ORGULHO

FOTOGRAFIA - Mais que mil palavras


O sentimento que Deidara teve ao se deparar com a lente virada em sua direção foi de total desconforto.

— O que está fazendo? – perguntou quase num sussurro. Odiava falar em voz alta e odiava sua voz, mas mais que isso, odiava seu corpo e queria que aquele fotógrafo enxerido percebesse o quão inconveniente estava sendo.

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Sasori baixou a câmera.

— Desculpe. Estava fotografando as flores e nem te vi. – mentiu.

É claro que notou o belo homem de cabelos compridos e feição delicada sentado junto ao canteiro do jardim comunitário. Tudo nele parecia combinar com a paisagem e o ruivo não conseguiu resistir capturar o momento.

Deidara não se convenceu, mas não queria discutir. Apenas se levantou para ir embora.

— Espere! – o ruivo pediu numa tentativa de manter a conversa – Não quer nem ver?

— Não. – o loiro respondeu sem diminuir o passo.

Assim que as fotos daquele dia foram reveladas, sentiu um aperto no coração: apesar da beleza da composição entre o loiro e os crisântemos ser inegável, agora podia ver dor nos olhos do modelo. A melancolia pode estampar bem uma fotografia conceitual, ele sabia; mas ali, com a imagem em mãos, desejou que todos os males fossem retirados do caminho daquela pessoa que conheceu por breves segundos, mas que o tocou profundamente através das lentes.

Quis se desculpar por atrapalhar um momento tão íntimo, então continuou frequentando o jardim por várias semanas, mas não o reencontrou. O pensamento de que aquela teria sido realmente a última vez que veria o homem misterioso o deixou desanimado, então voltou à sua rotina habitual de artista.

Os meses se passaram e as flores, antes tão lindas, murcharam. Sasori não deixou de fotografá-las pois adorava acompanhar a mudança das estações. Para ele, flores murchas não indicavam o fim de uma vida, mas a transição para algo novo. O regresso da primavera no ano seguinte confirmou o conceito: por trás da câmera, viu os crisântemos desabrochem em toda a sua elegância.

Estava para fotografar a magia da vida quando alguém entrou em seu caminho.

— Com licença? – pediu educadamente.

A moça de longos cabelos loiros se virou assustada para encarar o rapaz ruivo que estava jogado no chão devido ao ângulo da foto.

— Me desculpa. – sorriu movendo o corpo para o lado – Achei que estava sozinha aqui.

Sasori estava prestes a avisar que a mulher não estava completamente fora do quadro quando percebeu que sua presença apenas agregava à paisagem. Não se conteve e tirou a foto.

Tímido, levantou-se e foi em direção à moça que parecia curiosa.

— Você acabou aparecendo. Quer ver? – perguntou.

— Sim! – respondeu empolgada.

Na imagem, um sorriso genuíno fora capturado enquanto os cabelos dourados voavam junto das pétalas dos crisântemos. Era lindo.

— Você ainda tem aquela outra? – ela perguntou, mas não esperou a resposta – Ah, não importa. Essa é bem melhor.

No final, Sasori estava certo: aquela foi realmente a última vez que viu o homem de olhos tristes, pois ele ficou na outra estação.