Diversus

A perseguição


Depois que Rebekah saiu do hospital e foi para casa, ela não queria falar com ninguém, chegou no quarto e se deitou chorando não só por causa do tapa que levou de Mikaela como também por causa do ocorrido no prédio abandonado, seu pai sempre foi um homem tão bondoso, honesto, carinhoso, como ele pôde ter coragem de atrair Evan para uma armadilha usando ela? A sua própria filha foi usada como isca pra ele poder matar o garoto que não havia feito nada além de salvar a vida de muitas pessoas. Ele havia recebido alta apenas algumas horas depois, mas não era o bastante.

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Perto da hora de seu pai chegar do serviço, ela arrumou alguns de seus pertences na sua bolsa que sempre levava para viajar e deixou um bilhete para sua mãe:

"Mãe, eu peço desculpas por estar fazendo isso com a senhora, mas depois que meu pai me usou para atrair o Evan e matá-lo, sem nem ter um pingo de pena de os outros me machucarem, eu acho que mais perigoso que ser amiga de um super herói é continuar perto do papai. Então, acho melhor ficarmos longe por um tempo, esperar a poeira baixar, meu pai acabar com esse ódio que ele tem do Evan e aí talvez eu volte pra cá. Não me procure, pois ele virá atrás, mas vou ficar bem, beijos."

E assim, depois de deixar o bilhete pendurado na porta do quarto, nem esperou que ela chegasse em casa, foi até seu carro, colocou a mochila no banco do carona e dirigiu até a casa de Mariana. Para evitar que seu pai a encontrasse, ela guardou seu carro em um estacionamento perto de lá e foi à pé até a casa da amiga. Quando tocou na porta, a mesma ficou confusa.

— Oi Bekah, ué, por quê essa mala? Vai viajar? - ela perguntou franzindo a testa.

— Não amiga, aconteceu algo terrível. Vem que vou te explicar! - ela disse, com lágrimas nos olhos e entraram. Quando Rebekah terminou de contar, a amiga ficou chocada.

— Eita, quer dizer que seu pai está obcecado em prender o Evan? E ainda usou você pra isso? - ela indagou.

— Sim, ele nem pensou na possibilidade daqueles policiais me machucarem. - chorou ela, mostrando as marcas nos braços e pernas, que foram feitas pelos capangas.

— Ah não amiga, isso eu não posso aceitar. Eu vou agora mesmo na sua casa falar com seus pais!

— Não, só vai piorar a situação, se você for falar com meu pai agora é capaz dele fazer contigo o mesmo que fez comigo, ou até pior. Não vá lá, só me deixa ficar aqui essa noite e amanhã eu acho um lugar melhor, pois aqui é o primeiro lugar que vão me procurar!

— Tudo bem, tem razão, mas e se ele vier te procurar aqui ainda hoje?

— Eu me escondo em algum lugar, meu carro está escondido e ele nem vai saber que estou aqui. - ela se acalmou mais e Mariana assentiu.

— Então, para melhorar o clima, vamos fazer uma sessão pipoca aqui, vou chamar a Tita. - disse ela, animada pegando o celular.

Tita aceitou, pois seu pai haviam autorizado. Horácio, por sua vez, não contou á Meire, sua mãe, pois sabia que ela jamais deixaria por não conhecer Mariana e nem Rebekah, mas mesmo assim ela foi e ficou animada.

— Agora sim, o trio alegria está formado! - sorriu Mariana, abraçando Tita quando ela entrou.

— Por quê a Rebekah está triste? - perguntou Tita, saindo do abraço de Mariana.

— Ah, ela está passando por uma crise familiar em casa e não quer se arriscar, melhor ficar aqui pra acalmar os ânimos. Esperem aqui, eu vou fazer pipoca, escolham o filme.

Rebekh então, deu espaço para a amiga ficar do seu lado e cumprimentou-a, não queria falar o que realmente havia acontecido.

— Relaxa, uma hora as coisas vão acabar se acertando entre vocês. - Tita colocou a mão no ombro da amiga.

— Espero que sim... - ela sorriu triste.

Enquanto isso, Mikaela estava na sala, assistindo televisão enquanto jantava, ouviu a campainha tocar e foi atender.

— Policial Robert, senhora, com licença. - ele disse, apresentando o distintivo e entrando na casa.

— Ei, eu não sei o que vieram fazer aqui mas podem ir parando. Me expliquem o que tá acontecendo! Eu exijo uma explicação! - vociferou ela.

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— Bem, primeiramente o seu filho precisa ser preso porque está cometendo um terrível crime de sair por aí fazendo o nosso trabalho. A senhora já deve saber que ele vem dando uma de herói por aí, mas isso é tarefa nossa, então vamos prendê-lo. E segundo, minha filha desapareceu e eu tenho certeza que está com ele. - explicou Robert.

— Olha aqui, eu realmente sei que o meu filho têm feito tudo isso, mas não acho justo o senhor prendê-lo. Agora, quanto à sua filha, sinto lhe informar mas ela não está aqui, não entrou por essa porta em nenhum momento.

— É mesmo? Então eles devem estar juntos! Cheguei em casa hoje e encontrei minha mulher chorando com esse bilhete na mão! - falou Robert, mostrando a carta de Rebekah pra ela.

Ao ler a carta, Mikaela percebeu que um dos fatores pra garota ter feito aquilo foi o tapa que ela lhe deu no hospital, mas ainda assim, não contou para Robert, e fez uma expressão mais calma.

— Bom, pode procurar pela casa então, a sua filha não está aqui. - disse ela.

— É mesmo? E o seu filho? - falou ele.

— Ele tá dormindo, eu acho. Deixa eu dar uma olhada antes, enquanto isso procure sua filha.

Esperta, Mikaela foi até o quarto de seu filho e o viu deitado, quase dormindo, por causa do forte remédio que havia tomado por recomendação do médico e sussurrou:

— Filho, presta atenção, a polícia veio aqui por causa do ocorrido, mas quero te proteger, ok? Eu vou abrir a janela e você se esconde na garagem sem fazer barulho, te encontro lá em cinco minutos. - ela disse e ele assentiu se levantando devagar, ela abriu a janela com cuidado e ele pulou, logo ela colocou algumas almofadas sob a coberta pra simular o corpo do Evan na cama e voltou pra porta, onde Robert apareceu pouco depois.

— Não achamos a Rebekah em lugar nenhum. - bufou ele.

— Meu filho está dormindo. - mentiu ela.

Robert chegou entrando com brutalidade no quarto de Evan e se aproximou da cama, ao tirar a coberta, ele não estava lá.

— Essa desgraçada mentiu pra nós. Ele fugiu! Ela o ajudou a fugir! - gritou ele.

— Vamos atrás deles! - afirmou Cléber.

Os policiais saíram da casa mas só tiveram tempo de ver o carro de Mikaela saindo da garagem cantando pneu, saindo pela rua em alta velocidade.

— Vamos atrás deles! - disse Robert e todos entraram na viatura.

Mikaela não possuía nenhum revólver, então estava vulnerável à qualquer ataque que os policiais fariam.

— Tá vendo filho? Se não fosse essa sua mania de querer bancar o herói, a gente não estaria fugindo da polícia, eu te avisei! - esbravejou ela, puxando a orelha dele, que urrou de dor.

— Argh! - rosnou ele.

— Eu devia era deixar eles te prenderem, mas não vou, não irei perder você como perdi seu pai! - finalizou ela.

Foi quando ela percebeu que a viatura de polícia estava colada em seu carro. Ferrou, não havia como escapar. Os policiais mandavam ela parar, mas ela continuava correndo mais. Evan, que não entendia nada, estava curtindo aquilo, abriu um sorriso torto vendo o carro correr.

Chegaram em uma esquina e o semáforo fechou, mesmo assim, Mikaela avançou, por pouco não sendo atingida por uma van.

- Freia! - gritou Cléber, Robert girou o carro em 360 graus e voltou a perseguir Mikaela. Em certo momento, ao entrarem em uma rua, engarrafamento por conta de um caminhão enguiçado.

— Que se foda! - disse ela, jogando o carro na calçada sem diminuir a velocidade.

Robert, ao ver a ousadia de Mikaela, fez o mesmo. As pessoas na calçada desviavam, desesperadas, tirando um fio dos carros. Uma outra viatura surgiu na frente e Mikaela entrou em um beco, coisa que em Curitiba, havia por todos os lugares. Nesse momento, Cléber e Robert apontaram armas para o carro de Mikaela, um acertou o vidro de trás e o outro, a lanterna traseira. Mikaela não desistiu e continuou pisando fundo, até que, ao sair do beco em uma determinada rua, acabou derrapando demais e Robert conseguiu emparelhar seu carro com o dela, no lado esquerdo, foi quando os poderes de Evan despertaram e ele grudou sua mão na porta direita do carro, a abrindo e fechando numa agilidade incrível ficando no teto do veículo.

— Encoste esse carro agora! - gritou Robert.

— De jeito nenhum! - rebateu Mikaela.

— Encosta senão eu atiro!

Mas antes que ele pudesse fazer isso, Evan voltou à sua forma normal e pulou na viatura de trás sem ser visto. Com a chave reserva, furou o pneu do carro, que derrapou e foi pra cima do carro de Robert. Quando ambos rodaram, Evan pulou no teto e voltou pro carro de sua mãe, recolocando o cinto. Sem conter o sorriso largo pela aventura, olhou para ela com os olhos azuis novamente.

— É, apesar do perigo que estamos correndo, foi divertido! - riu ela, dirigindo.

Só pararam meia hora depois ao encontrarem um hotel de luxo, próximo à saída da cidade, onde passariam a noite, mas engana-se quem pensa que Robert iria desistir.