Medusa não achava aquilo justo.

Não que ela fosse uma juíza excelente ou que tenha toda a sabedoria para julgar alguma situação, mas aqui, nesse acontecimento, ela tinha certeza. Isso não é justo.

Quando acordara naquela manhã, com o carro de Apolo começando a cruzar a abóbada celeste, o seu objetivo era o mesmo que sempre teve desde que foi encarregada de cuidar do templo de Athena. Ser sacerdotisa era um dos sonhos de muitas garotas, e ser sacerdotisa de Athena talvez fosse o maior, depois de Ártemis e Apolo. A tarefa era simples; pestar culto a deusa, deixar o templo limpo etc etc. Atena apenas dizia ter uma condição: ser virgem e pura, assim como ela.

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Medusa até que fazia um bom trabalho, junto com Esteno e Euríale. Ela amava ser sacerdotisa, ela amava e admirava Athena e como a deusa demonstrava a sua personalidade e como não precisava de homem nenhum ao seu lado para ser incrível. Medusa queria ser como ela.

Medusa se lembra perfeitamente. Ela estava no templo em frente ao altar da deusa quando sentiu que alguém havia entrado ali. Se virou para a entrada, mas como não viu ninguém achou que tinha sido coisa de sua cabeça. Quem dera fosse.

Quando finalmente percebeu o que estava acontecendo ele já tinha a prendido. Mesmo assim tentou lutar, escapar, pedir ajuda. Ah, como gritou, como pediu, como implorou por ajuda, para ele parar, parar.

Ninguém veio.

Quando acabou, quando finalmente acabou, Medusa se sentiu suja. Se sentiu quebrada, imunda. Sentiu que tinha pecado o pior dos pecados. Mas depois ela entendeu que não. Ela não tinha pecado, não tinha errado, ela não tinha culpa. Mas Atena não entendeu infelizmente.

Quando a deusa apareceu Medusa contou toda a história, contou a verdade. Foi difícil mas ela falou. Confiou na deusa. Confiou que ela, sim, faria um bom julgamento. Mas, embora fossem deuses, eles ainda agiam como humanos.

Atena não queria ouvir ou não teve tempo para pensar em ouvir. Então, Medusa se viu mudando, se transformando. Viu sua pele, antes lisa e bonita virar escamosa e pegajosa, nasceram presas em sua boca, e seus cabelos, seus lindos cabelos, criaram vida e se transformaram em serpentes.

Medusa foi castigada.

E Poseidon, bem, ele era um deus. Ninguém o castigou, ninguém falou um a para ele. Pelo menos não antes de apontar para Medusa.

E agora prestes a ser morta por um homem, Medusa estava perdoando eles. Todos que a julgaram, ou tiveram medo dela, ou a chamavam de monstro pelas costas. Ela perdoou Atena.

Ela se perdoou.