versinhos de gaveta
inferno astral
culpada
por acreditar
me deixando levar
por múltiplas figuras
que não fui capaz de enxergar
me escondo então em uma caixa
e não deixo ninguém me encontrar
dentro dela vomito meus medos
inseguranças e anseios
sapos que engulo
depois de paralisar
diante de situações desgastantes
que não cansam de me encurralar
ingênua
pequena
me sinto a isca perfeita
para ser pega no esquema
que armaram pra mim
no fim
eu mesma os armei
muni todos com meus deslizes
passos em falso que dei
ciclo que vem e vai
sem hora certa de partir
às vezes chega de surpresa
e não me deixa levantar
mesmo depois de tanto cair
nos olhares que via luz
agora vejo sofrimento
causa de minha impotência
meu pensamento
tão desatento
perdido
tentando se afogar
rindo da boca pra fora
com lágrimas prontas para deslizar
por todo o meu rosto
meu corpo
cansado
meus pés
amarrados
indo pra frente
meio arrastados
não posso mais ignorar
mesmo que dentro dessa caixa
me sinta segura
escura
que esqueçam de mim
pura amargura
se é isso que levo
aqui mesmo eu espero
não sei pelo que
nem por quê
parece que pedir serenidade
sempre foi pedir demais
paz
impossível
minha boca não sabe calar
quando uma chuva de alegria cai sob meu olhar
como evitar
se como criança eu deixo escapar
peço perdão ao universo
por esquecer de me guardar
e sempre voltar para esse baú
me trancando em um segredo
que só eu sei decifrar
propositalmente
necessário
meu silêncio
meu afago
lentamente
me apago
para poder me desenhar
mais uma vez
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