A Primeira Garota

Loira Oxigenada


Olhei o corpo que me saudava. Ele era extremamente bem feito, tinha um molde feminino e peças detalhadas. Podia-se perceber, pelo molde, a sua funcionalidade para realizar movimentos difíceis.

— Olá, posso saber seu nome?- Levemente, ela foi se aproximando de mim.

— Meu nome é ProjetoR01, senhorita, porém a pequena Beth adora me chamar de C-3PO.- Meu sorriso se alargou e pude sentir meu coração se comprimir em nostalgia. Beth, minha filhinha inteligente...Será que ela está bem? Vou conseguir vê-la novamente?

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— Eu nunca duvidei da capacidade da minha garotinha, C-3PO, portanto, te chamarei assim também, se não se incomodar.- Imaginei Beth correndo por todo o recinto, apontando com curiosidade para todas as coisas, rindo por motivos inexplicáveis, sentindo-se feliz e segura. Algo que nunca poderia fazer por ela.

— Não vejo problema.- Seus olhos mecânicos, porém bem feitos, repousaram-se no meu braço esquerdo.- Vejo que terei que ensinar algumas coisas, não? Você parece estar confusa, mas, acredite, os senhores Leroy e Hiram têm toda a capacidade para te manter salva. Tenho certeza que nenhum cuidado lhe faltará.

Respirei profundamente, olhei para a maca onde me encontrava anteriormente. Aquela me parecia a melhor opção, mesmo que ilegal e arriscada, parecia a mais favorável.

— Tomara que você esteja certa.

— Há um espelho dentro da gaveta à sua esquerda, senhorita, caso queira avaliar seus danos e mudanças.

Caminhei até o pequeno móvel ao lado de alguns armários, todos brancos. Abri a gaveta e suspirei antes de pegar o espelhinho.

Meu rosto estava cheio de pequenos arranhões e era certo que alguns causariam cicatrizes. Um deles vinha desde a lateral de minha testa até a minha bochecha, parecia fundo, já que as bandagens ainda tinham sangue. Existiam hematomas em toda parte. Tentava me acostumar com a magreza do meu corpo, porque, mesmo que não tão demarcada, fazia uma enorme diferença. Leroy pareceu ter feito um bom trabalho na remoção da gordura, porém manutenção do peso caberia a mim.

Os cabelos loiros caíam em cascata por minhas costas. Pensei no que Sue Sylvester diria caso me visse assim, sem meu rabo de cavalo perfeito, toda desengonçada e enfaixada. Seria morta, sem escapatória.

Aproximei o braço de metal do meu rosto, pronta para enfrentar o estranhamento do toque...

— Você não pode entrar aí!- Uma voz alta gritou no corredor onde estava minha sala. Meu coração logo começou a disparar, o que eu faria? Rapidamente, arrastei C-3PO e tentei guardá-la no armário próximo.

— QUEM VOCÊ ACHA QUE É BERRY? ME DEIXA ENTRAR AGORA!

— Sant, não grita, por favor- Escutei uma voz suave e arrastada dizer, Brittany!

Sussurros em tom arrependido, passos agitados e batidas frenéticas na porta da minha sala.

— Abre agora essa porta, loira oxigenada! Vou te dar cinco segundos: 1...2...

Corri até a porta e a abri com pressa. Santana me encarava com força, Brittany sorria e Rachel estava incrédula atrás das duas. Tudo foi muito rápido. Quando vi, um emaranhado de cabelos tampava minha visão e senti grandes mãos me agarraram com força.

— Nunca mais OUSE fazer isso com a gente, está me escutandom? Sua idiota!- Os olhos da latina se encontravam marejados e vermelhos, pareciam carregar grande preocupação. Sorri e afaguei seu cabelo, meu coração acelerado demais para dizer algo.

— Olha, Lucy, eu sei que você sempre gostou muito de teatro, mas as cenas de drama não devem ser levadas tanto à sério, okay? Ainda mais que os ensaios do projeto da Rachel vão começar em três meses!- Brittany me disse, era impossível dizer se ela estava brincando ou não, mas resolvi rir e abraçá-la. Como senti saudade dessas garotas. Santana logo se juntou ao abraço e foi perceptível sua irregularidade em respirar, ela estava chorando.

— Vem logo, Berry, ou vai ficar plantada aí pra sempre?- Ouvi uma voz zangada dizer. Rachel me olhava com os olhos marejados. Em choque, com a boca entreaberta. Ela vestia um pijama rosa cheio de corações de mesma cor, isso era tão maravilhoso, tão...Rachel Berry.

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— Pode vir, Rachel, eu não mordo.- Falei segurando o sorriso.

A morena se aproximou com cuidado, como se eu fosse uma peça frágil, me olhando durante todo o tempo, e se juntou ao gesto de carinho. Me sentia completa.

— Por que merda você está mais magra?- Santana disse, me largando.

— Ocorreram complicações durante o procedimento, Sant, foi necessário.- Ela cruzou os braços e fechou a cara.

— Quanto tempo durou sua cirurgia? -Brittany perguntou, me analisando.

— Dezesseis horas, senhorita.- Me assustei quando vi a robô atrás de mim se pronunciar.- Um longo período.

Todas as cabeças se viraram para a tecnologia, notando-a. As expressões assustadas se voltavam para mim e assim seguiam, nos olhando, fazendo comparações, vendo possibilidades.

E voltamos à realidade.