Exame Ômega

Fim do Exame Ômega?


— Eu não entendo como vocês perderam o seu irmão! — Reclamava Michael para os seus dois filhos, enquanto o trio seguia para fora da mansão. A escuridão já se apossava do céu. A lua crescente exibia-se majestosa na abóbada celeste. O segundo dia do Exame estava praticamente terminando, o jantar logo seria servido e...Andrey havia sumido!

— Na verdade, não sabia que era nosso dever ficar de olho nele. — Rezingou Albert — Esqueceu que ele é adulto o suficiente para se cuidar sozinho?

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— E perder um alfa do tamanho do Drey-Drey? Só se fossemos cegos! — Completou Alphonse enfiando as mãos nos bolsos de seu sobretudo. A temperatura havia baixado alguns graus Celsius, algo que tipicamente ocorria naquela região.

— Ora, se ele é tão grande assim...Como explicar o fato de vocês não terem o visto toda a manhã e parte da tarde? — Papa olhou para os seus filhos com ar de reprimenda.

— Não somos babás do Drey-Drey! — Frisou o ômega mais novo — Ainda mais, também estamos ocupados com nossos próprios assuntos. Tenho um bebê para cuidar, o seu neto, ou você esqueceu?

— Certo. Peço perdão por isso... — Focou sua atenção no seu filho beta que assobiava alegremente o som de uma música qualquer.

— O que? — Inqueriu, erguendo as sobrancelhas, assumindo uma expressão de surpresa.

— Sua desculpa.

— Primeiro, eu não sabia que tínhamos alguma função nesse Exame a não ser torcer para o meu irmão. Normalmente, você coloca pessoas responsáveis para tomar conta dos outros... Então...

— Ok! Já entendi. — Michael soltou um suspiro, contrariado — A questão é que me preocupa esse sumiço...

— Mas você deve entendê-lo, papa...Com a nossa casa repleta de ômegas loucos para atacarem meu irmão (no ponto de vista sexual), consigo entender a necessidade de se afastar...

— Você está exagerando.

— Papa...Eu sou beta, isso significa que meu olfato não é lá essas coisas, se comparado a um ômega ou alfa, mas pude sentir os feromônios! Tipo, nossa casa está fedendo a ômega no cio!

— Alphonse, Modos! — Censurou Michael.

— Bem, ele não está muito errado... Não reparou que o papai também preferiu passar do dia na fazenda? Deve ser muito ruim para um alfa se exposto a tantos estímulos olfativos. — Completou Albert.

— Sem falar que vi alguns ômegas vasculhando as cuecas do Drey-Drey! Acho que estavam querendo prever o tamanho do piupiu do meu irmão...

— Alphonse... Shhh! — Papa estava realmente se arrependendo da forma como formulou aquele segundo dia de avaliação. Imaginou que tendo os ômegas pela casa, seria uma forma que os candidatos se acostumassem com o ambiente, ainda mais, tendo em vista que um deles poderia se tornar o esposo(a) de Andrey. Lógico que também planejara que com aquele contato com os ômegas despertasse algum interesse em seu filho...Que até o momento só estava participando do Exame por obrigação e sequer pretendia nomear um vencedor no final do processo. Isso seria um escândalo! Ademais de não sanar o problema da solidão de seu querido filho mais velho...

— Vamos ao armazém. — Disse resoluto — Tenho que ver como se saiu um dos candidatos do Exame e então poderemos buscar com mais afinco o paradeiro de Andrey.

— Espera...Um dos inscritos no Exame ficou responsável por limpar todo aquele galpão? Papa...Ninguém limpa aquilo há anos! Aposto que a poeira deve ter começado a ganhar vida e produzir monstros de lixo! — Declarou Alphonse aterrorizado, sempre tivera receio do armazém da família, afinal entulhos de gerações de Morgantein se aglomeravam ali. Quiçá não encontraria ossos de algum antepassado em meio a mobília velha e teias de aranha? Só em pensar nisso lhe dava calafrios.

— Papa...Você colocou o tal de Mikhail lá, não foi? — Albert estreitou os olhos enquanto fitava o seu pai ômega.

— Ora, talvez... — Tentou parecer indiferente, mas era meio difícil quando estava sobre o olhar sagaz de seu filho ômega.

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— Isso é muito injusto. Você pode até não concordar com o ponto de vista dele, mas não é correto prejudicá-lo no Exame.

— Albert, ele nem queria participar do Exame Ômega. Se seu irmão não o tivesse feito passar para a próxima fase...

— Se Drey-Drey o escolheu, deve ter um motivo.

Michael fez uma careta, demonstrando a sua desaprovação.

— Papa, lembre que é o Drey-Drey que deve escolher o seu parceiro ou parceira e não você.

— Eu sei. — Fez biquinho, emburrado. Albert rolou os olhos com aquela ação infantil, as vezes parecia que Michael agia mais como uma criança mimada do que um adulto que já criara três filhos. Vale salientar que nenhum dos três filhos parece seguir o padrão previsto pelo sistema ABO.

— Sabe o que seria engraçado? Se o Drey-Drey estivesse neste mesmo armazém, dando uns amassos no ômega que o papa não gosta. Isso seria, tipo, ironia do destino! — Disse Alphonse dando uma risada. Contudo, ao invés de seu papa o acompanhar no momento descontração, tal como Albert (que estava gargalhando), o ômega mais velho parecia ter ficando com uma expressão ainda mais séria.

— Vamos logo ao armazém! — Exclamou com urgência, correndo em direção ao galpão.

Seus filhos trocaram olhares confusos, mas preferiram guardar os questionamentos para mais tarde. Correndo, foram atrás de seu nervoso papa rumo ao armazém.

~***~

Dando uns amassos. Normalmente, quando um ômega e um alfa que demonstraram atração um para o outro, se presume que a próxima etapa seria a cópula ou mesmo dar uns amassos. Esse era um outro mito disseminado pela a população como fosse verdade, apesar de os alfas e ômegas serem sim muito ligados aos seus instintos, sendo isso atrelado a sua sensibilidade sensórias, isso não significa que eles jogam fora a racionalidade devido a mudanças de feromônios.

Andrey sabia disso, mas não podia negar um certo desapontamento por não se deixar levar pelos seus desejos. Era um alfa sensato, o que significava que era melhor se guiar com sua cabeça de cima do que sua cabeça de baixo. Ainda mais, Micha parecia fazer questão de distraí-lo com assuntos diversos...

— Cor preferida? — Lançou a pergunta, Mikhail. Que no momento estava amarrando o quinto saco de lixo produzido pela limpeza do armazém.

— Hã? — Andrey que espanava uma escultura, franziu o cenho para fitar o seu companheiro de faxina.

— Qual a sua cor preferida?

— Azul. — Respondeu com certa relutância.

— Sua vez. — Micha o encarou, com expectativa.

— Er...E qual é a sua cor preferida?

— Uma chama infernal!

— Não creio que isso seja uma cor.

— Na verdade é um degradê de cores, tipo o amarelo, vermelho e o azul!

— Então, é um conjunto de cores e não uma cor só. — Concluiu Andrey com um sorriso nos lábios.

— Ah! Que seja! O que importa é o formato de chama! O fogo! Tenho vários casacos com tons de fogo no meu armário! Outros são com estampas envolvendo caveiras... Esse visual com essas vestes cerimoniais não combina em nada com o meu estilo! É muito branco virginal...Principalmente levando em conta o virginal, não que eu seja, digo...Er...O branco é muito branco, entende?

Micha queria manter a conversa em uma temática neutra, mas pelo visto a sua boca gostava de soltar palavras de conotação sexual assim do nada! Seu corpo estava se rebelando contra a sua vontade. Só porque se sentia atraído por aquele alfa, não significava que iria ficar de quatro e gritar em alto e bom som “Me marque!”. Não, eram adultos e racionais.

— Acha que azul e cor de chama poderiam combinar, ou seria algo muito destoante?

— Ahh! — Exclamou o Mikhail, ao perceber que o alfa, que antes estava espanando uma escultura de um leão comendo azeitonas (acho que não deveria ocorrer no mundo real), agora se encontrava logo atrás de si — Você tem que parar com essas habilidades de teletransporte!

— E eu nem sabia que tinha essa habilidade. — Riu Andrey — Você que parece se distrair com muita facilidade...

— Eu não sou distraído, umas das habilidades de ser um lutador de kung fu é ter o foco em tudo que acontece em sua volta...

— Você luta mesmo kung fu? — O alfa inqueriu erguendo as sobrancelhas, algo que Micha começou a entender que não era sinal de surpresa e sim um indicativo que Andrey o estava provocando.

— Está duvidando? Posso te dar um golpe fatal agora mesmo...Um golpe que o fará ficar impotente. O nome do golpe do golpe é: A pipa do alfa não sobe mais!

— Que assustador. — Andrey sorriu, não era o tipo de reação que Micha estava esperando.

Ele está demasiado perto! Alertou a parte racional de seu cérebro, mas o alerta mais pareceu um sussurro distante do que um real sinal de perigo.

— Não tem medo de ficar impotente?

— Acho que não seria só eu a sair perdendo com esse poderoso golpe, sabe? E devo dizer mais, seria uma grande perda. — Estavam praticamente colados um no outro. Cheiro de feromônio os envolviam de formo entorpecente.

— Uou...Alguém está se achando muito. — Riu Micha, cutucando com a ponta do dedo o meio do peitoral do alfa — Estou achando também que está a fazer uma propaganda enganosa...

— Só há um meio de descobrir isso, não?

— Hum...Não sei... — Seu dedo navegou para baixo, passando com cuidado por cada “degrau” que compunha o músculo reto do abdômen. Afinal a camisa fina que Andrey usava, deixava pouco espaço para a imaginação — Acho que antes de fazer a verificação, unicamente visando fins científicos...

— Científicos? Lógico... — Gracejou Andrey.

Micha continuou falando ignorando comentário do alfa, seu dedo já descia para uma zona relativamente perigosa, o fim do abdômen e início da virilha. Seu trajeto, entretanto, foi interrompido pelo cinto e também pelas calças jeans.

— ...Seria interessante fazer um outro tipo de análise.

— De que tipo? — Quis saber, sua respiração estava entre cortada, sua voz mais grave. Esse todo era o efeito que Mikhail causava nele...Aquele ômega iria enlouquecê-lo!

— Fico imaginando se você beija bem ou também poderia ser uma outra propaganda enganosa?

Andrey não deu tempo para Micha terminar direito a pergunta. Tomou o rosto do rapaz entre suas mãos e o beijou com fervor. Mikhail também não ficou para trás, quando o alfa colidiu com seus lábios sobre os seus, logo entrelaçou seus braços ao redor do pescoço do outro. Praticamente escalou o corpo escultural do alfa.

O beijo continuava. Eram tão desajeitados e ao mesmo tempo tão sedentos. Tal como se estivessem por fim encontrando a fonte que saciasse um apetite interno que até o momento desconheciam a existência.

As vezes paravam para respirar. Engoliam o ar com rapidez, para depois voltarem a atacar a boca um do outro.

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Estavam tão presos em seu mundo que não perceberam que alguém batia na porta. Tão pouco, quando esta foi aberta...

E também não perceberam o grito estridente que foi emitido pela a figura misteriosa que adentrou. Não. Estavam totalmente perdidos no frenesi do momento.

Contudo, sentiram quando água fria foi lançada sobre eles.

Foi como despertar de um sonho...

— Deuses...Se controlem, vocês sabem que estão se pegando em meio ao lixo? — Disse o ômega que segurava um balde cheio com mais água, uma ameaça silenciosa que iria jogar novamente sobre o casal de enamorados.

Mikhail piscou os olhos, uma vez e uma vez mais. Percebeu que estava sem camisa...Quando era que tinha tirado? Andrey também tinha perdido a mesma peça de vestuário. E eles nem estavam em pé! Tinham se caído ao chão em alguma etapa do beijo acalorado. Talvez, eles tivessem deixado as coisas rolarem para algo bem mais do um mero beijo.

Um beta ria de forma descontrolada.

— Isso...Isso foi tão hilário! Eu sou um gênio! Não! Eu sou médium! Só pode! Descobri a minha vocação!

— Alphonse, calado.

— Q-quem... — Micha cobriu o peitoral com as mãos, se sentindo estranhamente exposto a aqueles estranhos.

— Meus irmãos mais novos: Albert e Alphonse. — Apresentou Andrey apontando para o ômega e beta, respectivamente, ao mesmo tempo que trazia Micha para mais perto de si e o envolvendo com os seus braços o trêmulo ômega. Normalmente Mikhail iria reclamar sobre aquela demonstração de afeto em público (sempre foi meio arisco a esse tipo de coisa), mas desta vez iria deixar passar... O corpo de Andrey era por demais confortável, mesmo com todo aqueles músculos.

— Esqueceu de mais alguém. — Lembrou Albert apontando para o referido alguém que continuava na entrada da porta.

— O que significa isso? — Michael pronunciou cada palavra por entre os dentes.

Ele deveria parar de ficar rangendo os dentes, não é bom para a saúde bucal. A mente de Micha resolveu tecer comentários irrelevantes, talvez fosse uma forma de fuga da situação embaraçosa/perigosa/estranha em que se encontravam.

— O armazém está praticamente limpo! — Resolveu anunciar Micha, pois era verdade, tinham feito um bom trabalho ali, algo que deveria também ser notado, apesar das poucas roupas que usava e do evidente flagrante de estar dando uns amassos no Alfa que era o responsável pelo Exame Ômega.

Michael voltou seu olhar para Micha, claramente sua expressão transitava entre estar confuso ou estar ao ponto de esganar o ômega.

Albert levou a mão a boca, tentando abafar uma risada. Alphonse não tinha vergonha de gargalhar, ao ponto de cair ao chão segurando a sua barriga.

— Você acha que passou no teste, é isso? — Sinceramente, Michael estava quase rosnando. Seria o primeiro ômega rosnador da história.

— E ele passou. — Declarou Andrey, para a surpresa de todos.

— Drey-Drey? Você não pode... Digo...Ele pode ter te seduzido e...

— Papa, você sabe que não sou o tipo de Alfa que me deixo dominar só pelos instintos. Se beijei o Micha...

— E tirou parte da minha roupa. — Teve que adicionar o menor.

— E... — Pigarrou Andrey — Tirei parte da roupa dele...É porque eu quis, na verdade... Ambos quisemos.

Micha deu um sorriso tímido e Andrey deu um beijo no toco dos cabelos cinzentos do rapaz.

— Awn...Que fofo! — Opinou Alphonse.

— E o Exame Ômega? E os outros ômegas? O que devo dizer a eles? Ainda tinha mais testes a serem feitos! — Quis saber Michael que estava ao ponto de ter um ataque de nervos.

— A resposta é bastante óbvia para todas essas perguntas. Já encontrei o meu ômega. O Exame acabou.

Aquilo foi demais para Michael que acabou por desmaiar diante do novo casal feliz...

O Exame parece que tinha dado certo...Mas não do modo como Michael tinha previsto.