Serpente

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Andrômeda Black era invisível. A segunda filha de uma segunda filha. A garota do meio. O frágil elo entre a força insana de Bellatrix e a beleza dissimulada de Narcisa. A moça que passava despercebida. A irmã silenciosa. A jovem a quem quase ninguém dedicava um segundo olhar. Poderia ser sua maldição, se a garota não houvesse escolhido fazer disso sua benção.

Afinal, no fim do dia, Andrômeda Black era uma sonserina e não apenas pelo sangue Black que corria por suas veias. A filha do meio era astuta, ambiciosa e engenhosa. Mais do qualquer uma de suas irmãs. Você não perceberia à primeira vista, é claro. E essa era justamente a intenção. A ameaça subestimada e que se alastra em silêncio é sempre a mais perigosa. A jovem sabia disso.

Na quietude das sombras, Andrômeda Black desafiava todas as regras. Clamava para si tudo o que desejava e, como boa sonserina, sempre desejava algo novo. Ninguém precisava saber. Ninguém conseguiria prever.

E no silêncio das sombras, Andrômeda Black desejou a cacofonia luminosa de Ted Tonks mais do que qualquer outra coisa. E ele a desejou também. Beijos e toques e carícias e sussurros. Dois corpos que se tornavam um nas vielas mais escuras. Mas Ted era pura luz e fogo e Andrômeda se viu incendiada ao ponto de não aceitar mais uma vida de frio e trevas. Queria o rapaz à luz do dia. Queria que o mundo inteiro conhecesse sua maior subversão. Queria que sua família se engasgasse em veneno após tê-la subestimado durante anos.

Então, tão quieta e astuta como sempre, Andrômeda Black abandonou sua casa, seu nome, sua linhagem e se tornou Andrômeda Tonks. Um golpe que nem uma única alma poderia ter antecipado. Porque Andrômeda era um sonserina. A mais perigosa das serpentes, rastejando em silêncio e destruindo sua presa antes que sua presença pudesse ser percebida.

E no calor do sol a moça se deleitou com a alegria agridoce de saber que a maior serpente gerada pela casa Black fora justamente a que envenenara seu legado “sempre puro”. Para sempre.