Janeiro de 2017, divisa de municípios. Em algum lugar no interior do Brasil...

A frente,na estrada, uma placa caindo aos pedaços dizia:

"Seja bem Vindo, mas não corra"

E para você que deve estar se perguntando em qual sentido, prefiro dizer que em ambos ou todos que se possa imaginar. De longe a cidade mais peculiar e mais intrigante na qual já morei e olha que eu já passei por muitos lugares em várias épocas de nossa história humana. Talvez o povo seja cego em todos os lugares, mas por aqui isso é característica primária , ou ainda: um requisito principal. Cegueira onde não enxergam nem o que se passa no mundo físico, que dirá no espiritual. Ah que festa que meus "amiguinhos" fariam aqui não é ? De certa forma é a razão de eu estar aqui. Explicarei tudinho melhor a seguir.

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Bom. Acho que vocês deverão ver com vossos próprios olhos, ou melhor: ler.

— A Senhorita deseja alguma coisa ?

— Olá. Desejo sim. Você está vendendo este imóvel ? - Parei de frente para o homem que estava atrás de um balcão no térreo do prédio. O lugar fedia a cimento misturado com cigarro do paraguai.

— No momento não. E como sabe que eu sou o dono ?

— Palpite - Andei olhando em volta vendo o prédio em um estado bem precário. Não deveria ter mais do que 4 andares e em cada andar provavelmente não mais que um quarto/kit-net.

— Se a senhora deseja comprar algum imóvel, para fins de prostíbulo sugiro que procure a imobiliária na esquina ali na frente. Ou qualquer beco deve servir afinal - Falou em voz rude enquanto lia o jornal. - Não quero saber de prostitutas por aqui.

Olhei por cima do óculos e o encarei firme.

— Então minha roupa não o agradou?

— Eu não tenho tempo a perder com putas. Anda! Suma daqui!

Meu sangue ferveu. Mas eu não poderia fazer nada, não naquela hora. O dia estava claro e eu não poderia me expor. Mantive a elegância e saí. Aguardei até a noite e retornei até lá, mas do jeito como aquele homem merecia. Os pensamentos dele eram tão sórdidos que me arrependi de tentar entrar na mente dele para tentar convencê-lo da venda.

— Isso merece ser em grande estilo - Olhei-me no espelho do hotel ajeitando o vestido preto colado no corpo. Calcei os sapatos, peguei o casaco de pelúcia e meus óculos escuros.

Ah e um cigarro! Da melhor qualidade que achei quando estive em Paris. Peguei o carro e saí. Deixei - o estacionado na praça e fui caminhando até o prédio.

— Que porra é essa? - O Ouvi gritar de dentro do pátio do prédio, enquanto tragava seu cigarro barato. Talvez ele notou a mudança repentina no vento e no clima.

— E ai? lembra de mim? - Teletransportei para dentro do pátio e ele levou um susto.

— Como você entrou aqui sua vadia? O que você quer?

— Eu nada. Só acho que deveria tratar uma mulher com mais respeito

— Você? - Gargalhou - Mulherzinhas como você que se vestem assim não merecem ser respeitadas. Acha mesmo que eu venderia meu prédio pra você? Olha pra você garota. A não ser que você queira me dar algo além do dinheiro. Algo que você esteja acostumada a dar para a maioria...

— Ah não? Que pena. Só que hoje não - Ergui a mão e ele flutuou no ar esbravejando palavrões.

— Está... Me ... Sufocando... Ah!

— Vai continuar me chamando de vadia ?

— Além de vadia é um demônio!

— Se é assim que você acha que sou. Assim eu serei então. - O enforquei cada vez mais forte e lancei ele sobre a parede. Ele caiu quase morto e sem ar. - Ah e de agora em diante. Você será só história nesta cidade de merda. E nunca mais chamará ninguém de demônio.

Quebrei-lhe o pescoço com um movimento de dedos. Desenhei com um punhal em seu pescoço dois riscos enquanto recitava:

mortuis. et quod nulla oblivione delebitur

signantes litteras ipsius animam doloris

et scientia

mitto purgatorias

Tal feitiço permitiria que a alma dele sofresse o quanto merecesse e que fosse ao purgatório para fins de aprendizado. Ao que recitei, aconteceu o que já era esperado. O corpo regurgitou um líquido preto e olhos escureceram aos poucos até ficarem completamente negros incluindo a parte branca.

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Caminhei para fora da li me transportando de volta para a rua. Tratei de voltar ao carro e seguir logo para o hotel.

Eu precisava de uma residência fixa para poder me aproximar dos estudantes da universidade sem levantar suspeitas ou revelar minha identidade. Era minha missão. Eu já havia me livrado do dono ranzinza do prédio. Com certeza agora a família o venderia. Só algumas reformas e ficaria perfeito. Não foi difícil me aproximar e perguntar se caso venderiam para mim. Falar com a esposa dele foi bem mais tranquilo do que eu imaginava. Talvez aquele prédio fosse um estorvo na vida deles assim como ele. Ela não parecia estar de luto.

— Pagarei a vista. Tenho pressa.

— Claro - Ela não perguntou nada. Só me passou tudo e fomos ao cartório no dia seguinte.

Após sair do banco, e efetuar o depósito mandei uma mensagem avisando e mostrando o comprovante. Ela mandou vários emojis felizes e me agradeceu. Todos esses séculos de riquezas me serviram de algo enfim. Nem que fosse para ficar bem diante de Lilith.

Logo fui para o prédio. Contratei uma empresa e fizemos as reformas necessárias.

Após algumas semanas assisti na tv, um programa que falava de crimes nas redondezas. Citaram a morte misteriosa de um homem. Por minha sorte a polícia não caça bruxas.

Ah! E claro vocês devem se perguntar o porquê de eu estar atrás de um prédio nesta cidade tão parada. O motivo é mais simples do que se imagina.

Fui eleita guardiã daqui e aparentemente por ser pacata, a cidade é perfeita para os demônios aprontarem todas. E Dona Lilith me incumbiu de vigiá-los. Por que as pessoas têm mais filhos do que podem tomar conta ? Enfim.

Toda Cidade tem um guardião. Aqui não era diferente, mas ele "pediu para sair" pois não aguentou.

Ah, e já ia me esquecendo. Prazer. Chamo - me Zenith(pronuncia-se "Zênif") e serei a mais nova guardiã de Serohell.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.