Vigésimo primeiro dia

A madruga que fazia-se sempre fria, fez-se quente. Ao ponto da pele expurgar o excesso em meio de suor. E por mais quente que se fizesse, Lucifer sentia a frieza inexorável nos orbes de Miguel, ouvia os lamentos dele, como se fosse obrigado a estar ali, em meio à tentação de Cristo.

Quando a manhã raiou, quando o despertar se fez presente à Jesus, ele notou, pela primeira vez as asas vermelhas em meio à paisagem coral do deserto, como fogo, mesmo que translúcido.

“Um ato tredo, uma vileza para com seus princípios.” Miguel rispiu entredentes, triste e enojado.