Capítulo 06 — Do nada, na arquibancada.

[24/09 — 09:11]

Hermione: Quero explicações. O que foi aquilo?

Harry: O que?

Hermione: Você. Malfoy. Sentados nas arquibancadas. Não se faça de sonso!

Harry: Eu? Sonso? Como assim?

Hermione: Cadê você, Harry Potter? Quero bater uma enciclopédia pesada na sua cabeça.

Harry: Aula do Snape de Química. Ele tá olhando pra cá…

Harry: Tá em aula, Mione? Por que está mandando mensagem?

Hermione: Não mude de assunto!

Hermione: Acabei de sair de uma prova surpresa da McGonagall. Tenho 10 minutos.

Hermione: Estava com Ron no intervalo. Quando percebi, vi vocês dois sentados na arquibancada, conversando como confidentes!

Harry: “Confidentes”! Kkkkkkk eu tô rindo, e Snape vai me matar!

Harry: Posso explicar depois por áudio? Tô em aula.

Hermione: E está prestando atenção?

Harry: Certo, vou falar.

Harry: No intervalo, fui encontrar a professora Hooch para organizar o treino de sábado. Só que, no meio do corredor, Malfoy me segurou! Queria que conversássemos a sós.

Harry: Só que chegamos nas arquibancadas, e eu tive certeza que ele estava fora de si. Malfoy surtou!

Harry: “Potter, eu queria te socar desde que nos conhecemos”.

Hermione: Ahn?

Harry: Sem noção!

Hermione: Não que ele já tenha sido grande fonte de discernimento.

Harry: Falou várias coisas sem sentido, que me achava irritante, que sentia raiva de mim e tal… Vomitou palavras até perceber que eu não estava entendendo nada.

Harry: Foi aí que soltou “Tem um cara… Um amigo… Que se preocupa mais em conversar comigo e em me ajudar do que em se vangloriar daquilo que tem e que não tem”.

Hermione: Não acredito que ele falou!

Harry: Sim! Falou! DO NADA!

Harry: Deve ter sido a primeira vez que trocamos duas frases sem insultos. Ele estava ali, sabe? De verdade, a mente toda! Sem máscara, pompa, relógio luxuoso e nem vontade de brigar. Ficou me olhando com cara de quem não sabia o que dizer, mas estava dizendo mesmo assim.

Harry: “Esse cara não tem pais e tenta me mostrar que as coisas podem ficar bem apesar dos meus. Nunca se importaram de graça comigo como ele faz. Sabe exatamente o que quer e como falar, e eu o invejo por isso. Percebi que sentia o mesmo com você: inveja. Só que um jeito bem ruim”.

Harry: Quase engasguei! Continuei encarando o cara sem reação nenhuma.

Harry: Tipo, o que eu podia falar?

Hermione: Ai, Harry!

Hermione: O que você fez? O que mais ele disse?!

Harry: Perguntei quem era, mas Malfoy não respondeu. Claro!

Harry: Soltei um “Você tá bem? Soube que estão falando muito da sua família.”

Hermione: É, você certamente vai ganhar o prêmio de sonso do ano.

Harry: Você não sabe o quanto.

Harry: Ele começou a falar que o que houve com Lucius clarificou algumas ideias. Quando se viu sozinho, percebeu que estava perdido também, saca? Sem as coisas que acreditava que o faziam “Draco Malfoy”. “Sem orgulho do sobrenome, sem amigos que apoiassem e sem cara de pau em dizer que sou melhor que alguém”. Só aí sorriu! Draco Malfoy sorriu pra mim! Aquele idiota!

Harry: Cruzamos os olhos de novo. Eu quis dizer várias coisas, e nada saiu. Nem vi a cara que ele tava fazendo de tão nervoso que fiquei. Malfoy determinou que estava erguendo uma bandeira branca entre nós.

Harry: “Para não ficar sozinho, preciso expurgar meus demônios. Um deles, é o mal que sinto por você” falou e se levantou.

Harry: Espera. Já termino. Snape tá vindo aqui.

[24/09 — 10:50]

Hermione: Harry?

Harry: Então, Mione… Snape pegou meu celular e nos deixou de detenção. Me perdoa!

Hermione: Eu vou te matar.