sabia que os veria novamente, então, não tinha motivos para uma despedida mais longa.

Depois de tomar um banho, fui andando meio trôpega para a cama, louca para deitar e dormir por horas. Mas, antes de chegar na cama, meu olhar recaiu em um canto especial do quarto: meu guarda roupa, mais precisamente minha gaveta onde eu havia achado minha varinha e por consequência lembrado de toda a minha vida. Esquecendo o sono, caminhei a passos lentos até a gaveta que ainda se encontrava aberta. Minha vassoura e mais alguns objetos ainda estavam ali. Revirei tudo ansiosa e acabei por achar meus livros dos outros anos. No meio deles um chamou minha atenção em especial. Olhando atentamente para o pequeno livro em minhas mãos reparei que era o mesmo livro que eu havia visto no mesmo sonho em que os Cullen olhavam acusadoramente para mim.

O mesmo livro violeta com alguns brilhos estava ali. Abri-o curiosa. Logo na primeira página estava escrito em uma letra não muito trabalhada “Diário de Lilian Evans”. Arfei surpresa. Um diário de minha mãe?! Passei para a próxima página com delicadeza, temendo que o livro desaparecesse das minhas mãos, pensava que a qualquer momento leria “brincadeirinha, você caiu!” Mas não, logo na segunda página uma letra pequena completava toda a página. Sem esperar por mais li seu conteúdo.

25/07/1971

Hoje recebi a carta de Hogwarts. Estou tão feliz! Eu ainda tinha dúvidas que eu receberia a carta, mas recebi! O mais estranho foi ver a coruja entrando pela janela. Minha mãe levou um susto. Papai não estava em casa. Túnia ficou de queixo caído quando viu que Severo tinha razão, eu sou uma bruxa. Não entendi muito bem porque ela correu pro quarto e se trancou lá dentro.

Assim que recebi a carta, fui correndo contar para o Severo. Ele também estava muito feliz, quando nos encontramos no parquinho, ele também tinha a carta nas mãos. Ficamos conversando por um bom tempo. Ele é bem legal, mas não gosto quando insulta a minha irmã...

Eu lia boquiaberta, chegando a reler algumas partes para confirmar se aquilo era realmente verdade. Minha mãe amiga de Severo Snape?! O homem que simplesmente odeia meu irmão? Continuei a ler esperando pela parte em que falaria que esse Severo não era o Prof. Snape, mas com o decorrer do diário percebi que era ele sim.

01/09/1971

Hoje, no trem, nós encontramos dois garotos. Muito arrogantes, na minha opinião. Insultaram o Sev sem nenhum motivo. Fiquei brava e sai da cabine, não passaria a viagem mais emocionante da minha vida ao lado de pessoas como eles...

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O resto da viagem foi muito tranquila, eu e Sev encontramos uma cabine e ficamos conversando até chegarmos...

Também teve a seleção das casas. Fui para a grifinória! Antes eu não entendia muito bem a importância das casas, mas minha nova amiga Marlene me explicou. Ela odeia os sonserinos, mas eu não, afinal Sev foi para lá. Fiquei muito triste por termos sido separados, ele era meu único amigo...

Fiquei boa parte do tempo lendo o diário. Li a historia de minha mãe enquanto meu coração doía de saudades. Ao ler os pensamentos da minha mãe fiquei imaginando como ela estaria hoje e relembrando coisas banais que fizemos juntas, de como ela me colocava para dormir... de quando ela me levou para o parque pela primeira vez... ou quando ela me levou para o ministério, para o beco diagonal... quando ela contou que estava grávida... Lembro-me muito bem que meu pai saiu gritando pela casa, pegou-me no colo e falou que eu teria um irmãozinho ou uma irmãzinha. Na época eu não tinha entendido muito bem o que aquilo significava, mas papai estava tão feliz que eu também não parei de rir... Lembranças tão boas. Senti lágrimas rolando pelo meu rosto, felizmente, consegui limpa-las antes que caissem no diário.

15/02/1975

O Potter me irrita. Simples. Eu não entendo. Qual o problema dele de falar Evans? Ele é um boboca. Faz de tudo para chamar a atenção de Merlim e do mundo, e não para de encher o saco. Hoje ele fez uma flor desabrochar na aula de transfiguração, e deu-a para mim. Todo mundo viu. Claro que fiquei um pouco desconcertada e tive que aceitar a flor porque todo mundo gritava para que eu o fizesse. Agora ela está aqui na minha frente. Até que era bonita, mas eu ficaria muito mais feliz se outro garoto a tivesse me dado ao invés do Potter. Mas que droga! É tudo tão confuso...

22/11/1976

Estou chocada. Eu ainda mantinha a mão na boca, tentando acreditar no que aconteceu. Mas eu não conseguia entender. Ainda não acreditava que Severo tinha me beijado. Ele se declarou para mim, disse que sempre me amou, desde a primeira vez que me viu. Isso aconteceu logo depois do Potter ter se declarado na frente de todo o salão principal, em alto e bom som. Eu, obviamente, dei outro fora nele. Mas logo depois, Sev me parou num corredor e se declarou. Eu nunca imaginaria isso. Éramos amigos e só. Ele ainda me pediu em namoro! Disse que ia pensar, apenas para não magoar seus sentimentos, mas eu já tinha minha resposta. Nunca nutri esses sentimentos pelo Sev, o via como melhor amigo, não como namorado...

O diário acabava ai. Virei afoitamente as páginas, procurando por mais, queria descobrir o que exatamente havia acontecido, porém não tinha mais nada.

Quando aceitei que realmente não tinha mais nada para ler deitei na cama exausta. Mas não consegui dormir. Ainda estava um pouco transtornada com tudo o que li. Minha mãe odiava meu pai. Meu pai, pelo que parece, gostou dela desde o primeiro ano, mas minha mãe demorou para aceitar sair com ele. Era tudo inacreditável. Eu só tinha boas lembranças deles, nunca os havia visto brigando sério, apesar de um discutir com o outro, logo meu pai estava a beijá-la. Percebia-se que os dois eram apaixonados, então, como minha mãe o odiava?

Mas meu pai também não era nenhum santo. Lilian escreveu no diário tudo que ele fazia, todas suas marotices, que, vamos combinar, não foram poucas. Não podia deixar de me sentir impressionada e orgulhosa por meu pai. Ele era muito inteligente!

Outra coisa que deixou-me completamente chocada: minha mãe era amiga de Severo Snape, o professor tão odiado pelo meu irmão. E pior ainda: ele era apaixonado por ela! Nunca tinha visto – lido – algo que me deixasse tão boquiaberta.

Finalmente, entendi o porquê de ele odiava tanto meu irmão e porque ele nunca me destratou. Harry era idêntico ao meu pai, Snape odiava meu pai. E eu que sou idêntica a minha mãe ele trata melhor, pois a amava.

Em meio a todos esses pensamentos confusos, dormi.

(...)

Quando acordei, fui direto tomar um banho. Vesti rapidamente uma roupa confortável. Meu coração batia descontrolado e eu suava a frio. Eu iria para uma guerra. Era muito aterrorizante quando se colocava desse jeito. Respirei fundo e aparatei diretamente para a clareira, sem me preocupar em usar a capa ou abafiato.

- O que está fazendo aqui? – perguntou Edward, assim que notou minha presença, de olhos arregalados. – e como chegou tão depressa? – os outros olharam para mim também, surpresos.

- Aparatando. – disse dando de ombros.

- Você prometeu que iria embora, Bella. – disse Carlisle repreendendo-me.

- Não podia perder a diversão. – disse dando um sorriso estonteante.

- Diversão? Diversão?! Você está louca Bella?! – Edward questionou boquiaberto. Uma gargalhada estrondosa foi ouvida.

- Essa é a minha maninha. – era Emmet, claro. Ele estava do outro lado, mas pude ver quando piscou com um olho para mim. Sem conseguir evitar, sorri, mas o sorriso logo se tornou tenso quando barulhos foram ouvidos. Eles estavam chegando. Eu não conseguia vê-los ainda, mas pelos olhos arregalados de todos sabia que boa coisa não era.

Menos de dois minutos depois, finalmente consegui vê-los. Vinham todos alinhados, parecendo um batalhão indo para a guerra. Um batalhão de vinte vampiros. Um se postava na frente, enquanto os outros estavam organizadamente atrás, um do lado do outro. Todos arreganharam os dentes e rosnaram, gesto correspondido.

- Bella, vá embora. – sussurrou Edward angustiado para mim. Um vento forte passou, rapidamente fechei meu casaco. Eu estava com muito frio. Meu queixo tremia e, provavelmente, meus labios estavam roxos. Para a minha sorte, tinha parado de nevar, mas uma geada forte nos rodeava. Os sortudos dos meus “companheiros” não sentiam frio, mas eu, infelizmente, sim. Isso com certeza não me favoreceria. O vampiro que estava na frente, que o reconheci sendo o Riley dos pensamentos de Vitória, inspirou fortemente. Seus olhos se concentraram em mim enquanto sua face se contorcia numa careta de pura raiva.

- O cheiro que estava nas cinzas de Victória – ele olhou diretamente para mim, seus olhos se tornando fendas enquanto ligava o pequeno quebra cabeça. – sua cadela assassina!