Amor Perfeito XIV - Versão Arthur

Trágico destino de Murilo


Arthur Narrando

Parei em frente a casa de Diana e Danilo e fiquei uns cinco minutos pensando e refletindo sobre tudo aquilo e tentando me acalmar. Não iria me meter em uma briga com ele. Isso só iria me prejudicar. Ele seria o bonzinho e eu o surtado. Voltei pra casa e vi Kevin saindo pra comprar os remédios de Rafael, falei que precisava conversar com ele quando voltasse. Fiquei nesse meio tempo com meu amigo.

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— Voltei. – ele apareceu e Rafael sorriu.

— Não estou feliz por te ver, quero o analgésico e o anti inflamatório. – ele falou me fazendo rir. Kevin tirou as caixas da sacola.

— Já está sentindo dor novamente? – ele perguntou enquanto pegava a água que estava na beirada da cama dele.

— Estava só brincando com você. – ele ficou olhando pra ele. – Mas pode me dar, já está na hora.

— Para. – puxei Kevin antes deles se beijarem. – Daqui a pouco o pai dele tá por aqui, tá com um zelo... Rafael vai ter desejado não ter machucado.

— Quem deseja machucar Arthur?

— Vai com ele, depois você vai dormir. – o loiro ordenou e meu irmão obedeceu.

— Kevin você tem noção das coisas que aconteceram com você hoje? – perguntei ao entrarmos em meu quarto.

— Eu ter ficado daquele jeito?

— Você já esteve em situações de perigo antes, não foi a primeira vez. Você tem uma resistência mental e inteligência emocional invejável... Isso não é coerente.

— Eu sei, mas acontece.

— E aconteceu por um motivo. – respirei fundo. – Por causa dele. Você estava preocupado com ele.

— A gente já conversou sobre isso ontem Ar... – o cortei.

— Você sente por ele mais do que pensa que sente. Mais do que eu pensei. E é muito louco isso, porque eu juro que não achei que fosse possível.

— Eu não estou entendendo o que você tá querendo dizer.

— Não tenho certeza, mas acho que você o ama. – ele franziu a testa. - Ninguém está tão surpreso quanto eu... Não acredito no que eu percebi porque pra mim você e o Murilo estão destinados... Acho que todo caminho leva um ao outro. Mas o que eu vi hoje... Se você sente mesmo isso tudo por Rafael... Não sei de mais nada.

— Isso só me torna mais frágil ainda. – ele olhou pra baixo. – Talvez o nosso pai tenha percebido isso antes de você e ter dito que Rafael era uma escolha melhor era por isso.

— Filosoficamente falando a existência dele não passa de um peso na terra. Por que ele não suporta ver você amando alguém?

— Tem a ver com a minha criação, você não iria querer saber. – ele suspirou. – Arthur... Rafael tinha que sair daqui.

— Quer que eu invente um motivo pra ele e o meu pai voltarem pra casa?

— Preciso que faça isso.

— Você sabe que me pede umas coisas sem lógica né?

— Você sabe que sempre consegue tudo né? – me levantei.

— Vou almoçar para voltar para o trabalho. Ravi me deu folga pela manhã por tudo que aconteceu, mas não quero abusar.

— Tá aí o exemplo de ser humano. E eu vou dormir.

Aquele dia já começou terrível, só que podia piorar. E piorou. Quando cheguei em casa quase no fim da tarde recebi a ligação de Murilo, Eliot terminou o namoro, os amigos dele não eram da cidade e estavam viajando, ele se sentiu completamente sozinho, assustado, desamparado e resolveu se internar em uma clínica psiquiátrica. O médico dele autorizou e o levou e iria entrar em contato com os pais dele. Era a única ligação que ele faria antes de pegarem o celular dele. Briguei tanto com ele.

— Murilo, quando estamos entediados ou sozinhos, vamos pra um lugar novo, não sei... Não isso.

“Tenho um problema psiquiátrico gravíssimo Arthur e fiquei com medo de dar alguma crise sozinho. Não tenho nenhum controle e os remédios não são milagrosos.”

— Tá bom. – respirei fundo. – Eu entendo. Mas você imagina como seus pais vão ficar?

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“Não posso viver a minha vida pensando nos outros.”

— Desculpa, mas eu acho que você já faz isso há um bom tempo.

“Não merecia que você me dissesse isso.”

— É a verdade. Você destruiu os seus pais. Eles só queria passar um tempo ao seu lado. Você deu o que a eles? Uma semana? Que isso Murilo. Você só pensa no Kevin. E apenas nele. Tá fazendo isso inutilmente, não dá pra controlar o destino!

“E se o destino dele for o Rafael? Acho que já deu tempo pra você perceber né?”— suspirei. – “O que você queria que eu fizesse ao ver que ele achava que ainda me amava, mas estava apenas enganado? Tinha que dar espaço a ele pra ele ver que quando ele olhava para o Rafael os olhos dele se iluminavam e que a forma como ele sentia ciúme dele não era uma paixão qualquer... Conheço o Kevin melhor que todos Arthur. Mesmo com a sua personalidade complexa, eu o conheço de verdade.”

— Você chorou tanto comigo aquela madrugada não foi apenas por ter que ir embora e sim por saber disso né?

“Sim. E eu não quero atrapalha-lo nem confundi-lo mais ainda. Preciso desligar, estão esperando. Talvez esse mês aqui me faça bem. Assim como um novo amor está fazendo bem a ele. Tentar ter um novo relacionamento não foi o melhor caminho pra mim e a gente sabe disso.”

— É, você só gostava dele e apesar dele ser legal... Não era o Kevin. – dei um novo suspiro. – Se cuida Murilo. Pensa no quanto esse amor com o meu irmão te amadureceu e tenta levar as coisas boas, os dois cresceram muito apesar de tudo. Se decidir sair dai e precisar sabe que pode me procurar né?

“Sempre.”— ele deu uma risadinha fraca e desligou. Odiava essa diferença drástica entre os dois, onde um estava inteiramente feliz e o outro lutando para superar, fazendo besteiras, se machucando... Era muito triste.

Kevin Narrando

Não sabia o que estava sentindo, saber que Murilo havia se internado provava o quanto ele não se sentia bem. E eu estava perdido demais em Rafael pra notar isso. Os planos eram deixar Alice na casa dela e voltar a dormir, mas eu demorei muito a consolando e esperando que Arthur chegasse pra ficar com ela.

Já era noite. Não sabia exatamente pra onde eu iria.

— Vai ir ficar com Rafael? – olhei meu irmão após sua pergunta.

— Por quê?

- Ele já sabe. Eu precisava desabafar com alguém.

— Tá. – suspirei. – Só não entendo. Por que o namorado dele não terminou com ele aqui antes de ir embora?

— Talvez ele não tivesse oportunidade né? Eu faria o mesmo.

— Esperaria ele voltar? O menino iria ter um mês aqui pra superar com os amigos e a família.

— Não foi só isso que o levou àquele lugar. Sabemos disso.

— Vou ir. – quando cheguei lá Luna já sabia e estava discutindo sobre o assunto com todos incluindo Rafael e o pai.

— Vinicius acabou de me mandar mensagem. – ela disse me olhando. – Você tá bem?

— Pra você se preocupar comigo tinha que ser sério mesmo.

— Para de bobeira Kevin, sei que ele é importante pra você e você deve estar mal agora.

— É o que ele precisa pra ficar bem. – respirei fundo.

— Esse é aquele garoto que foi buscar eu e Rafael? Ele parecia tão bem.

— Não falem do Murilo como se ele estivesse doente! – Isadora disse se levantando. – Quem precisa de cuidados aqui é ele. – ela segurou os ombros de Rafael. – Vou preparar uma sopinha deliciosa pra você.

— Fala pra ela que não estou resfriado. – ele disse baixinho me olhando.

— Aproveita e agradece, minha mãe nunca foi a dona de casa que faz sopinhas. – Luna disse e ele riu. – Depois que ela parou de trabalhar ela faz várias coisas na cozinha, mas sopa? Nunca vi.

— Ela queria ir pra um lugar que pudesse chorar em paz. – Mark disse e nos olhou. – Pode ir lá ver e ela com certeza estará picando uma cebola e colocará a culpa nisso. Tá preocupada com Murilo.

— Na verdade todos nós estamos. – falei o olhando.

— Ela tá mais, por ter sido psicóloga e entender a doença e por ser vó, os avós são pais duas vezes, é mais intenso. Bom... – ele se levantou. – Vou lá fingir que não sei que ela está sofrendo e tentar distrai-la.

— Eles são fofos. – o pai de Rafael falou e sorriu.

— Você tá bem? Sem dor? – Luna perguntou ao Rafael. Ele concordou. Yuri desceu arrumado e iria sair, com certeza com a nova namorada. A mãe perguntou aonde ele iria, mas ele nem respondeu. Percebi a tristeza dela.

— Ele não vai ficar muito tempo assim, é passageiro. – falei a ela.

— É, eu sei. – ela suspirou. – Por que você bateu em seu pai hoje Kevin? – vi o susto que o pai de Rafael tomou.

— Como você sabe?

— Gustavo comentou com Ravi.

— O meu pai acabou de contar. – Sophia disse entrando na casa. Ela estava com Larissa. – Chamei todos pra virem pra cá.

— Ninguém morreu. – falei a olhando.

— Murilo está internado em uma clínica psiquiátrica, isso é sério. Sim, é como se alguém estivesse prestes a morrer. Se você não se importa o problema é seu.

— Ela sabe que você se importa. – Larissa disse e me olhou.

Depois que todos chegaram eles começaram a fazer divagações sobre como ele estava no natal, o comportamento dele, tudo o que aconteceu em volta dele e de suas atitudes. Não aguentava mais aquilo.

— Não te achei lá dentro. – Rafael disse se sentando ao meu lado. – A sopa realmente é maravilhosa, você devia comer.

— Estou sem fome. Como tá sua perna? – ele ficou me olhando. – O que foi?

— Parece que ele pode receber visitas. Se você quiser ir eu vou entender. Até prometo não sair de casa pra não correr nenhum risco pra você ficar tranquilo.

— De onde veio essa compreensão?

— Você tá sofrendo Kevin, eu estou vendo isso. E não é pouco.

— Ele foi embora porque estava com saudade do cara e o cara vai e termina com ele. Por isso ele foi tão legal por ligação quando ele contou que me fez carinho. – falei e Rafael suspirou.

— Kevin... Esquece essas coisas.

— Ele é um escroto que finge que é legal.

— Não. Já parou pra pensar que ele pode ter ficado de saco cheio? Que é chato pra caralho você tá com uma pessoa que tá pensando em outra?

— Os seus olhos são lindos e eu quero te beijar. – falei depois de um tempo olhando pra ele.

— Mas agora você não pode. Vou entrar, tá frio aqui. – vi ele se levantar.

— Rafael... Eu não vou ir vê-lo. Espero que isso te diga alguma coisa. – me levantei também ficando em frente a ele. – Toma cuidado pra não confundir as coisas, ele é meu primo e alguém especial e que está... – meus olhos encheram de água e ele me abraçou rapidamente.

— Ele vai sair dessa. – me separei dele rapidamente. – Arthur disse que iria dormir com Alice hoje, pra ela ter um apoio, os pais dela devem estar péssimos também e podem precisar dele por lá. Então eu pensei em você dormir comigo com a desculpa de que ele não vai estar aqui. – sorri. – Pelo menos melhorei seu humor um pouquinho.

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— Você sempre melhora meu humor, sempre. – sorri mais ainda.

— Vem, vem comer a sopa que cura qualquer coisa, você não vai se arrepender. – ele me arrastou e eu resolvi ceder porque eu sabia que fazendo o que ele queria eu o deixava satisfeito e contente e quando isso acontecia a sensação que eu tinha era muito boa. E decidi que pelo resto desse dia eu iria esquecer tudo e focar apenas naqueles olhos azuis, que eu tanto amava e não encontrava palavras intensas o bastante para descrevê-los. Pelo menos por essa noite eu iria fingir que tudo se resumia em nós dois. Eu cuidaria dele a noite toda, como era para o Arthur fazer e me sentiria grato internamente cada segundo que passasse por ser eu a estar ali.