Mitológicas

A Estrela das Águas


Jaci admirava os humanos.

Eles falavam muito, se expressavam, e viviam tão intensamente que, às vezes, Jaci desejava por um momento ser humana. Conversar abertamente com eles, andar pela Terra como eles, e viver como eles. Porém, ela acha que não conseguiria deixar seu posto. Aquele povo precisava dela como deusa fazendo com que a luz chegasse quando Guaraci se retirava. Mas Jaci ainda os admirava e essa sensação aumentava quando ela olhava para as mulheres.

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Elas eram tão... mulheres. Jaci não sabia explicar direito. Sua relação com o gênero feminino era de muita admiração e amor. Sentia empatia para com elas, saber na pele o que elas passavam e entender. Por isso, quando as jovens vinham até ela e pediam para levá-las para morar junto com a deusa, ela ficava radiante e atendia aos seus pedidos, embora se culpasse um pouco de tirá-las de suas famílias. Mas teve uma que foi... diferente.

Naiá era uma jovem que sempre a apreciava. Todas as noites, sem falta, ela ia até a beira do rio e se sentava contemplando Jaci, desejando que ela fosse escolhida pela deusa lua e virasse estrela. Entretanto, por algum motivo, Jaci não sentia que era a hora da índia sul-americana e por esse motivo, não a escolhia.

Ah, Jaci se arrependeu tanto.

Quando, em mais um noite, Jaci se levantava para ocupar o lugar antes de Guaraci ao céu e não viu os olhos escuros de Naiá em si, ela soube que algo estava estranho. A jovem nunca, nunca, desde que descobriu o que acontecia com as garotas escolhidas por Jaci, faltava em seu posto na beira daquele rio.

E então ela soube. Naiá em mais uma noite, viu a lua nas águas e não pensou duas vezes antes de se atirar nas águas. Só que Jaci não tinha ido buscá-la.

Jaci se sentiu mal. Não achava que a jovem queria tanto isso. E ela não pode cumprir. Porém Jaci ia fazer um último feito por Naiá, depois de ignora-la.

Agora iria brilhar, mas não no céu.

Naiá era uma linda estrela das águas.