Rigor mortis

Cão de guarda


Depois que Pedro beijou o cadáver da jovem dama, e fechou o saco com as joias roubadas, saiu depressa do mausoléu. Ainda deu uma última olhada na cabeça de cachorro que despontava no beiral. Os orbes da estátua luziam no escuro.

Ele ocupou-se em saltitar por entre os túmulos e covas abertas, em direção à cerca por onde entrara. Então, alheio, sentiu o cheiro antes de ouvir o som.

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O ar encheu-se de um misto de miasma e enxofre. E quando ele mal havia alcançado a próxima quadra, um rosnado diabólico silvou no ar.

Pedro arrepiou-se dos pés à cabeça.

Bem atrás dele, com uma bocarra espumante e olhos de um vermelho doentio, estava um cão negro enorme.

— Maldição…

Ele não pensou antes de correr. Mas a besta veio em seu encalço, rosnando.

Pedro foi tão rápido quanto pôde. Ao alcançar a grade, largou o saco e atirou-se às barras de ferro para escapar. Já chegava ao topo, quando a besta lhe puxou pela perna.

Um espigão da cerca perfurou a garganta de Pedro, e sangue jorrou na madrugada.

Pela manhã, quando encontraram o corpo, tiveram de quebrar os ossos de sua mão, visto que o rigor mortis tinha se feito.