Um amor de contrato

Estou aqui, com você


Quanto mais Rony tentava se desvencilhar das loucuras do pai, mais ele se via preso. Exigir um casamento era algo absurdo, ainda mais absurdo do que exigir um neto, e ele teria desistido da inseminação se tivesse sabido desse grande detalhe antes.

Maldizia-se por ter rasgado o tal documento que o pai lhe entregara no dia do seu aniversário. Sentia a cabeça quente fazia três dias ao pensar na reação de Hermione sobre tudo isso. Por mais que remoesse outra solução, não tinha como voltar atrás. Ela já estava grávida e terminar com a gestação era algo que não passava pela cabeça do rapaz.

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Pensou, enquanto dirigia para a casa da jovem, que poderiam adicionar uma cláusula ao contrato sobre o casamento, lhes dando um determinado período, afinal, não existia exigências de tempo de união estável para que o documento estúpido do pai tivesse validade perante os acionistas.

Subiu o primeiro vão de escadas pensando em como falaria sobre aquilo para ela e desejando que ela concordasse. De repente, se viu pensando que eram muitas escadas para uma gestante subir e descer todos os dias. Era um ponto positivo para um “casamento”. Ela ficaria mais confortável na casa dele. Teria uma ajudante na casa, um motorista e poderia reservar um dos quartos para ela e...

— Rose? O que houve? Por que está chorando? — Rony encontrou com a pequena descendo as escadas e sentiu o coração se partir.

— Minha mãe me mandou ir pra casa do Rick, tio Rony — ela soluçava — A minha avó chegou aqui e fez a mamãe chorar. E é minha culpa a mamãe estar chorando, a vovó estar aqui.

— Me explica o que houve, Rose? — ele a segurou nos ombros, se abaixando diante dela e a menina o abraçou. Foi uma sensação estranha, que o deixou completamente sem jeito, mas que ele não esquivou.

— Eu liguei pro vovô mais cedo, a mamãe não sabia — soluços dela e a sensação quente de lágrimas no ombro dele — Eu disse pra ele que eu vou ter um irmãozinho, que a mamãe vai ter um bebê seu, tio Rony, porque ela me explicou de manhã. Eu fiquei feliz — mais soluços e um aperto mais forte no abraço — Todos os meus amigos tem irmãos e eu vou ter um...

— Tudo bem, Rose, respira e explique — ele a confortou acariciando seus cabelos.

— A vovó chegou aqui, agora. Mamãe já ficou triste na hora que viu a vovó. A vovó não gosta de mim porque eu “arrunei” a vida da mamãe. E ela falou uma coisa feia pra mamãe e ela chorou, me pediu pra ir pra casa do Rick e a vovó ficou lá com ela — de repente a menina se soltou do abraço e olhou para Rony com seus grandes olhos castanhos, vermelhos do choro recente — Ajuda a mamãe, tio Rony. Não deixa a vovó deixar ela triste.

— Onde é a casa do Rick? — ele perguntou e ela apontou para uma porta ao fim das escadas — Vá para lá, pare de chorar e me espere, tudo bem? — ela acenou com a cabeça, parecia mais segura e Rony sentiu algo estranho ao perceber isso — Eu vou buscar a sua mãe.

Ele a observou descer e tocar a campainha da casa ao fim dos degraus. Em seguida, uma jovem senhora abriu a porta e se espantou ao ver a menina chorar. Rose já foi entrando e Rony seguiu os degraus que faltavam para o apartamento de Hermione. O coração estava agitado, o estômago, de repente, gelou. O que ele poderia fazer?

— E o que você é, Hermione? — ouviu a voz de uma senhora através da porta. Não sabia sobre o que falavam e decidiu continuar ouvindo aquela conversa.

— Eu sou uma mãe, mamãe, igual à senhora — Hermione falou em meio às lágrimas. A voz embargada.

— Não — a mulher falou com sarcasmo — Você não é uma mãe igual a mim. Nunca foi e nunca será! Eu me orgulhei de ter tido você, planejei, fiz tudo o que pude e te dei o melhor. Você não é como eu.

— Eu faço tudo o que posso pela minha filha, mamãe. A Rose, mesmo com toda a dificuldade que eu enfrento, nunca teve falta de nada! E eu me orgulho dela.

— Você se orgulha disso? — a mulher falou com altivez — Se orgulha de todo esse esforço? Você teve uma criança de um nojento que você nem mesmo deve saber quem é? Onde está esse homem? Quem é o pai da Rose? Por que ele não assume suas responsabilidades de pai?

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— Porque eu não quero ele perto da Rose!

— Porque ele é um sem vergonha que te traiu e te deixou com um filho dele na barriga. Sabe por que ele nunca te procurou? Porque ele só quis se aproveitar. Ele nunca se interessou por essa menina.

— Ele não sabe da Rose, mamãe.

— Sim, ele sabe.

— O quê? — a voz de Hermione era um sussurro.

— Eu procurei o tal assim que você saiu de casa e falei para ele da sua gravidez. Ele disse que não te conhecia e não tinha filho nenhum.

— Por que a senhora fez isso, mamãe? — havia indignação no tom de Hermione.

— Por quê? Porque eu sou a sua mãe, sua estúpida! Esse sem vergonha não está nem aí para você ou para essa menina — houve uma breve pausa onde só se ouvia o choro de Hermione — Eu pensei que você aprenderia com o seu erro e nunca mais cometeria algo igual a isso. Pensei que você teria o bom senso de me pedir desculpas e voltaria para casa, mas você é uma... Nem tenho um adjetivo para classificar você.

— A senhora quer que eu peça desculpas? — o tom embargado, mas estranhamente firme — Desculpas pelo quê, mamãe? Por ter amado? Por ter vivido um amor que eu pensei que seria eterno, que era recíproco? A senhora quer que eu peça desculpas por não ter aceitado o seu conselho de abortar a Rose?

“A senhora quer que eu me desculpe por isso, por não ter aceitado abortar? Por não ter voltado atrás quando a senhora me expulsou de casa e me deixou na rua grávida? Você quer que eu me desculpe? Não, mamãe. Não importa o que eu tenha de passar, eu nunca vou me arrepender de ter tido a minha filha, nunca, entendeu?”

— Estou vendo que não aprendeu nada em todo esse tempo... Está tão satisfeita de ter um filho sem pai que já arranjou outro, não é mesmo? Você me envergonha de todas as formas, Hermione. Como você pode cometer o mesmo erro duas vezes? Como você pode ter outro filho nessas condições, Hermione? Você nem consegue manter essa garota e vai ter outro filho e só Deus sabe de que tipo de homem.

— Não é bem assim, mamãe...

— E como é, Hermione? Como você faz isso de novo? Como você se deixou levar pela conversa mole de um qualquer e... Ah, Hermione. O que você vai fazer com essa criança? O que você vai fazer com duas crianças?

— Vou cuidar, mamãe. Vou criar, educar e amar como faço até hoje com a Rose.

— Hermione, seja sensata... Se você quiser, você pode voltar para casa... Seu pai me contou o que tem vivido e eu sou a sua mãe, me compadeço com isso.

— É mesmo, mamãe? Nem parece. Quantas vezes a senhora viu a Rose desde que ela nasceu?

— Não estou falando dessa menina malcriada, estou falando de você.

— A Rose não é malcriada, mamãe.

— Você pode voltar para casa, Hermione. Pode levar essa menina com você...

— E em troca eu preciso fazer o quê, mamãe? — a voz firme mais uma vez, rouca do choro constante.

— Se você quiser, Hermione, eu pago o aborto desta criança. Se livre disso, minha filha, e pare de andar para trás. Já basta essa menina e...

— Ela não vai fazer nenhum aborto, senhora — Rony entrou em seguida e ambas as mulheres se surpreenderam com a sua presença.

— E quem é você, rapaz? Como vai entrando assim na casa de uma mulher sem nem ao menos ser convidado?

— Eu? Ronald Weasley, pai dessa criança que a senhora está tentando dar fim — ele respondeu estendendo a mão para a senhora que ignorou o gesto.

— Quem é esse homem, Hermione? — virou-se para a jovem e não obteve resposta. Hermione estava em transe momentâneo e ouvia tudo ao longe — O que quer aqui? — voltou-se para Rony — Veio dizer que vai abandonar a minha filha?

— Não, senhora. Pelo contrário, vim ver como ela está e se está precisando de alguma coisa, afinal, esse bebê que ela carrega também é meu e eu tenho minhas responsabilidades sobre ele.

— Esse seu terno e sua boa aparência não me enganam, rapaz — a mulher falou com desprezo, olhando para Rony de alto a baixo.

— Por favor, eu gostaria de pedir que a senhora não procurasse mais a Hermione se a sua intenção é agredi-la verbalmente.

— Quem é você para dizer o que eu posso ou não fazer, garoto? — a mãe de Hermione falou com altivez, claramente irritada.

— Senhora, eu já disse. Eu sou o pai dessa criança e não vou permitir que a senhora venha até a Hermione falando esse tipo de coisa, fazendo ela chorar e colocando a saúde dela e a do meu filho em risco. Isso é o suficiente para a senhora?

— Ronald... — a voz de Hermione soou ao longe — Não se preocupe com isso, sim?

— Claro que eu me preocupo — ele respondeu — E se a senhora já terminou com seus insultos, poderia, por favor, se retirar?

— Hermione? — a senhora Granger recorreu à filha, desnorteada. Certamente, e Hermione sabia, se sentia afrontada — Vai deixar que esse homem trate a sua mãe dessa forma?

— Senhora, não estou fazendo nada demais. Se pretende ficar, não tem problema... — ele falou com gentileza se aproximando de Hermione — Vamos! Rose está nos esperando.

— Rose? — Hermione parecia aérea.

— Sim. Vou te levar até ela — ele estendeu a mão e ela aceitou. Levantou-se da cama e, amparada pelo rapaz, saiu do apartamento, a mulher olhando para os dois com indignação.