Estávamos sentadas na cozinha conversando sobre o que havia acontecido.

—Eu sei que fui imprudente, mas, eu fiquei com medo. Qual é a órfã errada na vida, ganha a oportunidade de começar algo novo longe e do nada ta grávida. Qual é? Isso vai ferrar com a vida de vocês e de todo projeto. – Clara dizia enquanto despedaçava um pão que Bete a fez comer.

—Você quase nos matou do coração Clarinha, você tem noção que todos ficaram te procurando? – Bete dizia sentada na cadeira do seu lado e passando a mão em suas costas.

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—Desculpe vó, eu sei que foi errado- Clara olhou e lançou um sorriso a Bete.

Então caiu um silencio no cômodo, estava ali somente Alicia, Bete, Clara e eu. Alex que a havia encontrado andando em direção a outra cidade que estava a dias de distancia para um viajante andarilho ficou encarregado de avisar a todos.

Até o momento que Clara chegou eu não havia dito uma única palavra, Bete e Alicia ficaram encarregadas das perguntas e eu estava ali apenas observando.

—Sophie? Acredito que você queira falar com Clara a sós? – Alicia perguntou olhando em minha direção.

Fechei os olhos e suspirei fundo tentando manter meu estomago quieto e minha cabeça sem conseguir estourar.

—Bete, acredito que você possa verificar se Alex conseguiu avisar todo mundo? Alicia, pode também ver se as meninas estão bem e levar as coisas de Clara para o quarto?

—Claro, querida – Bete disse enquanto se levantava e Alice só acenou com a cabeça e se levantou dando um beijo na testa de Clara.

—Eu já disse que sei que foi errado. – Clara disse empurrando o prato que estava a sua frente.

—Eu não lembro de ter acusado o contrário. – Eu disse olhando fixamente para ela.

—Qual é? Você não disse nada até agora, ficou nos encarando ou a madeira da mesa. Acho que isso quer dizer que feliz você não está.

—Feliz eu não estou? Lógico que não. Você fugiu Clara, nós ficamos te procurando por horas.- Eu disse me ajeitando na cadeira e tentando manter o tom o mais neutro possível.

—E eu sei que foi errado. Discussão encerrada? – Clara já havia levantado da cadeira.

—Sente-se que isso não chegou perto de começar e muito menos de virar uma discussão. – Eu disse fechando minha mão sob a mesa.

—Pode ser amanhã? Prometo estar no meu quarto esperando. –Clara disse se voltando para minha direção, mas, ainda em pé.

—Sente-se – Disse com meus olhos fixos nela.

Ela se sentou e bufou.

—Você tem noção do que tudo isso aqui significa?

—Sério, podemos deixar para depois o jogar na cara – Ela disse se soltando na cadeira e olhando para cima.

—Sophie, vocês não são números. – Nessa hora eu mesmo que com o tom mais baixo que o comum tive a atenção dela quando me olhou com dúvida.

—Eu – Nesse momento não acredito que ela estivesse me entendendo.

— Nós não trouxemos vocês aqui como números em um projeto. Vocês são pessoas que nós escolhemos estender não só a nossa mão, mas a vida toda. Não se trata de você ser órfã e estar gravida. Se trata de você ser a Clara, estamos aqui por você.

E o silencio recaiu por alguns momentos.

—Me desculpe, eu só não pensei. Eu vi o doutor chegando, eu vi como você saiu cedo ontem, estou vendo o quanto vocês estão brigando por tudo e que isso é algo que vocês deram a vida. E quando eu vi o resultado eu só fiquei em pânico de ser transferida de volta.

Clara dizia isso sem olhar nos meus olhos, e ali eu vi a menina que aprendeu que se você bater primeiro, talvez você não apanhe tanto da vida.

Estendi minha mão na direção dela e esperei que ela fizesse o contato.

—Ei, estamos aqui – Ali ela estendeu a mão e eu soube que talvez tivesse muitas outras coisas ao sair dali, mas, podemos passar por muitas coisas, e quem disse que não por tudo?