O dia seguinte chegou e ao materializar-me no quarto de Suzannah o encontrei vazio. Sentei na janela e fiquei observando o mar. Quando eu era vivo eu adorava ir à praia com minhas irmãs. A alegria delas era contagiante. Passei as mãos pelo cabelo como se isso tirasse o pensamento de mim. Só que desta vez foi diferente. Eu não me senti tão mal. Observei o tempo passar sentado no mesmo lugar. Em alguns momentos fitava o relógio, também rosa, para ver quanto tempo havia passado.

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E nem ao menos reparei que estava ficando tarde. Bufei revoltado por estar me sentindo desta forma. Sentia-me um adolescente em plena puberdade. Fechei os olhos e encostei-me na batente da janela. A lembrança do toque quente e suave voltou a minha mente. Pude sentir novamente a mistura de sensações. A primeira foi o choque, a surpresa, não podia crer que alguém me tocaria novamente. Passei tanto tempo sem ninguém me notar e de repente uma simples garota muda tudo.

E, segundo, bem... a troca de sensações. O choque fora substituído pela lúxuria. ¡Dios ! Senti-la tão perto e o seu toque macio e quente era incrível, porém ele logo foi trocado pela surpresa ao vê-la puxar-me para perto de si. Pude observar neste momento o quão belo era seu rosto. Seus lábios cheios e olhos verdes esmeralda contrastavam com seu cabelo castanho e pela franja que teimava em cair sobre seus olhos tampando sua face. Acordei de meus devaneios e já estava tarde.

Desmaterializei-me de lá ao ouvir as vozes animadas entrando na casa. Suspirei pesadamente e fui para a praia dar uma volta e esclarecer meus pensamentos. Passei ali a noite inteira e como nas vezes anteriores voltei para casa ao amanhecer e as pessoas começaram a andar pelas ruas, mas hoje o motivo era revê-la. Nesta manhã Suzannah acordou cedo para conhecer a sua nova escola.

Eu senti-a meio apreensiva, mas não sei bem o motivo. Hoje sua mãe iria para resolver algo, mas escutei-a dizendo que nos outros dias iria com o seu irmão o tal de Jake. O que devo dizer ser um grande absurdo. Por Dios, pareci-me que ele mal consegue andar como dirigi um carro? Sei que não é muito difícil afinal de contos não fiquei 150 anos sem fazer nada. Pude observar muitas situações e vi como as pessoas dirigem.

Deixando isso de lado, hoje seria o seu primeiro dia de aula e por estar nervosa segui meu plano de não incomodá-la. Após sua saída fiquei refletindo como tudo havia mudado. Sim, eu estava a cada momento mais curioso por ela. Pensei no motivo de ter cantado a música ontem e nenhum me pareceu razoável. E lembrei-me de ter feito algo que não sei se deveria.

Na primeira noite que Suzannah dormiu em casa ela havia deixado a janela do quarto aberta, mas eu não quis me aproximar e fechá-la. Só que no dia seguinte ela fez a mesma coisa e ao vê-la sentir frio eu esperei por algum sinal de que deveria fechar a janela. Uma brisa passou fazendo-a se arrepiar e para mim foi o bastante.

Aproximei-me lentamente de sua cama e fechei a janela sem fazer barulho. Depois olhei para baixo e a observei enquanto dormia. Queria tocar em seu rosto e sentir a sua pele quente e macia de novo em mim, mas era errado. Não poderia me aproximar assim de uma dama ainda mais ela se encontrando adormecida.

Balancei a cabeça afastando os pensamentos e desmaterializei de seu quarto. Meus olhos agora focaram no lugar onde eu estivera ontem á noite. Passei a mão pelo cabelo nervoso. Queria saber se estava tudo bem com a Suzannah. Decide ir para a praia e olhar o mar, porém tinham algumas pessoas. Então me materializei na terra das sombras.