Meus olhos mal abrem, tem sido assim desde que consigo me lembrar. Surra atrás de surra, servindo as ninfas à beira mar. Às vezes, elas me deixam ficar em uma caverna dentro do mar e até me alimentam. Esses são os bons dias, onde não tenho que pescar sozinha. Minha mãe chega e me lança um olhar de desprezo.

— Você não arruma nem o seu cabelo, a única coisa decente em você.

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Apenas abaixo a cabeça e espero o tapa vir, mas ele nunca chega. Ela me olha como se nem isso eu merecesse e sai.

A vida de uma híbrida de ninfa com algum Grão-Feérico é complicada. Meu progenitor, assim que soube que minha mãe estava grávida, nunca mais quis vê-la. Sou uma aberração dos mares, sempre me dizem que sou uma punição de Dione, deusa das ninfas do mar, para vida da minha mãe e das outras ninfas. Meus cabelos, castanhos com mechas azul mar, se adaptam ao meu humor, ora pendendo para o verde, ora para o azul oceano profundo e variações dessas cores. É uma herança que carrego das ninfas, junto dos meus dentes afiados que me ajudam a rasgar alimentos. O resto de mim representa meu legado feérico, as orelhas pontudas, a pele, tudo. E, isso o que elas mais odeiam.

Falta 1 dia para o meu aniversário e finalmente irei ter 8 anos. Com isso, posso finalmente fugir daqui e me alistar ao exército do meu Grão-Senhor. Servir em suas forças é meu sonho, desde que ouvi os representantes da corte conversando com a líder desse clã. Eles pareciam preocupados e procuravam algo, nesse dia me esconderam bem, mas eu consegui dar uma espiada. Mesmo sem eles terem me visto fui punida por minha desobediência. Suponho que sentiram vergonha de mim.

Finalizo meus afazeres e me deito na areia, enrolada em algumas algas e por fim adormeço. Em meus sonhos um futuro melhor vem ao meu encontro.