Simon Reis entrou em sua casa disposto a destruir todos os vestígios que o lembrasse de sua angústia. Pegou as fotos emolduradas na parede e as jogou dentro de uma lata de lixo. Acendeu o fósforo e jogou na lata, deixando o fogo queimar a única memória que tinha de seus pais.

Desde que sofreu o acidente de carro no último ano, ele jamais voltou a ser o mesmo. Havia um enorme buraco dentro de seu peito. Se sentia culpado, e além de tudo, era o único culpado. Se não fosse viciado em álcool, e se soubesse controlar suas apreensões, seus pais e sua namorada poderiam estar vivos.

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No verão do penúltimo ano do ensino médio, Simon havia tirado sua tão sonhada carteira de motorista. Ele dirigiu cerca de duas horas até chegar ao campo de margaridas, onde sua mãe cuidava da fazenda da família. Em um relapso momentâneo, bebeu todo o whiskey que seu pai guardava no escritório. Ele subiu no carro acompanhado por Larissa e seus pais, e seguiu pela auto estrada, totalmente bêbado e perdido em si mesmo.

Ninguém além dele sobreviveu. O único entre todas aquelas pessoas que merecia estar morto.

Agora ele estava sozinho, morando com o avô que mal fala. Vivendo em uma pequena casa próxima do mar, cheia de poeira e rachaduras sobre as paredes. Seria o seu próprio inferno pessoal, porque ele, não merecia nada além daquilo.