Celine era corajosa. Qualquer pessoa que a conhecesse podia atestar esse fato. Também era uma jovem decidida, do tipo que seguia seus planos até o fim. A combinação das duas características foi o seu apoio quando se despediu dos pais. O abraço apertado, os beijos no rosto e os vários “ligue sempre” levaram uma certa ardência aos olhos dela, mas se manteve firme ao entrar no carro junto com as irmãs. O coração ameaçou partir ao ver pelo retrovisor os pais acenando enquanto elas se afastavam. Ainda assim, por mais doloroso que fosse, a convicção a guiou.

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Chegaram no aeroporto com meia hora de antecedência. Estacionaram, despacharam as malas, localizaram a plataforma de embarque e então se sentaram para esperar. Os minutos se tornaram infindáveis. Celine pensou em como seria chegar em São Francisco, encontrar Polar, Pardo e Panda, entrar no seu apartamento novo, passear pela cidade, se apresentar para seu primeiro dia de trabalho, fazer amigos diferentes, ligar para os pais dizendo que estava muito feliz com a escolha que tomara. Seria maravilhoso! Tudo certinho, bem planejado. Sucesso garantido.

Quando a chamada para o seu embarque ecoou nos alto-falantes, toda a confiança se esvaiu.

Sucesso garantido? Não havia garantia de nada. Era um salto no escuro. Estaria sozinha em outro estado, dependendo da boa vontade de gente que conheceu na internet; o emprego poderia ser uma mentira e todo o investimento da viagem seria um rombo incalculável em sua conta bancária.

Tudo podia dar errado.

Tudo podia dar certo.

Celine respirou fundo.

— Irmãs — chamou, e as duas a encararam. Rebeca fazia bolas com o chiclete que mascava, Elaine usava um lencinho para enxugar o princípio de lágrimas. O amor que Celine sentia por elas era esmagador, assim como seria a saudade. — Não quero dizer adeus. Então... até logo!