Amor Perfeito XIV
Decisão de Murilo
"E eu estou bem cansada de sentir sua falta."
Alice Narrando
Era aniversário de dezesseis anos da Gih e como daqui três dias seria o de dezenove do Arthur, já estávamos comemorando também.
— Murilo faz muita falta. – Yuri comentou meio emburrado. Olhei para Kevin, que milagrosamente estava com a gente hoje.
— Faz mesmo, ele não calava a boca. Era pior que eu. – Alê falou e eu o encarei com raiva.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Para de falar do meu irmão como se ele tivesse morrido!
— Se ele estivesse aqui aposto que já estaria inventando uma aposta idiota para perder pra mim. – Ryan disse rindo. – Arthur é o alicerce do nosso grupo, mas o Murilo é a alma.
— Aí ele conheceu as sombras... E sumiu.
— Devo me desculpar Sofia? – Kevin perguntou irritado.
— Acho que deve. Já que não consegue trazê-lo de volta.
— Vocês não vão começar essa porra não né? – Arthur olhou para os dois.
— A gente só queria entender o que aconteceu, porque vocês não contam nada.
— Ue gente, o Murilo quis ir passar um tempo longe. Ele não estava aguentando mais ficar aqui. Vocês conhecem o meu irmão não conhecem? Esse abrigo não era pra ele.
— Tá, vamos falar de outra coisa agora... É impressão minha ou tá rolando alguma coisa aí? – Otávia perguntou apontando pra mim e Arthur me deixando absurdamente sem graça.
— Sim. – ele respondeu me abraçando por trás e beijando meu rosto.
— ATÉ QUE ENFIM! Murilo ir embora comoveu vocês dois?
— Foi Kevin. – respondi lembrando que Arthur havia me contado que foi tudo planejado. – Ele nos mostrou que o que sentíamos era maior do que tudo que passamos e que tínhamos que seguir nosso coração.
— Nossa! Então acho que Kevin é o nosso ídolo agora e deve ser exaltado.
— Já estava sendo. Ninguém para de falar no quanto ele é inteligente, esperto e não mais o que.
— Alexandre ninguém tem culpa da sua falta de qualidades.
— Sou engraçado. - quase todos riram.
— E só. Kevin também é engraçado e o pior que ele não precisa se esforçar pra isso.
— Querida, ele é gay tá? Caso você ainda não esteja sabendo.
— Eu sei idiota. Não é por que estou elogiando que quero dar pra ele.
— Amor. – chamei a atenção do Arthur. Ele ainda estava abraçado a mim e me olhou. – Rafael não para de olhar de olhar para o Kevin. – falei baixo.
— Já o alertei que Kevin não se interessou por ele, mas ele disse que ele é lindo e gostoso e que qualquer ser humano no mundo se interessa por ele. – nos olhamos e eu ri.
— Ele é pior que o meu irmão. – fiquei triste. – Estou com tanta saudade!
— Você vai ver ele daqui poucos dias.
— Não sei. Ouvi uma conversa estranha do meu pai com o tio Gu sobre pedir o histórico do Murilo na escola.
— Vou perguntar minha mãe se ela sabe de algo.
— Será que existe a possibilidade do Murilo ficar lá?
— Alice... Não sei. – vi pelos seus olhos que sim.
— Vou ficar imensamente triste com ele se isso acontecer.
— Ele tem que decidir o que é melhor pra vida dele. Você não pode cobrar tanto dele agora. Eu te amo e eu vou cuidar de você enquanto ele não estiver aqui. – nos abraçamos em meio a alguma discussão idiota do pessoal.
Murilo Narrando
Precisei de um tempo para me recuperar depois daquela ligação. Jamais imaginei que iria vê-lo. E ele estava tão mal, tanto quanto eu ou pior. Só queria estar com ele. E não podia.
— Oi. – Eliot chegou e viu o meu estado. – Nem vou perguntar como você está. Trouxe uma coisa. – ele mostrou um pote transparente com algo dentro e colocou no frigobar. – Sorvete de chocolate. Eu que fiz. – o olhei como se ele estivesse mentindo. – É sério, lá em casa tem a máquina. É um pouco complicado, mas depois que você consegue acertar o ponto certo não erra mais. – ele se jogou na poltrona. Estava cada vez mais a vontade. – Ligou pra ele? – franzi a testa. – Qual é Murilo, você sabe que tem que ligar!
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Liguei para o meu primo que é irmão dele e eles estavam juntos, fui falando que sentia a falta dele e acabamos conversando. Terminamos de vez. Se era uma confirmação que ele queria acabou de ter. - ele ficou em silêncio parecendo perceber a tristeza daquele ato. – O que você está pensando?
— Não importa. – ele se levantou e foi até a sacada. – Acho que o sorvete veio no momento perfeito.
— Eliot, eu quero saber o que você está pensando. – ele se virou para mim e cruzou os braços.
— Por que Murilo?
— Eu não tenho certeza de nada e isso me deixa muito assustado.
— E saber o que eu penso muda o que nisso?
— Eu te achei maduro... Você pode me ajudar.
— Você já fez o que eu acho que devia ser feito, conversar com ele. Agora se o seu coração está pedindo para manter esse fim, mantenha. Só não podia ficar fugindo, isso jamais.
— Você tem cara de que também foge. – dei um sorrisinho e ele riu.
— Qual é a programação de hoje? – peguei meu celular ao ouvir sua pergunta.
— Sabe aquele aplicativo que você conheceu o primeiro cara que você ficou? – ele concordou. – Instalei. – ele arregalou os olhos e abriu a boca. – Não é você que diz que eu devia estar curioso? Acho que estou começando a ficar.
— Você não é daqui, vai fazer sucesso.
— Esse é um jeito estranho de dizer “você é lindo e todos vão te querer”.
— Você é arrogante mesmo né?
— Diz isso porque não conhece meu ex namorado. Kevin é a personificação do amor próprio.
— Para ele investir no primo garanhão imagino que seja mesmo.
— A história mais louca que se pode imaginar. – meu coração começou a doer. –Vem. – quase gritei. – Vamos ver as minhas opções. – ele se deitou ao meu lado e encostou-se à cabeceira da cama.
— Nossa! – falamos quase juntos no primeiro que apareceu. – Amo homem tatuado.
— Bem vi duas tatuagens no rosto do Kevin. – ele comentou e bufou. – Ninguém vai ser igual a ele Murilo.
— Mas é o que me atrai. Cala a boca. Olha, esse tem as características bem típicas daqui.
— Você gosta? - nos olhamos.
— Acho interessante. – vi que tivemos uma conexão. – E agora Eliot, o que eu faço? – ele começou a rir.
— Diz pra ele “querido, estou querendo esquecer meu ex namorado, pode me dar uma ajudinha?”. – dei um soco nele.
— Não sabia que você era engraçadinho.
— Diz Oi Murilo. Simples.
— Todo mundo diz Oi, eu tenho que dizer algo diferente para me destacar.
— Te conhecendo há apenas pouco mais de uma semana eu já tenho dezenas de frases que combinam com você e que podiam ser ditas. Mas nenhuma delas pegaria bem.
— É mesmo? O legal é que eu não perguntei.
— Eu vou te enforcar com esse travesseiro.
— Não dá, ele é macio, são algodões egípcios e penas de algum bicho bem caro de algum lugar mais caro ainda. – ele enfiou o travesseiro no meu rosto enquanto eu ria.
— Você zomba do trabalho dos outros porque nem tem um.
— Eu zombo porque nasci pra isso, zombar das pessoas.
— Duvido que você zombava do Kevinho.
— Kevinho? Tá aí algo que eu nunca o chamei. Acho que ele ia ficar bem bolado.
— Lá vocês não usam apelidos no diminutivo?
— Sim, mas costumamos mais encurtar o nome, algumas das minhas primas me chamam de Mumu por exemplo.
— Mumuzinho. – ele me olhou e riu.
— Você tá tão engraçadinho. Vai lá pegar o sorvete. Estou curioso pra saber se tá bom.
— Espera congelar mais. O caminho de casa até aqui é curto, mas eu demorei na recepção.
— Ah, me deixa perguntar antes que eu esqueça. De quem aquela garota linda com... – ele me interrompeu.
— Não. Fica longe dela.
— Só quero saber quem é o pai dela.
— O dono do hotel.
— Fiquei confuso. Os donos não são meu pai e tios?
— Lá em Torres. Mas todo hotel nos outros lugares geralmente tem um sócio.
— É mesmo, Alela tem. – lembrei-me desse detalhe.
— Mas aqui por ser o primeiro hotel achei que não.
— Esse é o terceiro na cidade, tem um que realmente não têm sócios e só quem cuida é um pessoal por parte do seu pai.
— E por que eu não fiquei lá?
— Porque Gardan trabalha aqui e parece que ele é mais próximo ao seu pai que todo o resto.
— Ele é legal né? Gostei dele. – ele concordou. – Por que não posso chegar perto dela?
— Você vai fazê-la sofrer né Murilo?! Ela pode se iludir e...
— Mas ela é tão linda. – o interrompi. - Sempre achei as formas femininas muito bonitas. Aprecio ainda mais uma mulher pelada, do meu lado, querendo dar para mim sabia?
— Muito legal saber da sua intimidade, mas basta. – ele ficou sem graça e eu comecei a rir.
— Espera, eu não te contei como eu gosto com os caras, eu tenho que te dar detalhes. – ele tampou os ouvidos e começou a cantarolar que não queria saber. E eu passei a azucrina-lo ainda mais. Gardan era mesmo um gênio. Sem Eliot acho que eu estaria a beira de um precipício.
Alice Narrando
Finalmente deixaríamos o abrigo. Eu não estava acreditando nisso. Entrei na sala do meu pai sem aviso e o peguei discutindo com a minha mãe. Pra variar.
— O que foi Alice? – ela perguntou nervosa.
— Quero saber se preciso fazer alguma coisa além de arrumar as minhas roupas.
— Qualquer coisa a gente vai falar.
— Por que vocês estão assim?
— Por favor, deixa a gente conversar Alice.
— Como se conversassem. Tá, eu deixo vocês brigarem. – sai da sala aborrecida.
— Ei, o que foi? – Arthur me encontrou no meio do caminho.
— Os meus pais. Parece que agora que estamos saindo daqui eles vão finalmente se separar.
— Eles estão discutindo né? – o olhei desconfiada. – Eu sei o que é. Não vou esconder as coisas de você, esse foi um dos meus erros no passado. – ficamos nos olhando. – Murilo quer ficar lá, o seu pai concorda e sua mãe não.
— Como assim quer ficar? Ele é louco? Isso é loucura! Ele tem uma vida aqui.
— Ele só vai terminar o ensino médio Alice. Ano que vem ele estará de volta. Vão ser apenas quatro meses.
— Se ele ficar lá ele pode esquecer que eu existo!
— Deixa de ser mimada. Eu já te disse que ele tem que pensar no que é melhor pra ele agora.
— Mimada? Sério Arthur?
— Estou te tratando como uma adulta. Não era isso que você sempre quis?
— Não precisa me magoar pra isso. – ele não me deixou sair e me abraçou.
— Desculpa. Não deixa isso atrapalhar a gente.
— Se você me acha mimada nem devia estar comigo.
— Não acho que seja, acho que está sendo. É diferente.
— Eu amo o meu irmão Arthur e quero-o perto de mim.
— Sim, eu sei. Mas às vezes as pessoas precisam se afastar e a gente tem que entender.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Tá bom. – suspirei. – Vou arrumar as minhas coisas. – ele segurou meu queixo e sorriu.
— Não vou te beijar porque não posso, mas é o que eu queria. Promete que vai tentar não ficar triste?
— Prometo. – sorri e fui até o meu dormitório, onde encontrei Soph e ela parecia bem ansiosa.
— Você demorou! – fiquei pensando em que momento eu disse que estaria ali. – Preciso de uma ajuda.
— Aposto que tem a ver com Yuri.
— Bem esperta. – ela sorriu e se sentou. – Vamos voltar a nossa rotina. Quero saber se ele está com intenção de voltar a dar uma de Murilo.
— Ficar com todas? – ela concordou. – Mas vocês não estão ficando?
— Sem compromisso né Alice. E sabemos bem o que ele quer.
— Você quer que eu pergunte isso a ele.
— É, mas sem perguntar diretamente. Sonda como quem não quer nada.
— Tá, eu faço isso. – ela sorriu e me abraçou. – Sai Sofia.
— O que você tem Alice? Tá chateada com alguma coisa?
— Tô, mas não quero falar disso. Já arrumou todas as suas coisas?
— Sim. Andar de roupas curtas é bom por isso. – ela piscou e riu.
— Que tristeza! – Fabi disse ao aparecer e simulou um choro. – Não quero ir embora.
— Fica aqui. – Soph falou a agarrando de lado.
— Você vai me dar meu diploma né linda?
— Cadê a Alícia? – perguntei estranhando elas não estarem juntas.
— Não sei. Ela tá meio chatinha... Porque o Rafael tá esquisito.
— Acho que ele nunca vai superar Kevin não ter se interessado por ele.
— Menina, eu não entendi nada. Ele arrumou uma loucura de querer o Kevin. Ele só fica olhando pra ele, o garoto fica até sem jeito.
— Eu não posso falar muito. – falei e elas riram.
— Vou evitar contato. Não quero ficar louca com Kevin, Deus me livre! – Soph falou quase gritando. Ela começou a fazer teorias de como seria hipnotizada por ele e as loucuras que faria. Pelo menos a tarde passou mais leve e mais alegre.
"As coisas mudam. Não significa que melhoram."
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