Reviver

Extra


Tudo já estava resolvido.

Os capangas do Coringa estavam incapacitados, assim como o próprio palhaço insano.

Batman estava ansioso.

Pela primeira vez em tantos anos de combate ao crime, a única coisa que ele mais queria naquele momento era voltar para casa, tirar o uniforme e contar histórias ao filho.

Dick estava preocupado.

Se encarregou de dar as coordenadas para os policiais chegarem até lá e também queria perguntar sobre Damian. Como ele ainda estava dormindo, foi ver se o parceiro precisava de alguma ajuda.

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Jason estava em pânico.

A câmera do veículo não mostrava nada além do estofado do carro. Quando se lembrou dos comunicadores dos uniformes, o rapaz já havia gritado, chorado e derrubado tudo o que viu pela frente.

— B, VOCÊ PRECISA VIR! — ele gritou, nem se importando com o quão alto aquilo ecoaria nas orelhas do morcego — VIR AGORA!

— Capuz Vermelho, o que...?

— AGORA!

— Pela sua cara, o som do comunicador estava no máximo! — Asa Noturna comentou com um sorriso zombeteiro.

— Se me contar o que aconteceu eu posso...!

— BRUCE, POR FAVOR! — o outro o interrompeu mais uma vez, parando para soluçar no começo de um choro — Por favor, por favor!

— Fique de olho neles, nos encontramos mais tarde — foi tudo o que o Cavaleiro das Trevas disse ao parceiro antes de voltar ao Batmóvel — Jason, preciso que você respire fundo e me dê informações!

— Foi minha culpa, mas eu não fiz por mal! — o mais novo respondeu em um fio de voz — Você acredita em mim, B?

— Eu acredito em você... — O justiceiro finalmente entrou no veículo, ativando o visor da Batcaverna para saber o que estava acontecendo. Já esperava ver coisas quebradas e Jason em uma de suas crises, mas estranhou Alfred não estar por perto.

— Já está vindo? — o rapaz perguntou passando as mãos pelo rosto — O Damian, ele...

— O que aconteceu com o meu filho!?

Aquele tom exigia respostas, exigia que Jason contasse tudo o que tinha feito “por engano”, exigia que ele assumisse a culpa por ter “quebrado mais ainda” o pobre Damian. Porém, Todd só conseguiu esconder o rosto entre as mãos e chorar com ainda mais força, sussurrando uma justificativa válida para que Batman voltasse ainda mais rápido:

— Ele precisa de você, B...

Jason se encolheu na cadeira, como se conseguisse se esconder de toda a culpa que sentia. Ele encarava os monitores, mas não tinha uma exata noção do tempo passando. Sua mente estava em outro lugar:

Ele já foi uma criança quebrada, torturada com um pé de cabra por um palhaço assassino. As lembranças ainda doíam, principalmente quando ele sonhava acordado vendo tudo acontecer novamente sem ter chance de se salvar.

Agora, ele tinha quebrado uma criança. Damian não se lembrava de nada, mas iria se lembrar dele o torturando. Teria pesadelos. Teria medo dele até que o medo se transformasse em ódio.

— Jason... — Batman o chamou, já estava de pé ao lado dele e com uma das mãos repousando no ombro do rapaz — O que aconteceu?

— E-eu... eu quebrei ele. Foi minha culpa de novo!

Não precisava ser o maior detetive do mundo para saber do que o antigo Robin estava falando. Também não precisava ser um psicólogo para entender que tudo aquilo, em grande parte, refletia o quanto Bruce havia negligenciado suas crianças.

— A culpa é minha porque eu não estava aqui quando precisaram de mim. Eu estava longe mais uma vez... — a voz do morcego estava cheia de culpa — Mas prometo ser um pai melhor para você também, Jason.

O mais novo o encarou sem entender do que ele estava falando. Faziam tantos anos desde que encarou Batman, ou melhor, Bruce Wayne como um mentor — ou como pai. Jason ficou ainda mais surpreso quando foi abraçado, um abraço forte e reconfortante, que conseguiu afastar aquelas lembranças ruins dele.

— Vou acabar ficando com ciúmes! — Dick disse risonho, olhando para os dois. Havia acabado de chegar.

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Como resposta, o patriarca estendeu um dos braços para ele, um sinal de que ele só precisava se aproximar para ser abraçado também.