Dahlia

Capítulo 1 - Mãe Biológica.


I.

Vernon Dursley acordou extremamente cedo naquela manhã de Verão. O céu ainda era uma mistura de tons alaranjados e rosas quando Duddley entrou a correr pelo seu quarto, extasiado com a ideia de ir ver o concerto da sua cantora favorita: a Sinistra. Vernon não compreendia a obsessão do seu pequeno Dudders por aquela cantora, mas achava extremamente adorável a forma como o filho cantarolava sempre que uma das suas músicas passava na rádio.

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Os três bilhetes para o concerto de sinistra haviam sido oferecidos algumas semanas antes, pela irmã mais velha de Vernon: Marjorie. Dudders ficara deliciado com a ideia de conhecer de perto sinistra e Petúnia não perdera a oportunidade para contar a toda a vizinhança que iria levar o seu pequeno anjinho a um evento de dimensões como aquelas.

Petúnia e Vernon tinham planeado aquele fim de semana para que fosse perfeito: ficariam alojados no melhor hotel da cidade e iriam cedo para o concerto da tal sinistra, onde encontrariam os melhores lugares à sua espera. Duddley iria estar radiante e iria acompanhar toda e qualquer música da cantora, podia até quem sabe, ser chamado ao palco para acompanhar a garota com a sua voz angelical. Os olhos de Petúnia brilhavam intensamente só com a ideia de ver o seu pequeno anjo iluminado por grandes holofotes.

Oh, o orgulho que era ver o seu Dudders tão feliz.

.

Pouco passava das sete da manhã quando os três desceram para comer. Duddley saltou as escadas de dois em dois e atacou o seu prato de bacon e ovos com uma velocidade ainda maior do que o normal. Petúnia sorriu feliz quando lhe colocou a terceira dose de ovos no prato e inspecionou o marido pelo canto do olho, enquanto este dava ordens a um garoto de cabelos negros como a noite.

— Se eu sei que aconteceu alguma anormalidade enquanto estamos fora… — Vernon ameaçou com uma voz baixa, para que o seu pequeno Dudders não escutasse a conversa. Não o queria preocupar com uma coisa daquelas, não num dia tão especial como aquele. — Ficas sem comer durante uma semana. Estamos entendidos?

O outro rapazinho assentiu rapidamente, antes de ajeitar a manga da velha camisa de flanela que usava naquela manhã. Os seus olhos verde-esmeralda piscavam lentamente pela noite mal dormida, enquanto comia o pão duro que lhe havia sido destinado. Vernon continuou a encarar o sobrinho seriamente, desconsolado pela ideia de o deixar sozinho na sua casa durante aqueles dias.

Para infelicidade dos Dursley a vizinha que costumava tomar conta do sobrinho anormal de Vernon, Sra. Figg, estava ausente da cidade durante aquela semana e o seu pequeno Dudders recusara-se a deixar que o primo o acompanhasse para o concerto da sinistra. Chorara durante longas horas para conseguir convencer os pais a deixar o primo sozinho em casa, depois de relembrar todas as anormalidades que ele havia feito da última vez que ele os havia acompanhado a algum lugar.

Ele não podia passar vergonhas ao lado da sinistra. Não podia.

Vernon acabou por assentir, desgostoso por deixar o seu sobrinho anormal sozinho em casa. Sabe-se lá o que ele podia fazer durante a sua ausência? Tivera horríveis pesadelos só por pensar no assunto… e se ele destruísse a casa? Ou pior, se algum vizinho descobrisse sobre a sua anormalidade? Os pelos do seu bigode arrepiavam-se só de considerar aquela hipótese. O que seria do seu pequeno Dudders se fosse associado aquele tipo de coisas?

Suspirou pesadamente. Havia tomado todas as precauções necessárias para que nada acontecesse na sua ausência, mas mesmo assim não conseguia descansar à noite. Desde logo, havia escondido as coisas da escola de aberrações bem longe do número quatro de Privet Drive e assim iria continuar até que regressassem da sua viagem, no fim daquela semana. Para o efeito, alugara um armazém perto da empresa de brocas onde trabalhava: era uma situação provisória, certo, mas era o melhor que conseguia de momento, Mesmo assim não poupara esforços em trancar a sete chaves todas as coisas anormais do sobrinho no pequeno cubículo, na esperança de trancar toda a anormalidade do garoto com elas. Só lhe faltava arranjar uma solução para a ridícula ave que acompanhava o garoto para todo o lado. Se ao menos também a pudesse trancar no armazém…

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— E quero aquela maldita ave longe de minha casa. — Resmungou novamente enquanto comia parte do bacon. Harry assentiu com a cabeça e assegurou que a coruja estaria bem longe até ao início do seu ano letivo, que era dali a duas semanas. Ficaria na casa de uns tais de Weasel.

Não era o ideal, mas tinha de servir.

— Vai abrir a porta, deve ser o táxi que eu chamei para nos levar ao aeroporto. — Petúnia disse ríspida quando tocaram incessantemente à campainha. Duddley engoliu o último pedaço de bacon e correu escadas acima, enquanto gritava que ainda lhe faltava ir buscar o seu cachecol da sinistra, empurrando Harry na entrada da casa.

O pequeno Potter suspirou fundo e massajou o braço direito, incomodado com o ardor que sentiu quando chocou contra a mesa que decorava o hall de entrada.

— Estás aí parado a fazer o quê? — O tio Vernon reclamou, antes de empurrar o garoto pelo corredor, para que abrisse a porta. — Avisa o motorista que vamos buscar as nossas malas, vamos depressa!

Harry assentiu levemente e abriu a porta de madeira branca alguns segundos depois, para tomar um susto. Uma rapariga de cabelos caju estava do outro lado da porta e segurava uma mochila gasta na sua mão direita. Harry examinou os olhos cor-de-avelã atentamente e achou-os extremamente familiares, mas não se conseguia lembrar de onde. O seu nariz era largo e estava coberto por pequenas sardas que se entendiam até as suas bochechas, que naquele momento estavam da cor-do-fogo. Harry achou-a extremamente adorável.

— Com licença. — Ela disse, antes de colocar uma mecha atrás do cabelo. — É aqui que vive Petúnia Evans?

— Huh… — Harry emitiu um grunhido estranho e arregalou os olhos verdes ao ouvir o apelido de solteiro da tia. O seu cérebro pareceu congelar durante longos segundos. O que era suposto responder? — Acho que é? — Disse em tom de pergunta, fazendo a garota rir nervosamente.

— Eu poderia conversar com ela? — A garota perguntou gentilmente, segurando aquilo que parecia ser um papel na mão direita.

Harry assentiu levemente e convidou-a a entrar na residência Dursley. No mesmo momento, Dudders deixa as escadas de par a par, com um cachecol roxo no seu duplo pescoço. Petúnia seguia-o a passos largos, carregando consigo a pesada mala repleta de brinquedos do filho.

Para surpresa do sobrinho, Petúnia estagnou ao ver a figura que o acompanhava. Os seus olhos arregalaram-se e ficou mais branca do que a madeira imaculada dos móveis da cozinha. Parecia que tinha visto um fantasma.

Vernon correu para socorrer a mulher e encarou a intrusa com uma curiosidade redobrada, incapaz de imaginar o que iria acontecer momentos depois.

— Petúnia Evans? — A garota murmurou, incerta, antes de apertar a mochila no seu ombro. — O meu nome é Dahlia. Eu não sei a melhor forma de dizer isto, mas bem... eu estou convencida que você é a minha mãe biológica.

O silêncio que se apoderou depois do número quatro foi, na opinião de Harry, extremamente assustador.