O braço de Remus ao seu redor, fez Sirius ter um sono tranquilo que a muito não tinha. Entretanto quando o sol nasceu e os dois despertaram, os beijos trocados não foram citados e pareceu que nada havia ocorrido. Black optou por não ser impulsivo como normalmente era e deixou aquele assunto para outro momento, os dois tinham um compromisso importante com Andromeda a respeito da guarda de Harry.

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O luto finalmente deu lugar para uma energia eufórica, Sirius queria honrar a memória de James e Lily e ser o melhor padrinho e tutor que existia. E sentindo a energia mesclar-se com ansiedade, ele e Remus andaram lado a lado para o Caldeirão Furado, onde seria a pequena reunião com sua prima.

Andromeda estava linda e deslumbrante como sempre, em seus trajes bruxas bem alinhadas e um sorriso sincero e feliz ao ver os dois. Ele sorriu abertamente, demorando-se em um abraço saudoso.

O início da conversa transcorreu tranquilamente, porém a euforia de Sirius começou ser dominada ainda mais por sua ansiedade, tornando-se quase insuportável, principalmente ao notar que conseguir a guarda de Harry não seria tão simples como imaginara.

― Eu não entendi direito, Andie. ― Confessou. ― A guarda provisória de Harry pode demorar de 4 a 6 meses perante a lei trouxa? ― Questionou confuso, tentando compreender tudo que fora dito até aquele momento por ela e por Remus. ― E diante das nossas leis?

― Um pouco menos, Sirius, mas além de ser algo referente aos dois mundos, nossos tribunais estão travados com os processos devido a guerra. O Ministério está uma verdadeira bagunça, afinal, faz um pouco mais de 1 mês que a guerra acabou. ― Explicou. ― Entretanto, eu estarei a frente de tudo, talvez eu consiga usar um pouco da minha influência e desenrolar um pouco.

― Mas e a questão de Dumbledore não ser a favor desse pedido? Isso dificultaria ainda mais para nós? ― Perguntou, movendo o suporte de guardanapo que está sobre a mesa de um lado ao outro, sentindo tudo dentro de si agitado demais.

― Sim, mas eu tenho uma estratégia. Quero marcar uma reunião, ainda essa semana se possível, com ele e explicar seus motivos. Explicar tudo que vocês me disseram aqui, inclusive do seu luto, Sirius. O que acha? ― Questionou a mulher, anotando algo em seu pergaminho.

― Se quiser e achar bom, posso te acompanhar. ― Propôs Remus.

― Claro, seria ótimo ter você. ― Respondeu. ― Minha linha de defesa, de qualquer forma, será de provar sua convivência com James tal como dois irmãos de sangues. Você fugiu para a casa dos Potter com 16 anos, viveu com eles até James e Lily se casarem. Você conviveu durante toda gravidez com Lily, foi escolhido como padrinho e cuidou de Harry. Acredito que conseguiremos mostrar que você tem muito mais vínculo com Harry do que a irmã de Lily e caso necessário podemos falar com ela e conseguir uma guarda compartilhada.

Sirius não concordou a respeito da possibilidade de guarda compartilhada, porém optou apenas por um resmungo de insatisfação. De qualquer modo, ele daria um jeito de observar Petunia de longe e conseguir saber se a irmã de Lily estava cuidando bem de Harry, pois lembrava-se com exatidão dos comentários que a ruiva sobre sua irmã ser preconceituosa e até cruel com os bruxos.

(...)

Sirius amava sua forma animaga. Snuffles tinha grossos pelos negros e sempre repelia o frio com facilidade. E ali, parado, escondido em uma moita na Rua dos Alfeneiros, o vento era forte e extremamente de gelado, ele provavelmente estaria tremendo de frio caso estivesse como humano.

Remus havia sido contra a sua ideia de vigiar os Dursley, mas ele tinha a sensação de que caso ele fosse, poderia usar algo nas audiências. Imóvel, ele permaneceu ali durante o começo da manhã, aguardando ver algum movimento suspeito naquela rua incrivelmente tediosa e silenciosa.

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Ele esperou quase que uma eternidade sem ver movimento algum, xingando mentalmente aquele lugar tão pacato e tedioso. Parecia até mesmo que ninguém saia aos sábados de manhã, nem mesmo para uma singela caminhada. Porém quando estava quase por desistir e voltar para o apartamento de Remus – onde ele estava morando, ou algo assim –, a porta da casa número 4 da Rua dos Alfeneiros se abriu.

Pela porta saiu primeiramente um homem gordo com um bigode enorme e ridículo e após ele, uma mulher esguia que não se parecia em nada com sua amiga Lily. A mulher carregava um garoto rechonchudo no colo. Os três saíram, trancaram a porta e caminharam tranquilamente em direção ao carro. E para o total espanto de Sirius, os três entraram dentro do carro e foram embora.

Três. Apenas três pessoas e não quatro como deveria ser.

Black teve que reunir todo seu auto controle para permanecer ali, parado, apenas aguardando os Dursley voltar. Ele aguardou sentindo um misto de ódio, revolta e tristeza o dominar por completo. Sua maior vontade naquele momento era invadir aquela casa e pegar Harry. Seu afilhado de 1 ano e 5 meses, não deveria ficar sozinho. Aquilo era mais que errado, era cruel e perigoso.

(...)

Demorou para que suas mãos parassem de tremer e ele conseguisse formular uma frase sem gritar. Andromeda aguardou pacientemente aquilo ocorrer, para então entender a gravidade do que seu primo falava.

― Isso é a coisa mais ridícula que eu já ouvi, primo. ― Declarou após alguns segundos tentando absorver o que fora dito. Sentou-se na sua mesa na cozinha, enfrente a Sirius, mirando-o de forma preocupada. ― Harry é um bebê de apenas 1 ano, ninguém em sã consciência o deixaria sozinho.

― Estou falando sério, Andie, eu jamais mentiria com algo tão sério assim. ― Esbravejo, sentindo seu sangue borbulhar devido ao ódio dentro de si.

A culpa o corria de dentro para fora, o fazendo sentir incapaz. Ele era culpado por tudo aquilo. Se Harry estava naquela situação era devido a sua negligência ao desaparecer durante o mês que havia passado.

― Ok, calma Sirius. ― Pediu, segurando as mãos do primo por cima da mesa, tentando o acalmar. ― Eu vou solicitar que os Dursley sejam observados para ser levado em conta o comportamento deles com Harry.

Sirius suspirou cansado e nervoso, mas pelo menos já era um passo dado a mais.