You again

Cork


Cheguei a Cork, depois de 4h de viagem. Apesar de dormir em ônibus ser a minha maior habilidade, não consegui pregar o olho nem por um segundo. Tentei de tudo: ler, ouvir alguma música que não me conectasse de maneira nenhuma a ele, assistir alguma coisa no Netflix. Nada disso se mostrou eficaz em afastar o fantasma Alex da minha cabeça.

Encontrei a dona do apartamento que eu iria alugar, parada bem na entrada do prédio. Uma senhora irlandesa com o sotaque mais puxado que eu já havia ouvido na vida. Super atenciosa, me entregou as chaves e se despediu.

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Eram 2:30h da manhã. Eu estava trincando os dentes de tanto frio. É óbvio que as roupas do Brasil não iriam segurar aquela temperatura. O que eu estava esperando?

Subi as escadas. No corredor, uma decoração assustadora. O apartamento era minúsculo, o tamanho perfeito pra mim. Menos espaço, menos sujeira. A proprietária havia reformado recentemente, o espaço era acolhedor. Uma espécie de loft, sem quartos, com uma cozinha aberta para a sala/quarto e uma janela imensa.

— Home sweet home!— exalei, me jogando na cama.

Apalpei os bolsos buscando pelo meu celular. Tanto esforço pra nada: descarregado. Coloquei o telefone para carregar enquanto ligava o meu notebook. Graças ao bom Deus a proprietária já havia se encarregado de por wifi e outras facilidades nos últimos meses.

Ranquei minhas roupas enquanto entrava no banheiro. Precisava desesperadamente de um banho quente. Fechei os olhos, a água quente caindo no meu rosto. E advinha de quem eu lembrei? Pois é. Eu tinha tanto pra fazer, tanta coisa pra resolver, e tudo que vinha a minha mente era relacionado a ele.

Saí do banho, fiz uma tremenda bagunça na minha mala pra encontrar um pijama quentinho. Meu celular já estava com 10% de bateria, o suficiente para eu ligá-lo. Recebi todas as mensagens das últimas horas de uma só vez. Deitei sob as cobertas e caí no sono enquanto verificava as mensagens do Whatsapp.

Acordei no susto com o celular vibrando. Disse pra mim mesma: "eu vou matar quem ousou me mandar mensagem às.. que horas são mesmo? 4 da manhã!". Mas aí eu lembrei do fuso e ponderei que talvez não fosse uma situação tão bizarra assim pro remetente.

Percebi que a mensagem era de um número desconhecido. Com o olho meio fechado, sendo cegada por aquela luz branca da tela do celular, abri o Whatsapp com dificuldade.

"Hi, just wanna check if you got home safely. Hope I hadn't wake u up, I know how you hate that... anyway, don't wanna be too annoying. Whenever u wanna talk.."

Odeio dizer que senti um mix de alegria e ódio. E a palpitação então nem se fala. Embora eu tenha achado a mensagem do Alex digna de um stalker psicopata, visto que ele supostamente não tinha o meu número, não resisti a responder. Tinha prometido a mim mesma que não ia mais dar trela pra ele, mas dar um gelo nele de novo era demais pra mim.

— Hey. Just got here.. thanks for asking. :)

— :)

— How the hell did u get my number? --'

— I talked to Matt, who talked to Alice.. u know that I can be really persuasive when I want :p

— I do.. those two are still in touch?

— Yeah yeah, I guess.. something about that product in which they're working together.

Fiquei com o celular na mão pensando "você já fez sua parte, se despede e vai dormir. Anda. Go, go, go"

– Can we meet this weekend? You know that u mean a lot to me, and I wish we could be at least friends.

Saí do whatsapp sem responder. Eu realmente queria conseguir perdoá-lo, queria esquecer tudo. Queria que fôssemos amigos. Mas eu tinha noção que isso seria doloroso demais pra mim. Eu não queria pôr a minha saúde mental à prova, de novo.

Preguei os olhos e o celular apitou de novo. A minha curiosidade era muito maior que o meu orgulho e óbvio que fui correndo olhar (naquele esquema meio sem desbloquear o celular, pra pessoa não saber que você visualizou).

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— I'll be at The bookshelf coffe house, tomorrow around 19:00. I'm sure u now where it is.. wait u there. ps: don't pretend u are not reading cause I know u very well (:

Não consegui mais dormir.