— Nada de fazer perguntas a ele.

— Ok!

— E sem comentar sobre o passado dele também.

— Tudo bem!

— Nem fazer coisas perigosas!

— Tá legal...

— E, o mais importante, sem poderes perto do Damian — Dessa vez, Clark Kent disse em um tom bem mais sério enquanto endireitava a gravata — Você é um rapaz simples, que veio do campo, e fez amizade com o Damian porque eu e o Bruce somos amigos.

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— Eu sei de tudo isso, pai. Você e a mãe me fizeram decorar todas as regras desde ontem — Jonathan resmungou impaciente.

Vendo que não tinha outra solução além de ter esperanças de que o filho respeitaria todas as regras, como geralmente costuma fazer, Clark finalmente tocou a campainha da Mansão Wayne. Teve tempo de endireitar melhor a gravata e os óculos antes de finalmente ser atendido:

— Pontual como sempre, Sr. Kent! — Alfred abriu as portas de entrada — Receio que terão que esperar alguns minutos antes que... — Um som de louça sendo quebrada ecoou vindo do salão — Mestre Bruce e Damian estejam... — Novamente louças sendo quebradas, agora com risadas ao fundo — ... Céus! Parece que alguém quer ficar até tarde limpando o salão de novo! — O mordomo disse irritado. Com o silêncio instaurado mais uma vez, ele pigarreou e continuou — Como eu ia dizendo: Mestre Bruce e o jovem Mestre Damian estão no salão e ainda...

Dessa vez, o som de algo pesado caindo no chão e várias louças foi o que o interrompeu. O idoso suspirou e seguiu a direção do som. Os dois convidados, aproveitando a familiaridade com aquela casa, também entraram e o seguiram.

— A cristaleira! — Alfred constatou em um tom irritado assim que chegou ao salão. Não foi preciso nem mesmo perguntar quem tinha feito aquilo, as quatro “crianças” que ali habitaram apontaram umas para as outras, aos risos. — Patrão Bruce, creio que a queda do móvel e seu conteúdo não seja apenas do meu interesse! — Ele encarou o homem acabado sentado na cabeceira da mesa, que apesar de tudo continuava tomando o café como se nada tivesse acontecido.

— Fui eu Alfred... derrubei com o poder da mente. — O patriarca Wayne respondeu sem nem mesmo olhar para o mordomo ou para os filhos. Estava em sua pior versão: descabelado, barba por fazer, pijama abotoado torto, olheiras e, para completar, tinha um olho roxo. — Por favor, me coloca de castigo trancado no quarto — Bebeu mais um pouco de café, estava trêmulo — Eu preciso.

Alfred estava preocupado, os Kent estavam surpresos e os rapazes, enfileirados, começaram a rir e aos poucos foram até o pai. Damian se sentou no colo dele e o abraçou tentando esconder o rosto, esconder que estava rindo; Dick o abraçou e bagunçou ainda mais os cabelos dele; Tim se apoiou na mesa e colocou uma das mãos no ombro dele, a outra ele tentou tampar as risadas; Jason tomou a xícara das mãos dele e terminou de beber o café, jogando a inocente peça de porcelana no chão logo depois:

— Porra, a gente estava com saudade de você, velhote! — E riu.

— Ainda não são nem oito da manhã e eu não aguento mais vocês — Bruce constatou.

— Quem mesmo implorou para os filhos ficarem aqui até se sentir melhor? — Tim sorriu de canto, dessa vez sem intenção alguma de esconder.

— Ele fala assim, mas não vive sem a gente! — Dick cruzou os braços sobre a cabeça do pai.

— É, talvez não... — finalmente se rendendo, Bruce deixou escapar um mínimo sorriso enquanto endireitava Damian no colo e o abraçava um pouco mais.

Superman usou a visão de raio-x e alguns outros artifícios para se certificar que aqueles eram realmente os integrantes da família Wayne. Como Clark, apenas franziu um pouco as sobrancelhas enquanto encarava a cena estranhamente acolhedora. Até mesmo Jonathan achou estranho tudo aquilo.

— Como podem ver: uma semana é tempo o suficiente para que todos façam as pazes. Infelizmente, o estresse do Patrão Bruce continua alto, descobriram que agir desse jeito também deixa ele um tanto quanto irritado. Terá mais detalhes na entrevista.

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— Certo... — O outro adulto responsável da sala concordou acenando a cabeça lentamente — Sobre a entrevista: o horário combinado seria agora. Quer que eu volte mais tarde?

— Não será necessário, os rapazes já estão de saída.

Bastou a frase dita em um volume pouco mais alto e o olhar sério de Alfred para que as “crianças” Wayne parassem de irritar o pai e saíssem em bando do salão. Exceto Damian, ele continuava no colo de Bruce escondendo o rosto e não parecia disposto a sair de lá.

Jonathan olhava o amigo de longe, ainda da entrada do vasto cômodo, com esperança de que em algum momento Damian fosse o reconhecer. Notando a vontade do jovem Kent, Alfred o incentivou a ir até lá:

— Damian ficará feliz em conhecer o melhor amigo mais uma vez.

O herói mirim precisou juntar mais coragem para caminhar até o amigo do que para enfrentar vilões. Não é como se Damian o visse a primeira vez desde que acordou, mas seria a primeira vez sem resultar em uma crise logo depois. Iriam poder conversar, talvez até mesmo se divertir como nos velhos tempos jogando videogame! Bastava não o assustar.

Bruce estava prestes a chamar a atenção do filho para Jonathan, mas não foi preciso: Damian encarou o amigo quando faltavam alguns passos de distância entre eles. O encarou com os belos olhos verdes, sorriu, se levantou e saiu puxando Jon pela mão:

— Eu estava esperando você, quero mostrar várias coisas! — Falava como se tivessem passado apenas um final de semana longe um do outro — Aprendi a jogar videogame de novo!

Todos ficaram surpresos com aquela reação, principalmente o jovem Kent.