O Passado do Lobisomem

Capítulo 12


Após pintar o carro, voltamos para o quarto. Eu conversei pouco com Aldo pelo resto daquela noite. O medo que eu comecei a sentir por aquele homem começou a me dar náuseas.

- Qual é o problema? - perguntou ele.

- Problema? Nenhum, por quê?

- Você está quieta.

- Eu sou quieta.

- Não. Não é. - Aldo se aproximou de mim. - Você está pálida. Está se sentindo bem?

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- Devo ter comido alguma coisa que me fez mal. Estou um pouco enjoada, com vontade de vomitar.

- Mas você estava muito bem quando chegou.

- Provavelmente a comida decidiu me fazer mal agora.

Aldo continuou olhando para mim, me olhava fixamente nos olhos.

- Está mentindo para mim.

- O quê? Por que você diz isso?

- Está desviando seu olhar. Está olhando muito para o chão, como se não tivesse coragem de me dizer o que está dizendo olhando nos meus olhos.

- Eu não estou mentindo, Aldo. - falei, desta vez tentando olhar fixamente para os olhos dele.

- Não sei se consigo acreditar em você, garota.

Aldo voltou para a cama e deitou-se nela.

- Já são 23h. - disse ele. - Está na hora de você ir, não está?

- Está.

- Então, o que está esperando?

- Bem, até mais.

- Boa noite, garota.

Quando eu ia saindo, ele me chamou de volta.

- Evelyn!

Voltei para a porta do quarto dele.

- O que foi?

- Você não precisa esconder nada de mim. Como posso ter confiança em você?

Como assim? É ele que esconde um arsenal no armário e vem perguntar para mim como ele pode ter confiança? Me poupe! Eu queria dizer algumas coisas ali naquele momento, mas eu não estava emocionalmente pronta para isso. Então, simplesmente respondi.

- Tudo bem, Aldo. Até amanhã.

Apaguei a luz do quarto e saí.

*

23h05min

Do lado de fora, Jeanne e Denis me esperavam no carro dele.

- Denis, tem certeza que seu pai não vai se irritar por você ter pego o carro dele? - perguntou Jeanne.

- Claro que não.

- Como você sabe?

- Porque ele não sabe que eu peguei o carro dele.

- E ele não vai sentir falta se o carro não estiver na garagem?

- Ele já está dormindo numa hora dessas. Normalmente ele acorda para fazer um lanchinho da meia noite. Mas claro que ele não faz esse lanchinho na garagem, não é?

- Olha! - Jeanne apontou para a entrada do asilo, onde eu estava acabando de sair.

- É a Evelyn.

Procurei por eles, mas não conseguia reconhecer o carro do pai de Denis. Denis havia me dado uma descrição detalhada do carro do pai dele, e eu mesmo já o tinha visto anteriormente, mas como estava escuro, não consegui identificar o carro rapidamente. Então, ele buzinou e eu pude vê-los. Me aproximei até o veículo.

- E então? - perguntou Jeanne.

- Se a nossa teoria estiver certa, Aldo deve sair em poucos minutos. - respondi.

23h10min

- Calma, ele vai sair já já.

23h15min

- Ele deve sair em alguns instantes.

23h30min

- Tenho certeza que ele vai ser daqui a pouco.

23h45min

- Só precisamos esperar mais um pouco. - falei já com voz de sono.

23h57min

Eu, Denis e Jeanne estávamos dormindo. Eu estava com a cabeça encostada no banco da frente, Jeanne estava totalmente deitada no banco de trás, enquanto Denis permaneceu sentado, mas com a cabeça baixa e os olhos fechados.

Acabou não suportando e deixou sua cabeça cair de sono bem em cima do botão de buzinar.

Com o barulho da buzina, nós três acordamos simultaneamente.

- Gente, essa foi a pior ideia que vocês já tiveram. - disse Jeanne. - Onde já se viu? O idoso que Evelyn cuida ser o lobisomem.

- Acho que Jeanne tem razão. - falei. - Acho melhor...

- Olha! - Denis me interrompeu, apontando para a calçada em frente ao asilo. Estava ali parado um homem.

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- É o Aldo! - respondi.

- Alguém viu ele chegando? - perguntou Jeanne.

Nem eu, nem Denis havíamos visto.

- Certamente ele não passou pela porta. - falei. - A supervisora teria proibido ele de sair.

- Parece que está esperando alguma coisa.

Começamos a olhar atentamente para Aldo.

De repente, o celular de Jeanne começa a tocar:

"Telefonezinho tocando... Uhul! É telefonezinho tocando... Fone, fone, fone, fone, fone, fone, fonezinho, é o celular, é o fone fone tocando..."

- Alô. - Jeanne atendeu. - Não, mãe. Sim. Eu sei. Claro. Por que eu não diria? Ah, claro. Pode deixar. Mãe! Por favor. Ok. Estou na casa de Evelyn. Isso. Tá bom, tchau.

Quando Jeanne desligou, viu que eu e Denis estávamos olhando para ela.

- Que foi?

- Que toque ridículo de celular é esse? - perguntei.

- Tava na promoção.

Quando viramos novamente, vimos que Aldo não estava mais lá.

- Eita. - disse Denis. - Cadê o velho?

- Como ele pode ter sumido assim do nada? - perguntou Jeanne.

- Talvez da mesma forma que apareceu. - respondi.

- Legal. - Denis falou. - Um lobisomem que se teletransporta.

Eu estava intrigada com aquilo.

- Denis, dirija um pouco por aí. Ele deve estar por perto.

Denis rodou o bairro todo atrás de Aldo, mas não o avistamos em lugar nenhum.

- Gente... - disse Jeanne. - Vocês não acham que isso tá muito estranho?

- Com certeza está. - falei.

- Então vocês vão concordar comigo que é melhor irmos para casa?

- O que você acha, Denis?

- Não sei, Evelyn. Se você quiser, podemos ir agora.

- Bom, nós já o perdemos de vista mesmo... A não ser que...

- Evelyn, por favor, não! - Jeanne falou. - Chega de ideias malucas por hoje.

- Boca calada, Jeanne! Denis, você disse que três fazendas que não foram atacadas ainda?

- Exatamente.

- E se fôssemos até elas?

- Evelyn, não! - Jeanne gritou. - Você já não acha loucura isso tudo?

- Loucura seria a gente não continuar depois de toda essa espera. Se conseguirmos estar lá quando ele atacar uma das fazendas, pronto! Fim do mistério.

- Evelyn tem razão. - Denis falou.

- Pois vocês podem ir sozinhos! Eu vou pra casa!

- Tem certeza? - perguntei.

- Tenho sim. - disse Jeanne, saindo do carro.

Quando Jeanne saiu e viu aquela rua deserta, iluminada apenas pelas luzes dos postes, mudou de ideia.

- Pensando bem, acho melhor eu ir com vocês... Sabe, para garantir que vocês não vão se machucar. - disse entrando de novo no carro.

- Ok. - eu disse. - Vamos atrás desse lobisomem, então.