Hurt

As mãos de Sanji doem. Eles doem horrivelmente e ininterruptamente.

É intermitente, então ele não sabe quando vai se sentir. Mas já faz um tempo desde que a dor não vai embora. Nem por um minuto.

Nami informa ao bando que choverá amanhã. Sanji odeia ouvir essa informação, então ele nem elogia suas incríveis habilidades de previsão do tempo, como costuma fazer. Nos últimos tempos, as mudanças climáticas apenas pioram a dor. Ele observa todos comerem a comida enquanto tentam ignorar suas mãos.

Ele então tenta pegar o maço de cigarros no bolso e para no meio do caminho, sentindo-se idiota por tentar. Sentindo-se mal, ele sai da cozinha e espera por Zoro em sua cama, como sempre. Ele não consegue dormir, a dor é tão intensa que é insuportável.

Ele não contou a Chopper. O pequeno médico disse a ele que isso poderia acontecer, que era normal. Ele pediu que ele fosse imediatamente até ele, se fosse esse o caso. Mas ele não o fez, e ele não o fará. Sim, ele se sente imbecil para caralho por isso, mas ele simplesmente não quer.

Ele está apenas tentando não ser um incômodo para o bando desde que voltou de ter sido resgatado. E mesmo que Luffy faça questão de dizer quase diariamente a ele o quanto ele é necessário, ele não consegue mais acreditar nisso.

Zoro chega pouco depois, ele provavelmente percebeu o comportamento estranho de Sanji. Ultimamente, ele consegue sentir os olhos de Zoro nele, sempre observando, sem dizer nada. Eles ficam de frente um para o outro enquanto Zoro boceja um milhão de vezes, provavelmente já com muito sono.

"Minhas mãos doem." Sanji diz a ele, e é apenas um sussurro.

Zoro parece meio mortificado, mas parece que está tentando dar o seu melhor para não parecer que está. Mas Sanji pode perceber, mesmo na penumbra do quarto dos homens. O espadachim apenas fica lá e o abraça, como ele sempre faz, sua mão calejada tentando acalmá-lo, acariciando sua região lombar.

Sanji olha para os próprios membros faltantes nas costas de Zoro, olhando para suas mãos belas e talentosas que não estão mais lá, admirando as cicatrizes que aqueles braceletes deixaram nele.

Ele queria que elas tivessem ido embora para sempre, mas o fantasma delas ainda está lá, sempre o assombrando.