Just another girl

Chapter Twelve


E se nada estiver dando certo,

feche os olhos e pense em mim,

porque eu vou fazer deste lugar o seu lar.

(You’ve got a friend, James Taylor + Home, Philip Phillips)

Minha casa está vazia, à exceção de mim e de Quinn. Ela me dá espaço para eu não falar nada. Ainda estou sentindo meu coração assustado, mas decididamente estar fora do McKinley me faz melhor.

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A gente vai para a cozinha e fica sentada nos banquinhos da ilha. Eu sei que já passou, mas ainda quero chorar. E eu o faço, porque tenho nojo de mim mesma, tenho nojo de Puckerman ter encostado em mim. Quero tomar banho e ficar debaixo do chuveiro por horas.

Eu não sei mais para onde ir, de verdade. Mudei de bairro. Vou ter que mudar de cidade mesmo? Não seria difícil, já que eu amo Nova York e sei que meus pais estariam dispostos a fazer isso por mim. Mas não quero abandonar toda a minha vida só porque sou uma garota assediada por um garoto que parece que não vai parar.

— Eu vou sair do Glee – sussurro por entre as lágrimas. É a primeira coisa que faz sentido. Infelizmente, é preciso. Dividir as aulas obrigatórias já é horrível. – Onde quer que eu esteja, ele está lá também.

— No Glee também? – Quinn pergunta, e eu confirmo. – E... o que aconteceu?

Olho para ela. Não posso contar, porque ainda é difícil.

— Se quiser contar, é claro – ela adiciona. – Só acho que você não deveria ter medo de dizer a verdade.

— Ainda é horrível – eu choramingo.

Ela aperta os lábios, num gesto solidário, e apoia o queixo no meu ombro direito, me abraçando meio desajeitada.

Não sei por que, mas senti falta dessa proximidade. De ela fazer exatamente o que me acalma.

— Não é horrível se a gente enfrentar isso juntas – Quinn fala no meu ouvido.

Olho para a cozinha, para cada pedaço dela, tentando fugir de qualquer resposta.

— Garotos podem fazer a gente se sentir um lixo – eu digo, e percebo que não estou falando somente de Puckerman. Também lembro de Finn. Quinn se afasta e me olha, e isso me dá coragem para começar a falar com franqueza – Eu vim para o McKinley por causa dele. Na outra escola, a gente era colega e teve um dia que ele chegou até mim, dizendo que tinha tido um sonho sobre a gente namorar, porque somos judeus. Eu achei que fosse só uma brincadeira, mas ele foi além. Me abordava toda hora, nas aulas, nos corredores. Aí, teve uma festa que ele me agarrou à força – posso visualizar com precisão a luz fraca sobre mim e Puckerman quando esse momento aconteceu, porque acho que nunca vou esquecer – Ele me beijou e... e era o meu primeiro beijo, sabe? – adiciono, sem graça, mesmo sabendo que ela não vai me julgar.

— Puta merda – ela fala, expressando um calor diferente. Talvez ela também esteja enojada.

— Obviamente, eu odiei. Aí, depois disso, eu sabia que não podia voltar para a escola.

— Você tem que falar com o diretor.

— E eu vou falar o quê? Que tem um garoto popular querendo me beijar?

— Rachel, ele tá te perseguindo – Quinn fala, pacientemente – Você tem que falar a verdade para outras pessoas. Se não, isso nunca vai parar.

Eu assinto, sabendo que ela está certa. Mas e se parecer que eu sou a culpada? E se eu simplesmente tivesse consentido? Ele mesmo disse que ficou com raiva por eu fugir. Se eu não tivesse fugido, ele teria parado?

— Vou pensar.

— Você tem que fazer isso. Eu vou com você.

Entro em um desespero momentâneo. Parece pressão demais. Não sei se quero ter de falar a verdade ainda. Eu sei que preciso fazer isso, mas também preciso ter o meu tempo.

— Vou estar com você, Rachel – Quinn afirma, séria, aperta a minha mão.

Isso quase me faz querer chorar, porque era disso que eu precisava e nem sabia. Só queria ter alguém do meu lado que não fosse embora quando as coisas estivessem horríveis. Que não fosse dizer que a culpa foi minha.

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Claro que não posso contar com Finn, porque ele nem me nota. E nunca vai notar, eu tenho que entender isso.

Saio do banquinho e abraço Quinn. É meio de surpresa, mas ela corresponde.

— Obrigada. Você não sabe o quanto isso é importante pra mim.

Quero dizer o quanto ela é importante para mim, mas não o faço.

{...}

Não precisamos dizer mais nada para sabermos que a nossa amizade voltou. Quinn anda comigo pelos corredores e diz para eu não desistir do Glee.

— Você ama isso.

Eu não desisto, mas ao mesmo tempo não tenho mais vontade de ficar lá. Todos os duetos de meninos com meninas que acontecem, eu faço com Kurt. Não me interesso mais por Finn, e sei que o sentimento está se apagando tal qual uma chama de vela. Eu sei que ele vai morrer de verdade a qualquer momento.

Quinn e eu passamos mais tempo juntas, fazemos festas do pijama com mais freqüência (agora sem bebida, a mando de Quinn), e eu quase me sinto feliz. Só não consigo estar, por causa de Puckerman.

Um mês se passa e eu ainda não consegui ser corajosa. Quinn não me pressiona a ir até o diretor Figgins, mas eu sei que está esperando.

Puckerman tenta chegar em mim outras vezes, mas de longe. Quando a Quinn está por perto, ele só sorri com sarcasmo. No Glee, ele sabe que me ameaça só de me olhar, e eu sei que isso não deveria me afetar, mas me afeta.

Eu tento seguir com a vida. Faço meus vídeos. Estudo para a escola. Vou até a gelateria com Quinn.

É claro que as coisas acabam seguindo um rumo. Ainda não estou pronta para parar de sentir medo, mas eu sei que só preciso de tempo. E é bom saber que eu não preciso passar por isso sozinha.