Belong

Ni-san


Gaara

A vontade de dormir era muito mais forte que a de ficar acordado, mas como prometi a Itachi que ficaria acordado foi o que fiz, a muito custo, no momento em que Sakura cruzou o shogi seguida pelos servos, que vinham me ver de minuto em minuto, ditando ordens, eu estava quase perdendo a batalha para o sono, ao me ver quase cair de sono ela riu, me fazendo despertar um pouco mais.

Mesmo com o quarto parcialmente cheio olho ao redor procurando Itachi, que não está aqui, tento me levantar, mas a vertigem me faz sentar na cama rapidamente, isso causa um alvoroço no qual mal presto atenção, devido ao enxame de abelhas que está zumbindo sem parar nos meus ouvidos.

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─ Gaara, seja um bom paciente e não levante dessa cama até segunda ordem ─ Sakura pede, enquanto me ajuda a deitar na cama novamente ─ Shizune por favor prepare uma grande jarra de água fervente e todas as outras coisas que eu te pedi por favor.

─ Hai Sakura-san ─ Shizune que, apesar de ser muito mais jovem que Chiyo-sama me lembra muito a ela no seu cuidado e disposição para comigo.

Antes de sair Shizune faz uma mesura, que eu retribuo com um leve acenar de cabeça, que faz tudo girar perigosamente.

─ Onde está Itachi? ─ Minha voz sai completamente distorcida pela rouquidão.

Sakura sorri e prepara uma pasta aquosa de um verde esquisito e cheiro muito duvidoso

─ Ele recebeu um chamado urgente de Fugaku-sama, ele foi, apesar de não querer, daqui a pouco ele estará de volta não se preocupe com ele, agora se concentre em cuidar de você, certo? Itachi está preocupadíssimo com você.

─ Hai.

─ Certo. Para começarmos eu vou aplicar essa pasta em você, depois eu vou te dar um chá de ervas que vai revitalizar seu chakra tudo bem?

─ Tudo bem.

Ela aplica suavemente por todo o meu rosto, pescoço e colo a pasta gosmenta e mal-cheirosa que é extremamente gelada, imediatamente eu sinto o alívio da febre.

─ Eu sei que o cheiro não é muito bom, mas os efeitos compensam tudo, essa planta vai ajudar em grande parte a baixar sua febre, o chá vai te ajudar a curar a febre e qualquer outra inconveniência interna que você tenha, eu vou até a cozinha ver como andam as coisas, eu volto logo quem sabe com uma sopa também, para fortalecer o seu sistema, não durma, me espere acordado.

─ Não se preocupe Sakura-san eu vou ficar acordado. ─ Ela assente com a cabeça e parte para fora do quarto em direção a cozinha.

É muito mais fácil falar do que fazer, com o conforto provido pela pasta gosmenta que aliviou a febre, a vontade de dormir para recuperar as energias perdidas veio rápida e forte, decidido a não dormir novamente e perder parte importante do tratamento, além de querer esperar Itachi acordado para saber como foi o encontro com Fugaku-sama, eu visto uma yukata leve e me ponho de pé.

Sempre que eu ficava doente, não importava se era algo muito grave ou um simples resfriado, a doença sempre drenava minhas energias como agora, mesmo sendo uma febre repentina me sinto sem forças com certeza a sopa que Sakura falou que vai trazer é uma ótima ideia.

Depois de vestir a yukata, saio do quarto, dou apenas alguns passos em direção a cozinha quando escuto um barulho alto vindo dos fundos da casa, me pergunto se Itachi voltou, desisto de ir até a cozinha, me dirijo para os fundos da casa esperando ver Itachi.

Espero que a conversa entre ele seu pai tenha ido bem, não quero que a relação deles seja destruída por minha causa, sei o quanto Itachi ama seu pai, seria muito triste vê-los longe um do outro.

Fiz o caminho a passos lentos, tomando o fôlego sempre que este me faltava ao chegar no jardim ele me parece diferente do dia do anterior, molhado e mais bagunçado do que ontem, com a terra e as plantas remexidas e fora do lugar e algumas manchas avermelhadas na terra, desço alguns dos degraus pisando os pés vestidos com as suripas no jardim no exato momento em que um dos guardas é jogado aos meus pés.

Com o susto caí para trás, ele parece prestes a desmaiar seus olhos cheios de terror e medo.

─ Gaara-sama fuja… ─ Diz segundos antes de desmaiar eu acho.

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Contenho a vontade de tocar em seu rosto, com medo de descobrir a verdade por trás de seus olhos fechados e o sangue que escorre por seu pescoço, me levanto seguindo o seu conselho de fugir.

Correr não é realmente uma boa opção, mas tento mesmo assim, apenas para ser detido, antes mesmo de alcançar a varanda por um invasor usando uma máscara medonha de madeira pintada com a face de um demônio.

Dou um grito e tento lutar contra o agressor, mas não tenho muita chances contra ele, que me domina rapidamente ao contrário do que imaginei ele não me mata imediatamente, ele aproxima um pano com um cheiro fortíssimo de ervas do meu nariz, pressionando o pano contra ele, me obrigando a inalar o cheiro das ervas, que em questão de segundos me deixa amolecido e com sono muito sono.

Apesar do sono eu não adormeço completamente, estou preso em uma semi-consciência que me permite ver o que acontece ao meu redor, mas não interagir, já que não tenho forças para isso.

Meu corpo é pego no colo com mais delicadeza do que esperava, quando minhas pernas cedem a fraqueza causada pelas ervas e ampliadas pela minha recente febre, os braços do invasor passam ao redor das minhas costas e embaixo do meu joelho em um aperto firme que não machuca.

Vejo quando os servos aparecem na varanda, alertados pelo meu grito e param imediatamente ao me verem a mercê de um invasor desconhecido, eles não lutam e nem poderiam, não contra alguém que conseguiu invadir as terras do clã Uchiha e passar pela guarda que Itachi montou ao redor, para a minha proteção.

Luto contra os meus olhos que insistem em se fechar a cada poucos segundos, estou com tanto sono que é uma tentação tão grande, está além do meu poder manter os olhos abertos apenas sinto a movimentação que o mascarado faz, ele corre muito rápido e veloz tão parecido com o… me esforço a abrir os olhos, nem que seja por alguns segundos.

Depois de um tempo, tudo o que consigo ver é o céu escurecendo rapidamente e o verde da floresta, antes da escuridão me levar de vez.

»

O primeiro sentido a despertar de vez é a audição, onde quer que estejamos é silencioso, somente o barulho da chuva caindo quebra o silêncio sepulcral em que estamos, o segundo é a visão ainda estou com sono, mas já consigo manter meus olhos abertos sem esforço, estou deitado e tudo o que vejo ao abrir os olhos é o teto de uma caverna, cheio de estalactites pontudas apontando para baixo.

Ao me mexer percebo que o chão abaixo de mim não é duro ou frio, e sim macio e quentinho, sento rapidamente querendo entender o que está acontecendo, eu estava deitado embaixo de um cobertor, mas não era qualquer cobertor, ele era o do meu quarto em Suna.

Mas o que está acontecendo aqui?

A pasta gosmenta e mal cheirosa foi toda retirada do meu rosto, minha yukata agora está complementada com um caso e em mim não há um único arranhão, isso está tão estranho, também não há nenhum sinal do mascarado.

Levanto sentindo ainda um pouco de fraqueza que ignoro, preciso voltar para casa, Itachi deve estar tão preocupado comigo.

É preciso apenas uma olhada na caverna para perceber como ela é enorme, então ele poderia estar escondido em qualquer lugar, tento deixar bem escondido dentro de mim o medo e o desespero que querem se apoderar de mim, é verdade que eu como ômega não posso fazer muito, principalmente se o meu agressor for alfa como imagino que seja, apesar dele estar sem cheiro algum que me indique qual é a sua casta exata, mesmo com todas as possibilidades contra mim não vou desistir, não quando tenho alguém me esperando para voltar pra casa.

Saio do lugar, sempre observando ao redor procurando pelo alfa e por qualquer coisa que sirva de arma, o melhor que consigo é uma rocha enorme e pesada que tenho que carregar com as duas mãos, com certeza isso vai causar um bom estrago.

Ando uns bons metros antes de ver uma luz difusa emergir da entrada da caverna, assim como o barulho de água ficar mais forte, não só o da chuva que cai forte, mas o de água corrente, como se estivesse próximo de um lago, Itachi me falou uma vez que na floresta que fazia parte das montanhas que cercam a propriedade existia um grande rio que cruzava toda a floresta, levando direto para perto das casas, era desse rio que vinha a nossa água.

O barulho não está muito longe, então eu só preciso sair daqui e seguir o barulho, tarefa muito mais fácil de falar do que fazer, já que a figura mascarada resolveu aparecer, carregando uma cesta enorme nas mãos bem na hora.

Meu primeiro impulso é ficar paralisado, o que dura só uns segundo quando lembro do porque meus braços estão doendo, a pedra que estou carregando, a ergo o mais alto que posso tentando pegar impulso antes de lançá-la contra o meu alvo, que não estava esperando que eu fizesse isso, já que ele se move lento demais permitindo que eu acerte o seu braço bem na altura do ombro.

─ Ai isso dói. Gaara, qual é o seu problema?

Essa voz, eu conheço essa voz é o…

─ Kankuro?

Ele retira a máscara, depois que a cesta cheia de frutas cai no chão.

─ Sim, sou eu, seu irmão, por quê fez isso?

─ Por que você me sequestrou! O que você esperava que eu fizesse? ─ Estou furioso e um pouco tonto com tudo isso ─ E isso nem é a pergunta mais importante, o que você está fazendo aqui?

─ Eu vim salvar você ou você achou que eu te deixaria aqui com aquele alfa.

Sua resposta faz parte da irritação ir embora, e uma vontade absurda de rir dessa situação toda surge, tudo bem um grande problema a menos, Kankuro não vai me machucar, assim que eu explicar tudo ele vai me levar de volta para Itachi.

Me aproximo dele que ainda está parado na entrada da caverna com a mão no ombro ferido.

─ Eu sinto muito pelo seu ombro, eu achei que você fosse alguém que queria me machucar ─ Digo depois de abraçá-lo com cuidado para não machucar o seu ombro ainda mais, Kankuro apoia o queixo na minha cabeça aproveitando que sou menor que ele como fazia desde que éramos crianças ─ Senti sua falta.

─ Também senti sua falta baixinho, agora nós vamos ficar juntos, eu vou te levar para um lugar seguro longe daqui.

Ao ouvir nossos antigos planos me afasto dele.

─ Eu não vou embora ani-san, eu vou ficar aqui.

A testa de kankuro se enruga, criando uma expressão assustadora no seu rosto pintado de roxo com os traços tradicionais de Suna.

─ Gaara, aquele louco não vai machucar você, eu sei que demorei, me desculpe por isso, agora eu estou aqui e não vou deixar ninguém te machucar, só estou esperando a chuva passar para te tirar daqui.

A parte da raiva que passou volto, assim que escuto como ele se refere a Itachi, acerto um tapa no seu outro ombro, o que não está machucado.

─ Não fale assim do meu marido! Ele não é essas coisas que dizem por aí.

Durante um minuto que mais pareceu uma eternidade tudo o que Kankuro fez foi me observar atentamente, aposto que nenhum movimento que eu fiz por menor que fosse passou despercebido a ele.

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─ Ni-san, pode por favor parar de me olhar assim.

Kankuro não me respondeu com palavras, apenas tocou meu rosto.

─ Ele te trata bem? Não te machuca? O que era aquele unguento esquisito na sua cara? Você gosta dele?

─ Oh, o unguento, eu tomei um pouco de chuva ontem e acabei acordando com febre hoje, Itachi foi chamar a Sakura-san, que é médica, ela estava me tratando quando você apareceu e me sequestrou ni-san. No começo eu realmente achei que ele fosse tudo o que Raza disse, mas dia após dia ele tem se mostrado um alfa bom e gentil, que me trata com muito amor, ni-san ele é totalmente diferente do que ouvimos.

─ Cert,o isso é bom e me deixa aliviado, quando você partiu eu temi tanto por você otouto ─ Ni-san sorri e me puxa para um abraço apertado, mesmo que isso machuque o seu braço. ─ Então a minha vinda até aqui foi à toa, você não precisa que te resgate.

─ Claro que não foi à toa, eu estou feliz em te ver, também senti muito a sua falta, só seria melhor se você não tivesse me sequestrado, Itachi deve estar louco de preocupação.

─ Bom me desculpe por isso, eu realmente achei que você estava em perigo, por isso eu não podia entrar aqui pela porta da frente e dizer, ei eu vou levar o meu irmão.

─ Eu sei ni-san, não vamos pensar nisso por enquanto, Itachi é muito compreensível, depois que explicarmos tudo ele vai entender, agora vamos voltar para casa tudo bem?

─ Eu sei que você quer muito voltar mas, temos que esperar a chuva passar, não quero que fique ainda mais doente, estou me sentindo um péssimo ni-san, por ter interrompido o seu tratamento, eu prometo que assim que a chuva parar eu te levo de volta.

Eu queria ir logo para casa mas, sei que o ni-san está certo.

─ Tudo bem.

─ Agora me conte tudo o que aconteceu desde que deixou Suna.

Sinto minhas bochechas arderem depois de responder a última pergunta de Kankuro.

─ Ótimo saber disso, realmente acalma minhas preocupações, estou tão feliz por você otouto, por ter encontrado um companheiro que te ama e respeita ─ Ele sorri abertamente, segurando minhas mãos que estão um pouco frias dentro das suas para esquentá-las.

─ Hai, hai ─ É tão esquisito falar sobre isso com meu irmão, tudo o que quero é mudar de assunto ─ Agora me conte como você entrou aqui, a segurança aqui é tão forte e há sempre tantos guardas, como passou por eles, não me diga que os matou?

Ni-san faz uma cara estranha e confusa, um arrepio que não tem nada a ver com o frio que está fazendo agora desce por minha espinha.

─ Estranho você dizer isso, passar pela segurança não foi difícil, quase não havia guardas e os poucos que haviam pareciam ser totalmente inexperientes no serviço, não foi necessário matá-los, apenas fazê-los dormir com um pouco de pó de papoula foi o suficiente, o lugar em que foi necessário lutar foi quando cheguei na casa do Uchiha, ali sim havia guardas bem treinados ─ estou prestes a perguntar se ele matou alguém, quando ele ergue a mão me impedindo de falar ─ E não se preocupe não matei nenhum deles, apenas lutamos um pouco.

Em parte fico aliviado por ni-san não ter matado ninguém, a outra parte está totalmente preocupada, em todos os dias em que estive no clã Uchiha não houve um único dia em que estas terras tenham ficado sem guardas, com certeza tem algo errado acontecendo e só pode ter a ver com os dissidentes que querem a cabeça de Itachi.

Fico de pé em um instante, ignorando a tontura, ni-san também acompanha meus movimentos, ficando de pé logo em seguida.

─ Nós precisamos voltar, tem alguma coisa errada, Itachi precisa saber disso ni-san, eles podem fazer alguma coisa contra ele, ele precisa saber.

Ni-san está ainda mais confuso e não há tempo para explicar, precisamos voltar logo antes que seja tarde demais, puxo ni-san pela mão até a saída da caverna, por sorte a parte mais forte da tempestade já passou, agora o que cai é uma garoa fina.

─ Agora não há tempo, quando chegarmos lá e tudo estiver bem eu explico, agora vamos.

Corremos separadamente seguindo o curso do rio que vai nos guiar para casa por um bom tempo, porém logo eu fico cansado e ni-san me coloca em suas costas como se eu fosse um bichinho, como fazia quando eu era criança e estava machucado demais para conseguir andar, ni-san sempre me carregava por onde eu quisesse ir.

Com ni-san correndo em alta velocidade como só os alfas podem fazer, a floresta se torna um borrão indistinto e o som do rio caudaloso some e tudo o que resta é o som da sua respiração ofegante pelo esforço.

O som da sua respiração é encoberto pelo som alto dos trovões que ecoam pelo céu assim que a tempestade retorna com força, assim como os trovões se misturam com os uivos de grandes lobos ofuscam a força da natureza.

A nossa frente há um grande lobo cinza com uma cicatriz que cobre a parte direita do seu rosto atingindo até mesmo o olho que possui a íris esbranquiçada.

Seus olhos animalescos dizem uma única coisa: morte.

─ Se prepare para correr Gaara. ─ Ni-san sussurra bem próximo ao meu ouvido, depois que me tira de suas costas.

Assinto com a cabeça sabendo que é inútil discutir com ele, quando seus olhos assumem uma expressão tão determinada quanto essa, que significam apenas uma coisa ele vai lutar até o fim para me proteger e se eu quiser que ele volte vivo preciso ficar seguro.

Olho a floresta tentando achar qual é a melhor rota de fuga, quando mais lobos de olhos famintos aparecem nos cercando.

Um raio cruza o céu e atinge uma árvore perto, muito perto de nós, no exato momento em que os lobos partem para o ataque.