Amor em Tempo de Guerra

Encrencada - Parte 1


Acordo com um sino tocando alto. Olho para o lado e para o outro e Dilan não está por perto. Me despreguiço e me levanto da cama. Percebo que o meu pé já não dói mais tanto quanto ontem, e percebo que dentro dos panos que enfaixaram o meu pé e perna tem umas folhas de plantas medicinais, o que devem ser a causa da melhora.

Vejo um espelho grande, e mancando com dificuldade me aproximo para verificar a minha aparência. Meus olhos estão inchados, e minha maquiagem borrada. Será que Dilan se espantou ao me ver dormindo e fugiu?

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Jogo uma água no rosto de uma bacia com água que está perto do espelho, o que remove qualquer maquiagem que me embelezava o rosto.

Ajeito os meus cabelos, e enxugo o rosto com um pano que também está próximo.

Alguém bate na porta.

— Emilly? Já acordou meu bem? - É Dilan.

Vou até a porta e abro para ele.

— Bom dia amor. – Diz Dilan se encostando na porta com um sorriso.

— Oi querido! – Digo dando um beijo em seu rosto. - Você se foi depois que adormeci?

— Sim, temi que alguém entrasse pela porta. Ninguém entenderia que estaríamos apenas deitados. - Ele revira os olhos e depois abre um sorriso. - Agora acompanhe-me até a mesa, vamos tomar um café antes de irmos para a sua morada.

Ele estende a mão para mim e juntos saímos do quarto com as mãos entrelaçadas. Ah que sonho... Dilan e eu assumidos assim.

Vou admirando o esplendor do palácio. Seus detalhes requintados e dourados, madeira bem polida e flores vivas por todos os lados.

— Céus, aqui é lindo Dilan! - digo admirada.

— Sim, é lindo mesmo.

Quando chegamos a sala de jantar, me espanto pela quantidade de comida, de cadeiras na mesa e do tamanho da sala. É incrível.

— Bom dia família. - Diz Dilan sorridente, puxando a cadeira para eu me sentar num ato cavalheiro. - Essa bela senhorita é Emilly Ryans, a apresento, pois só devem conhecê-la de vista.

— Bom dia... – Digo timidamente aos que estão na mesa.

Na mesa estão outros dois rapazes. Um conheço de vista, que é o príncipe Daniel, e o outro é um loiro barbado que nunca vi na vida, com uma expressão fechada intimidadora. Ele parece ser mais velho que Dilan.

— Bom dia, querida. Acordou melhor? - Pergunta a rainha Clarisse também se aproximando da mesa e se sentando em seguida.

— Bom dia majestade, acordei melhor sim, obrigada por perguntar. - Respondo sorridente.

— Deixe-me apresentar: esse é meu filho Daniel, o caçula, - Ela aponta ao príncipe Daniel, que sorri gentilmente. - e esse é meu filho de coração August – diz a rainha falando sobre o loiro. A olho com uma expressão confusa, como é possível um filho da rainha não ser conhecido, já que supostamente ele também deveria ser um sucessor ao trono? – Ah... Você não o conhece, aliás, quase ninguém, pois ele é meu sobrinho do Reino de Sephora de onde sou, seu pai e meu irmão morreu há muitos anos e eu o adotei, ele é muito reservado.

Tão reservado que mesmo comigo namorando o irmão dele, Dilan nunca mencionou sobre um primo para mim.

Olho rapidamente para ele, e ele desvia o olhar claramente incomodado com a minha presença, apesar de sua expressão neutra.

— É um prazer conhecê-los, altezas. – Digo tentando fazer um sorriso amigável.

— Igualmente, senhorita. – Diz o príncipe Daniel sorrindo, enquanto o príncipe August somente acena com a cabeça.

— Meu esposo não está se sentindo bem hoje, mas pediu para que eu a desse boas vindas por ele. - diz a rainha.

— Agradeço pela consideração de Vossa Majestade. - Digo

Depois de comermos e conversarmos um pouco sobre coisas aleatórias como o clima e estação, a rainha sai de sua cadeira e se senta ao meu lado para falar comigo.

— Foi um prazer conhece-la Emilly, agora sei que és uma moça valiosa. - diz ela com um sorriso no rosto.

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Jamais imaginei ela dizendo isso para mim.

— Obrigada... É uma honra ouvir isso de Vossa Majestade. – Digo maravilhada.


— Agora a senhora entende o porque a amo tanto, minha mãe? – Diz Dilan sorridente encostando o seu rosto no meu, com um sorriso orgulhoso.

— Entendo sim, ela é uma moça muito sensível e educada.- diz ela alternando o olhar entre nós dois.

Ele pega em minha mão que estava sobre a mesa e a beija nas costas.

— Dilan, agora ela precisa partir. Aqui está o comunicado com o selo como prometido. – Diz ela o entregando em minhas mãos.

— Ah, muito obrigada por se importar majestade. - digo recebendo o comunicado com um sorriso, apesar de achar que não irá salvar minha pele. É um pergaminho explicando toda a situação, ao menos ele vai evitar que eu fique me justificando. - Preciso ir, querido. – Digo olhando para Dilan.

O nervosismo voltou, terei que enfrentar a fúria de minha mãe.

— Tudo bem, eu a levo para explicar melhor a situação aos seus pais. – Diz Dilan se levantando da cadeira.

— filho, você sabe que não pode levá-la. Dará problema. - diz a rainha com uma expressão preocupada.

Dilan olha para mim angustiado.

— Querido, você sabe que é melhor não. Imagine o escândalo que causaria! – Digo.

— Mas quem a levará e assumirá a culpa? Quer que eu permita que vá com um cocheiro qualquer? - Questiona Dilan incisivo. - Não confio em homens estranhos para levá-la, podem se aproveitar dela.

— Sendo assim, creio que Daniel pode levá-la. - diz a rainha. Todos olhamos para o príncipe Daniel que parece não entender o porquê o olhamos, pois ele estava conversando com o príncipe August. - Ele é de confiança e pedirá desculpas por nós.

— Como? – Diz o príncipe Daniel surpreso ainda sentado no outro lado da mesa. – Para eu acompanhá-la minha mãe?

— Sim, você. – Diz Dilan. - Eu confio em você, sei que não fará mal algum a ela. Se não for você, eu irei.

— ah não, pois vá. - Diz o príncipe Daniel impaciente. - Perdão minha mãe, perdão senhorita Ryans, mas não me envolva nisso Dilan. - diz sério. - Você tem que aprender a resolver os seus problemas sozinho.

Ele me chamou de problema?

— Por favor meu filho, é só deixa-la em segurança na casa dos pais dela. – Diz a rainha Clarisse. – Dilan não poderá ir, pois de certo deve está sendo odiado pelo sumiço de Emilly.

Daniel respira fundo, parece pensar um pouco e acena com a cabeça que sim.

— Tudo bem... Só irei pela senhora e pela senhorita, não por você Dilan. – Diz ele se levantando da mesa.

O príncipe August que está sentando na ponta da mesa rir de Dilan.

— Está rindo de mim? - Questiona Dilan o encarando feio.

— O caçulinha dando lição de moral... - Diz o príncipe August ainda rindo. - Vemos com clareza quem é o homem e quem é o menino dos dois.

— E agora vemos com clareza quem é o bastardo da família. - Diz Dilan irritado.

O príncipe August o ignora e sai da mesa rindo de Dilan, que bufa impaciente.

— Vou chamar o cocheiro com a carruagem para partirmos. - Diz o príncipe Daniel.

— Obrigada filho. - diz a rainha Clarisse.

— Muito obrigada príncipe Daniel. – Digo sorrindo para ele, que acena com a cabeça de volta.

Volto a olhar Dilan, e sua expressão raivosa deu lugar a triste.

— vou dar um tempo para que se despessam, com licença. - diz a rainha se afastando, percebendo que queríamos privacidade.

— Acompanhe-me, por gentileza. – Diz ele, que pega em minha mão, me ajuda a levantar da cadeira e vamos devagarzinho para um pátio lindo.

Tem flores penduras em vasos brancos lindos por todos os lados, e tem uma mesa com bancos, e Dilan me leva para sentarmos lá.

— Parece que as horas passam voando quando estamos juntos. – diz ele sentando ao meu lado, enquanto inspiro para os pulmões a pureza e paz que esse lugar transmite. – Sinto muito não poder deixa-la em sua casa.

— Tudo bem amor, e nem deveria. Eu não sei quais atitudes os meus pais tomariam ao vê-lo. – Digo.

Ele me abraça de lado e respira fundo.

— Eu amo você Emilly. – Diz ele. – Não sei quando nos veremos novamente, mas quando vier alguma adversidade, se lembre disso.

Correspondo ao abraço o apertando forte. Esse momento de despedida sempre é doloroso.

— Eu também o amo. – Digo a ele.

— Emilly, independente das consequências, saiba que o meu amor por você é real, não deixe que nada germine de ruim sobre mim no seu coração. Onde estivermos, seja o que acontecer, eu vou lutar por você. - diz ele.

Paramos de nos abraçar e eu o olho nos olhos.

— Promete que luta por mim? – Digo.

— Sempre meu amor. – Diz ele.

Eu o beijo nos lábios com gosto, e ele me corresponde. Vai saber quando vamos nos beijar novamente?

Um beijo para guardar na memória o sabor do beijo dele. Abro os olhos enquanto ainda nos beijamos para guardar também a cena em minha cabeça.

Meu Dilan, meu amor.

Tudo o que eu puder guardar na memória eu vou guardar. Respiro forte para guardar o cheiro do seu rosto..

Escutamos passos de cavalo e interrompemos o beijo, é a carruagem em que vou.

— Emilly, tudo pronto para você ir! – Diz a Rainha se aproximando.

Reúno forças para me separar de Dilan, mas se dependesse de mim... Ficaria pertinho dele para sempre.

— Até logo meu amor. – Diz ele no meu ouvido.

— Até logo, querido. – Digo.

Ele me dá um último beijo nos lábios, e nos afastamos, o príncipe Daniel se aproxima e me ajuda a andar, indo em direção da carruagem.

Ele também me ajuda a subir e entra, se sentando no mesmo lado do banco que eu, alegando que sentar de costas para o caminho o causa náuseas. O cocheiro fecha a porta.

Olho pela janela e vejo Dilan acenando pela última vez, e depois não consigo mais o ver, pois a carruagem começou a andar.

Respiro fundo. Até mais amor da minha vida.

....

Alguns minutos passaram e percebo que não troquei nenhuma palavra com o príncipe Daniel que está fazendo esse enorme favor por mim.

— Oh céus! Estou perdida... - digo tentando puxar assunto.

Ele me olha e franze os lábios, como se sentisse dó de mim.

— Vossa alteza não conhece minha mãe... – Digo para ele. – Tudo tem que ser do jeito dela. Tenho mais medo dela do que de meu pai.

— É, eu imagino. – Diz ele. – Tenho uma mãe bem rigorosa também.

Ele conhece Dilan desde sempre, e está com ele diariamente. O que ele tem a dizer sobre ele?

— príncipe Daniel, gostaria de vossa opinião. – Digo.

— Sim, senhorita Ryans. Pode falar, estou a disposição. – Diz ele parecendo atento.

— Então... Vossa alteza deve saber que namoro com Dilan. – Ele afirma com a cabeça que sim. – Mas, eu namoro com ele há quase três anos...

— 3 anos? – Diz ele espantado me interrompendo. – Disso eu não sabia.

— Na vossa opinião, porque achas que ele tem demorado tanto para me pedir em casamento? - pergunto encolhendo os ombros. - Situações como essa não deviam acontecer mais se já fôssemos casados.

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O príncipe me olha por alguns segundos, como se pensasse antes de falar.

— Senhorita... eu... Bom. - Ele limpa a garganta. É um assunto delicado. - Dilan é o irmão do meio. Quando éramos crianças, tudo o que ele podia fazer para prejudicar Ethan ele fazia, desde brigar com ele por coisas bobas a culpá-lo por seus atos. Quando emburrado, dizia que o trono seria dele e que faria de tudo por isso. Enfim, sempre fez de tudo para se sair na melhor.

Engulo em seco. Começo a temer as suas próximas palavras.

— O que eu quero dizer – continua o príncipe. – é que meu irmão sempre almejou muito o trono, e agora ele é o real sucessor de nosso pai, e pelo tempo que namoram eu...

— Todos falam isso... – Digo triste olhando para outra direção.

— Desculpe-me senhorita, é que pediste a minha opinião, e eu estou dando sendo bem franco com a senhorita... Não creio que ele irá renunciar, ele não dá sinal algum que um dia pretende fazer isso a nós que estamos diariamente ao lado dele. - diz o príncipe sendo até um pouco grosso.

Eu não posso simplesmente acreditar nessas palavras, elas doem demais.

— Então porque ele diria que irá lutar por mim se não fosse renunciar para ficar comigo? – Digo defendendo Dilan, a voz até sufoca pelo choro que quer sair.

O príncipe respira fundo e passa a mão no rosto, me fazendo sentir uma boba.

— Senhorita, me desculpe mais uma vez se o que direi soar grosseiro... Mas ele disse que irá lutar, e não casar com a senhorita. - diz ele arqueando as sobrancelhas, numa expressão de pena.

Fico olhando incrédula para o príncipe que não desvia o olhar castanho nem um pouco sensibilizado pela dor que suas palavras me causam.

Desvio o olhar e o rosto porque não sei por quanto tempo vou conseguir segurar as lágrimas, e não quero que ele veja a minha fraqueza. Só não retruco com ele porque realmente pedi a sua opinião.

— Mas se a senhorita quer saber se o sentimento dele é real por ti, eu digo que é sim. – Diz ele. - Nunca o vi assim antes.

Volto a olhá-lo e o encontro com um sorriso mínimo no rosto.

— É, eu sei que é.– Digo abrindo um sorriso.

Enfim vejo o gramado familiar de casa pela janela. Chegou a hora de enfrentar a fera.