Cicatrizes e Flores

Capítulo XXI


— Vocês já sabem o que são duelos. Hoje vamos falar dos dois “caminhos” possíveis. — Disse Draco, ainda sentado na mesa, encarando os alunos. — O formal e o informal.

— No duelo formal, seguiremos todas as regrinhas chatas. Só métodos mágicos serão utilizados, e haverá um segundo participante de cada um dos lados, que vai tentar assegurar se as regras estão sendo seguidas. É ele que vai entrar no duelo caso seu companheiro esteja incapacitado de lutar, mas não quer se render. — Disse Harry. — Um duelo normalmente acaba quando um lado está incapacitado.

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“Parece que Potter fez o dever de casa”, Draco pensou. — Os duelos informais… — Continuou o moreno. — São os mais divertidos, e também os mais perigosos. Normalmente começam no calor do momento e não seguem nenhuma regra; tanto métodos mágicos quanto não mágicos são utilizados, e é o tipo de duelo em que estamos mais acostumados.

— Muitos bruxos e bruxas morreram por conta de duelos informais, então eu não recomendaria que vocês participassem. — Disse Draco. — Vamos ensiná-los a duelar da maneira formal, mas saibam que não vamos ensiná-los maldições. — Algumas pessoas da sala pareciam decepcionadas. Draco se irritou. — Ninguém precisa saber maldições, e vocês não são a exceção. Agora, formem duplas para que possamos começar a aula.

Draco não entendia como depois de tudo que aconteceu no mundo bruxo, aquelas crianças ainda queriam aprender maldições.

— Por que não vamos aprender maldições? — Um sonserino perguntou, parecendo irritado.

— Porque isso é uma aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, não de Artes das Trevas. — Disse Malfoy, cruzando os braços.

— Como se você nunca tivesse lançado uma. — Disse o mesmo sonserino.

A classe inteira se silenciou, e o garoto da Sonserina estremeceu com o olhar que Draco lhe mandou. Seus olhos cinzentos como nuvens de chuva encararam o segundanista com uma frieza que somente um puro-sangue da Sonserina seria capaz de conjurar. Somente um com o sangue dos Black e dos Malfoy correndo em suas veias, somente aquele que teve o Lorde das Trevas vivendo em sua casa, somente aquele que viu a morte e a tortura e a injustiça e a escuridão.

— Eu vou contar uma história para vocês. — Disse Draco, se aproximando do segundanista. — Durante a maioria dos meus anos de Hogwarts, eu vivi em paz. Eu não tive que me preocupar com uma guerra iminente, porque meus pais tinham certeza de que Voldemort não retornaria. — Os alunos ficaram tensos ao ouvir aquele nome, mesmo que o Lorde das Trevas já tivesse perecido. — No meu quarto ano, Potter jura que ele retornou. No sexto ano, meus pais confirmam o que ele disse. No meu sétimo ano, ele quer me iniciar, quer que eu me torne um Comensal. Sabe qual era a minha missão? O meu “ritual de iniciação”?

O segundanista balançou a cabeça.

— Matar Dumbledore. Era isso que eu tinha que fazer. — Disse Draco, sem deixar sua emoção transparecer. Não queria que aqueles segundanistas vissem o quanto ele era afetado por aquele assunto. Não queria demonstrar fraqueza; nem para eles, nem para Potter. — E eu tentei. De todas as maneiras. Colares amaldiçoados, garrafas envenenadas. O máximo que eu lancei para cumprir essa missão foi um Imperius. Quando tudo deu errado e o tempo estava acabando, eu o confrontei na Torre de Astronomia. — Draco soltou um suspiro. — E eu não consegui.

A sala toda ficou em silêncio.

— Mas… ele morreu na Torre de Astronomia! Como sabemos que você não está mentindo? — Disse uma aluna da grifinória.

Foi a vez de Harry intervir. — Ele não está mentindo. Eu estava lá. — Disse ele, desencostando-se da parede, de onde observava tudo. — Quem matou Dumbledore não foi ele, mas sim Severo Snape. Pensei que as pessoas já soubesssem.

— Nem todo mundo tem uma capa de invisibilidade para se esconder e observar os momentos importantes, Potter. — Draco torceu o nariz, virando as costas para o segundanista que o havia desafiado. Virou-se para olhar Harry Potter. Os olhos verde-esmeralda do moreno se arregalaram, e ele ergueu a varinha.

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Expulso! — Uma voz atrás de si entoou. Ao mesmo tempo, Harry gritou:

Expelliarmus!

Draco sentiu o feitiço passar de raspão por seu braço, atingindo uma das carteiras ao seu lado, que explodiu violentamente. A onda de choque foi tão grande que lançou Malfoy para o outro lado da sala, junto com alguns alunos que estavam próximos.

O loiro bateu a cabeça em uma das paredes e caiu no chão, sua visão turva. Ele piscou com força, tentando fazer com que seus olhos focassem em alguma coisa. Ele se sentiu tremendamente tonto e ele ouvia vozes, mas não conseguia distinguir direito o que elas falavam, devido às dores em sua cabeça.

Ele piscou, e de repente o rosto de Potter estava por cima dele. Havia uma mão quente em seu rosto, mas todas as sensações pareciam distantes. Alguém o ergueu, forçando-o a se apoiar na parede. Ele sentiu suas pernas falharem.

Alguém passou um de seus braços por cima dos ombros de alguém. Uma mão envolveu-lhe a cintura, e os dois começaram a andar.

Draco piscava com força, tentando permanecer acordado e identificar para onde estava indo. Provavelmente para a ala médica. A mão que lhe segurava a cintura tremeu, fazendo com que o loiro olhasse para o lado, identificando uma forma embaçada que se parecia muito com Harry Potter.

Não demorou muito para que ele chegasse até a enfermaria e fosse - literalmente - jogado em uma maca. O rosto difuso de Madame Pomfrey surgiu em seu campo de visão, e ela começou a apalpar a sua cabeça, checar os seus olhos, e outras coisas médicas. Draco sentiu um extremo desconforto no estômago, e não deu tempo de avisar a ninguém antes que ele vomitasse em cima de si mesmo.

Examinando rapidamente o quarto, ele viu uma legião de segundanistas o encarando, junto com Harry Potter, que parecia, pelo que os olhos de Draco eram capazes de discernir, furioso.

A porta se abriu e a Diretora adentrou. — Quem foi o responsável? — Ela perguntou, elevando a sua voz.

Os alunos apontaram para o Sonserino que havia jogado o feitiço, enquanto alguns sussurravam o seu nome. — Senhor Yaxley, eu espero que entenda a gravidade do que acabou de fazer. Você não só jogou um feitiço em um professor, como também tentou matá-lo!

— O quê? Eu não tentei matá-lo! — O menino gritou. — Eu não sabia o que o feitiço fazia!

Ele olhou para baixo no mesmo instante em que alguém jogou-lhe um feitiço de limpeza, tirando todo o vômito de cima dele. Suas roupas, porém, ainda estavam úmidas e mal-cheirosas, e Madame Pomfrey ajudou-o a tirar seu colete, a desamarrar sua gravata e a desabotoar sua blusa.

— Qual é o seu nome? — Ela lhe perguntou enquanto Harry entrava na briga de Yaxley e McGonagall.

— Draco Lucius Malfoy.

— Quantos anos você tem?

— Dezenove.

— Onde você está?

— Na enfermaria de Hogwarts.

— Eu não quero nenhuma desculpa, Sr. Yaxley! — A diretora disse, fora de si. — Se não fosse pelo Sr. Potter, você poderia ter matado o Sr. Malfoy!

“Ah, não é para tanto”, Draco pensou. Revirou os olhos ouvindo Harry dar um sermão no garoto, e foi (gentilmente) forçado a se deitar por Madame Pomfrey.

Apesar de toda a gritaria, ele fechou os olhos e adormeceu.