Reviver

Percepção


Dick estava sentado em frente à TV com Damian no colo. Tinha conseguido fazer o mais novo parar de chorar depois de tentar explicar a relação de “brigas e beijos” que Selina e Bruce tinham desde sempre, além de inventar uma desculpa para os arranhados da moça envolvendo gatos.

Agora, quem estava quase chorando era o próprio Richard.

Ele se sentia impotente, atado, um herói farsante que não consegue salvar nem mesmo o próprio irmãozinho. Não se sentia assim só pelo que havia acontecido à Damian, também se culpava pelo que estava acontecendo agora: o pequeno ainda tremia devido ao nervoso, além de ter o olhar fixo no nada.

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— Não sei mais como te acalmar, Dami... — Ele murmurou abraçando o pequeno com ainda mais força — Se continuar assim vai acabar...! — Dick não conseguiu terminar, não queria nem pensar na possibilidade de mais um daqueles ataques.

— Como ele está? — Selina perguntou entrando na sala de jogos, onde os “filhotes” se esconderam. Dessa vez estava de braços dados à Bruce — Eu sinto muito, eu não imaginava que ele pudesse ter algo como... Eu realmente sinto muito!

— Eu deveria ter ido direto ao ponto, ao invés de tentar esconder — Bruce tentou a tranquilizar, já tinha voltado a si e estava aparentemente mais calmo.

— Se tivesse dito de uma vez só eu não acreditaria — Ela ergueu os ombros, se soltando dele e aproximando-se mais do sofá — Damian, me desculpe por te deixar nervoso e... Damian?

— O que aconteceu? — O mais velho caminhou apressado até os outros, se abaixando de frente para os filhos e tentando entender o que havia de errado — Há quanto tempo ele está assim!?

— B...! — Dick tentou falar, mas o nó da garganta o fez hesitar alguns segundos — Ele ficou assim quando parou de chorar e...!

— Quanto tempo, Dick!?

— Eu não sei! — Graysson já tinha os olhos marejados — Uns cinco minutos, que diferença faz!?

— Ele está tendo uma crise! — o vigilante noturno afirmou. Já tinha jogado toda a calma para os ares, estava em ponto de entrar em colapso junto ao filho.

Aquilo bastou para que Dick começasse a chorar, perdendo completamente a compostura e qualquer outra coisa que o manteve firme até aquele momento. Selina, que já se sentia mal por se intrometer e ter passado dos limites, pegou toda a responsabilidade daquilo para si:

— Isso é culpa minha, e-eu... — Ela precisou parar e limpar as próprias lágrimas — ... sou um monstro!

— Eu fiquei com tanto medo de ele ter uma crise que eu nem mesmo notei que...! — Richard abraçava ainda mais o irmão, não sabia o que viria depois daquilo.

Aparecendo naquele cômodo como uma luz no fim do túnel, Alfred foi até eles mantendo a fachada de tranquilidade da melhor maneira possível. Com cuidado e ordens subentendidas, ele tirou a criança dos braços de Richard e o colocou deitado sobre o sofá, esticado, com a cabeça sobre uma das mãos.

O mordomo tinha escutado a discussão de antes, sabia que Dick estava acalmando o irmão e viu quando Selina e Bruce entraram lá, já de pazes feitas. Porém, estranhou não ter qualquer sinal de comemoração, dada a animação pueril que Damian mantinha em quase todos os momentos. Ele entrou lá já esperando que algo tivesse acontecido.

— Alfred, isso significa que... — Bruce começou, sem coragem para terminar.

— Sim, Patrão Bruce — o mordomo respondeu sem encará-lo, preferiu dedicar sua atenção exclusivamente à Damian — Damian é, infelizmente, epiléptico.

— Ainda tem chances de ele não ser, não é como se uma crise a mais fizesse tanta diferença, certo? — Selina olhou para o namorado, queria manter o otimismo apesar de ter lagrimas escorrendo pelo rosto — Certo!?

— É a terceira desde que ele acordou, ao menos que tenhamos percebido. Depois da segunda, assim tão próximas, deixa de ser apenas uma eventualidade — O mordomo respondeu pelo patrão.

— Alfred, ele não estava se debatendo como das outras vezes, tem certeza que isso é um ataque epiléptico? — O irmão mais velho queria se agarrar a qualquer esperança que fosse — Ele só ficou tremendo de nervoso! Isso! Essa falta de atenção deve ser por causa dos medicamentos que ele toma!

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— Existem vários tipos de crise, Dick... — o patriarca finalmente juntou forças para falar mais uma vez — Pelo que parece, ele teve uma quando estava comigo e eu também não notei.

— Estão preocupantemente perto umas das outras — o anoso alertou.

— E o que isso quer dizer? — a senhorita Kyle, que já estava próxima o suficiente para acariciar os cabelos escuros de seu mais novo filhote, ousou perguntar.

— Que preciso levar meu filho para exames — Bruce respondeu, se sentindo derrotado antes mesmo de ter algum veredito