Depois de ter certeza da saída de Charles, corri pra casa de Joseph e o encontrei um pouco nervosa andando de um lado para o outro. No momento que passei pela porta, ele correu e quase se jogou em mim foi logo disparando.

— Esme, estava preocupado!!

— E eu também, eu o vi! Ele estava aqui né ... Me escondi nos arbustos.

— Eu estava com medo de que você o encontrasse na rua!

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— Como ele me encontrou?

— Parece que quando você chegou na cidade, escreveu o nome de sua irmã nos cadastros ... E bem, Elizabeth não está aqui. - Ele suspirou.

— Sim, é verdade! Eu não pensei em nenhum outro nome ... Preciso ir embora, Charles vai aparecer aqui de novo.

— Ele sabe que sou seu primo, então adivinhou que você viria aqui. Teremos que pedir a Deus para que você seja aceita para o trabalho em Ashland. Você não tem família lá, então ele não terá nenhuma razão para procurar por você lá,

Eu orei e minhas preces foram ouvidas. Dois dias depois, recebi uma carta do conselho escolar da escola de Ashland. Eles estavam desesperados por uma professora e dispostos a me aceitar por um mês como experiência. Havia uma senhora que morava perto da escola e tinha a casa como pensão as vezes e logo marquei seu endereço.

Me despedi de Joseph, muito agradecida pela a ajuda e parti de trem para Ashland. No caminho, só conseguia tremer as pernas de ansiedade e também preocupação.

Acariciei minha barriga e conversei com meu bebê.

Vai dar tudo certo, amorzinho! - Eu tinha um emprego e um lugar para ficar ... tudo estava se encaixando, vai dar certo.

A viagem para Ashland foi longa mas fiquei aliviada quando finalmente desci no endereço que me deram. Era uma casa alta e estreita pintada de amarelo claro com detalhes em azul... Bati na porta e aguardei.

Uma senhora abriu a porta para mim e logo supus que era a Dona da pensão ...

— Boa tarde, senhora - Eu disse um pouco timida.

— Boa tarde, você é a nova professora correto? - Acenei sorrindo e ela parecia simpática e era bem mais velha do que eu esperava, vestia um vestido de seda com um xale bordado jogado sobre os ombros. Ela me convidou com sua voz gentil.

— Você deve estar cansada e com fome, venha comigo! E deixe sua mala no corredor - Fiz o que ela havia pedido, deixei minha mala com algumas das roupas da falecida esposa de Joseph, que ele havia arrumado para mim.

Do corredor, fui para a sala de estar, que era grande, mas parecia pequena com a quantidade de móveis amontoados nela. Eu tive que deslizar para o lado, passando por uma mesa antiga e contornar um sofá, uma cadeira ocasional e um lobo de pelúcia antes que eu pudesse me sentar na poltrona para a qual fui direcionada. Mas ao lado dela havia uma mesa com uma toalha de renda e uma bandeja com um bule de prata e um prato de sanduíches, e eu estava tão grata com tudo que não conseguia esconder meu sorriso.

— Aceita, um chá Querida?

— Óh sim, muito obrigada! - Aceitei e peguei a xicara junto com o pratinho de bolachas, comi com muita vontade. Eu estava sentindo fome mais que o normal por causa da gravidez. A senhora me observou comer com um olhar de aprovação.

— Muito bem, precisa alimentar seu bebê. - Eu sorri. Ela sabia da minha gravidez por causa da minha carta que enviei antes de vir pra cidade.

— Sim, e eu sinto bastante fome desde que descobri minha gravidez. Acho que o bebê vai ser guloso - falei dando risada e acariciando minha barriga.

— Esse bebê vai tornar tudo mais fácil, Deus não te deixou desamparada ... Apesar da perda do seu marido, você ainda tem esse presente - ela sorriu e pensei nas suas palavras e as aceitei gentilmente. Charles não morreu, não sou viúva de verdade ... Mas sim, eu perdi um marido, nunca tive que me proporcionasse coisas boas, alegria. E agora, fica apenas eu e meu bebê e concordo que quem me presenteou meu filho, foi Deus.

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— Sim, o melhor presente de todos. - Sorri.

— Quando eu perdi meu marido, Richard. Foi muito dolorido mas o tempo nos ajuda. - Acenei concordando mas não quis seguir falando sobre isso.

— Compreendo!

— Fazia muitos anos que vocês estavam casados? - Curiosamente

— Sim, já fazia alguns anos... Eu ainda estou de luto e não estou acostumada a falar sobre isso. - Eu olhei para a minha aliança de casamento em meu dedo anelar e pensando que apenas queria aquilo longe do meu dedo, mas eu precisava pra continuar me passando como uma viúva. A senhora suspirou

— Claro, eu entendo! Depois de terminar o lanche, vou mostrar o seu quarto.

Meu quarto ficava na frente da casa, com uma linda janela grande com vista para a rua, papel de parede florais e móveis antigos de carvalho. Alguém havia colocado colocado um vaso de folhagem na penteadeira. E a cama tinha uma colcha de renda branca.

— Nossa, é muito lindo. - Exclamei com sinceridade e a senhora sorriu.

— Obrigada por me receber aqui - eu olhei em seus olhos muito agradecida.

— É um prazer querida. Acho que vamos nos dar bem. A ultima professora que esteve aqui era um pouco metida sabe? eu não gostava muito dela.

— Vamos nos dar bem sim, eu espero!

— Eu vou procurar um berço pra você e posso colocar nesse quarto mesmo. Um dos meus filhos me deu alguns netinhos e eles estão enormes então já deve ter deixado o berço de lado. - sorri para a senhora em sincera gratidão e ela me deixou sozinha.

Sentei-me na cama, olhei para o céus e apenas agradeci. Charles nunca me encontraria aqui em Ashland e decidi também não avisar a ninguém, nem minha irmã, principalmente meus pais e também a senhora Dolan que me ajudou tanto mas enviarei anonimamente o dinheiro que ela me deu de volta. Não posso arriscar que ninguém em Columbus soubesse onde eu estava. Não quando eles poderiam contar a Charles. Eu tinha que fazer isso funcionar aqui e criar meu bebê em um lugar seguro, onde ele conhecesse apenas amor e cuidado.

Nos meses seguintes, comecei a trabalhar a escola era pequena e minha turma era infantil e muito rapidamente passei a amar minha classe. Ensinar era um trabalho árduo, mas era engraçado e gratificante e eu gostava muito. No inicio fui olhada com desconfiança pelos pais, como qualquer estranho seria, mas assim que ganhei os filhos, eles se tornaram amigáveis.

Tudo está conforme minhas expectativas e até melhor ... minha barriga cresceu e minha condição ficou óbvia mas as mães dos meus alunos, a senhora Abigail da pensão estava me ajudando muito e fiquei bastante impressionado com a quantidade de simpatia e ofertas de ajuda e assistência que recebi.

Meu sonho se tornou real, ser professora e morar em outro Estado e agora vou ganhar um bebê lindo. Que poderei chamar de meu, meu filho, minha filha. Meu amor!

O conselho escolar me contratou permanentemente após meu período de experiência, gostaram da minha metodologia de ensino com a turma e as crianças estavam aprendendo muito bem. No inicio ficaram preocupados sobre minha gravidez mas eles tinham bom senso e entendeu que eu necessitava muito do emprego e agora já tem uma nova professora me acompanhando para me substituir na minha licença maternidade, uma jovem que se mudou recentemente pra Ashland e está morando também na pensão conosco. Ela era muito simpática e se tornou uma boa amiga.

— Grace, me mantenha informada sobre o progresso dos alunos enquanto eu estiver em casa.

Grace e eu caminhávamos de volta pra pensão após acabar a aula.

— Esme, você vai estar agarrada com seu bebê e nem vai se lembrar de trabalho. - Ela disse rindo.

— Sim, vou está super agarrada com meu pequeno! - Eu disse sorrindo e acariciando minha barriga, que já estava bem grande.

— Você vai ser uma mãe coruja, Esme. Aliás já é maior mãezona, as crianças que o digam.

Chegamos na pensão e fomos recebida pela senhora Abigail que parecia contente. Ela estava sempre fazendo alguma roupinha para meu bebê, me tratando com muito carinho.

— Boa tarde, meninas! Como foi a aula?

— Muito bom senhora Abigail, as crianças estão contentes com a Grace.

— Grace, é uma querida. Subam, se troquem e vamos almoçar.

Fizemos o que a senhora Abigail orientou, no quarto enquanto me trocava e colocava uma roupa mais confortável, procurei guardar os presentinhos que eu havia recebido de alguma das crianças. Grace veio do banheiro sorrindo e dizendo.

— Esme, tem ideia do sexo do bebê? - sorri

— Não! Mas quando penso me vem na mente um garotinho.

— Se for um garotinho, qual nome você vai dá? - Isso era algo que eu não conseguia pensar, são tantos nomes que me rodeava que eu ficava na duvida.

— Grace, se eu disser que ainda não sei? - gargalhei.

— Precisa pensar nisso, eu te ajudo. Você vai dar o nome do seu marido em homenagem a ele? - abaixei meu olhar e estremeci.

— Não! É eu acho melhor a gente pensar num nome mais jovem - eu disse tentando sair daquela conversa.

— Verdade, podemos nos inspirar em alguns nomes dos nossos alunos - Ela disse toda contente, Grace era um amor, concordei acenando e juntas fomos almoçar acompanhada da senhora Abigail.